A gente vê de tudo neste mundo, até coisas e fatos inacreditáveis. Já vi médicos e enfermeiros refutando a Ciência, as máscaras de proteção e até vacinas. Já vi parlamentares eleitos defendendo fechamento das instituições democráticas, inclusive Câmara e Senado. Já vi advogados, promotores e juízes defendendo ditadura, AI-5 e desobediência à Constituição. Já vi estudantes para concursos e até servidores públicos se posicionando radicalmente a favor das privatizações das empresas públicas. Já vi artistas de pouco ou nenhum talento que sobrevivem do dinheiro de prefeituras apoiando censura e renegando lei de incentivo à Cultura. Já vi pastores e ditos cristãos espalhando conscientemente mentiras e defendendo com veemência a tortura e a morte de outrem. E também já vi trabalhadores defendendo e comemorando a adoção, pelos governantes, de medidas drásticas e injustas que lhe cortam direitos civis e trabalhistas conquistados a ferro e fogo pelos nossos ancestrais. É inacreditável, um verdadeiro festival de nonsense, fanatismo, de ignorâncias, paradoxos e incongruências.
Conheço um bocado de trabalhadores que, tomados pela silenciosa e terrível doença mental da alienação política, apoiam inacreditavelmente a perda dos próprios direitos trabalhistas, conseguidos sob muita luta, suor e lágrimas por guerreiros ativistas no passado. Esses pobres coitados apoiaram a reforma da Previdência que lhes impedirá, no futuro, o direito de se aposentar, ou então os forçarão a trabalhar mais e mais anos para poderem enfim descansar com uma renda mínima que lhes permita sobreviver com dignidade nos momentos finais da vida, sem depender da caridade de outros.
Por conta disso tudo, fiquei muito feliz e realizado em receber o comunicado de que o meu querido amigo Hélio Marcos Silva, de Monte Azul, bastante conhecido carinhosamente como Pimentinha, finalmente conseguiu conquistar o sagrado direito à aposentadoria. Depois de longos 40 anos de dedicação e competência no trabalho, eis que chegou o dia de ele se despedir da empresa e dos companheiros para iniciar uma nova jornada, de ócio, liberdade e esperança.
Tive o prazer e a alegria de trabalhar ao lado de Pimentinha nos anos 80 no Banco do Brasil e pude comprovar in loco a sua sagacidade, inteligência e competência. Mais adiante ele se fixou em terras paulistas onde se especializou na arte da venda de móveis e eletrodomésticos, retornando a Minas Gerais há alguns poucos anos, estabelecendo moradia aqui na nossa Montes Claros.
Agora, com a missão cumprida e o direito constitucional sagrado tornado real, resta-me somente desejar ao amigo Pimentinha muita saúde e alegria, além de o prazer de curtir a vida junto aos familiares, amigos e ao seu grande amor, Nucy Teixeira.
Aproveite a vida sem moderação, amigo! Tudibomprocê!
Para ilustrar esta postagem, procurei em meus arquivos uma foto em que estivéssemos juntos, eu e Pimentinha. Descobri, triste, que ela não existe. Espero ter a oportunidade de reencontrá-lo muito em breve, agora aposentado e "vagabundo", para registrarmos o momento de amizade em uma imagem. Que assim aconteça, para meu contentamento!
Um grande abraço espinosense.
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