Nós que nascemos no Sertão temos, quase todos, um apego emocional e irresistível às nossas origens. É um sentimento arrasador de amor demasiado intenso com o lugar em que desembarcamos milagrosamente neste vasto mundo. E quando, ao perambular "desbussoladamente" e atentos pelas cercanias da cidade, visualizamos moradias abandonadas, uma dor pungente se apossa dos nossos corações já um tanto cansados dessa caminhada terrena. Com a melancólica visão da prova concreta da deserção do sertanejo, os pensamentos questionadores sobre quem ali viveu tomam corpo na mente. Ficam as perguntas no ar. Será que aquelas construções simples e perdidas em meio ao campo, ao mato e às roças, quase sempre torradas pelo sol inclemente, abrigaram famílias felizes? Dentre aquelas paredes predominou o amor? Debaixo daquele teto, hoje corroído pelo indômito tempo, sonhos foram realizados? Ali, em algum momento, se perdeu a esperança de dias melhores e a única saída possível foi a decisão de partir largando toda uma vida para trás?
Nesse contexto de dúvidas é que chamou-me a atenção o trabalho do artista plástico potiguar Adriano Santori, da cidade de Currais Novos. O Adriano é fotógrafo, poeta, cordelista e pintor. Ele retrata em imagens e palavras a beleza crua do Sertão Brasileiro, reafirmando a força e o espírito de fé e esperança desse povo sem igual, usando de toda a sua criatividade singular e sua sensibilidade ímpar.
Adriano dos Santos Gomes da Silva nasceu em 16 de julho de 1980, em Currais Novos, Rio Grande do Norte. É formado em Letras pela UFRN, onde atuou como aluno de Iniciação Científica, desenvolvendo pesquisas sobre a Literatura do Seridó da década de 30. Ele retrata com maestria não só as moradias, mas os pássaros, as frutas, o cotidiano, as tradições e a brava gente do Sertão.
Se você quiser conhecer mais obras do artista e até mesmo comprar uma tela, basta acessar o seu site: adrianosantori.wordpress.com.
Um grande abraço espinosense.