Espinosa, meu éden

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domingo, 10 de agosto de 2025

3821 - O Samba de luto: morreu Arlindo Cruz

Faleceu anteontem, sexta-feira, 8 de agosto de 2025, aos 66 anos, o músico, cantor e compositor Arlindo Domingos da Cruz Filho. Infelizmente, o artista carioca vivia com sequelas decorrentes de um Acidente Vasculhar Cerebral (AVC) sofrido em março de 2017.


 
Arlindo Cruz se tornou, sem dúvida alguma, um dos ícones do Samba, com mais de 500 músicas compostas sozinho ou em parceria com os muitos amigos e parceiros. Nascido no Rio de Janeiro, em 14 de setembro de 1958, o virginiano descobriu a música bem cedo, nas rodas de Samba da cidade, juntando-se a outras feras como Jorge Aragão, Beto Sem Braço, Beth Carvalho e Almir Guineto na agremiação carnavalesca Cacique de Ramos. Criou vários Sambas-Enredos pelas escolas Império Serrano, Acadêmicos do Grande Rio, Unidos de Vila Isabel e Leão de Nova Iguaçu, e após ter várias de suas composições gravadas com sucesso por outros artistas e participado do grupo Fundo de Quintal e de dupla com o sambista "Sombrinha" (Montgomery Ferreira Nunis), resolveu apostar na carreira solo, o que revelou ao mundo sua ótima capacidade de interpretação musical. Compôs e gravou músicas maravilhosas como "O Show Tem Que Continuar", "Batuques do Meu Lugar", "Quando Falo de Amor", "Vai Embora Tristeza", "O Mundo Em Que Renasci", "Meu Lugar" e teve cinco indicações de álbuns ao prêmio Grammy Latino.



O Show Tem Que Continuar
Luiz Carlos da Vila, Arlindo Cruz e Sombrinha

Lalaiá, lalaiá, laiá
Lalaiá, lalaiá, laiá
Lalaiá, lalaiá, laiá
Lalaiá, lalaiá, laiá
O teu choro já não toca
Meu bandolim
Diz que minha voz sufoca
Teu violão
Afrouxaram-se as cordas
E assim desafina
E pobre das rimas
Da nossa canção
Hoje somos folha morta
Metais em surdina
Fechada a cortina
Vazio o salão
Se os duetos não se encontram mais
E os solos perderam emoção
Se acabou o gás
Pra cantar o mais simples refrão
Se a gente nota
Que uma só nota
Já nos esgota
O show perde a razão
Mas iremos achar o tom
Um acorde com um lindo som
E fazer com que fique bom
Outra vez, o nosso cantar
E a gente vai ser feliz
Olha nós outra vez no ar
O show tem que continuar
Se os duetos não se encontram mais
E os solos perderam emoção
Se acabou o gás
Pra cantar o mais simples refrão
Se a gente nota
Que uma só nota
Já nos esgota
O show perde a razão
Mas iremos achar o tom
Um acorde com um lindo som
E fazer com que fique bom
Outra vez, o nosso cantar
E a gente vai ser feliz
Olha nós outra vez no ar
O show tem que continuar
Nós iremos até Paris
Arrasar no Olimpia
O show tem que continuar
Olha o povo pedindo bis
Os ingressos vão se esgotar
O show tem que continuar
Quem duvida e hoje diz
Acabou, vai se admirar
O show tem que continuar
Lalaiá, lalaiá, laiá
Lalaiá, lalaiá, laiá
Lalaiá, lalaiá, laiá
Lalaiá, lalaiá, laiá
Nosso amor vai continuar



O Que É o Amor?
Arlindo Cruz, Maurição e Fred Camacho

Se perguntar o que é o amor pra mim
Não sei responder, não sei explicar
Mas sei que o amor nasceu dentro de mim
Me fez renascer, me fez despertar

Me disseram uma vez
Que o danado do amor pode ser fatal
Dor sem ter remédio pra curar

Me disseram também
Que o amor faz bem e que vence o mal
Até hoje ninguém conseguiu definir o que é o amor

Quando a gente ama, brilha mais que o Sol
É muita luz, é emoção, o amor
Quando a gente ama é o clarão do luar
Que vem abençoar o nosso amor

Quando a gente ama brilha mais que o Sol
É muita luz, é emoção, o amor
Quando a gente ama é o clarão do luar
Que vem abençoar o nosso amor

Se perguntar o que é o amor pra mim
Não sei responder, não sei explicar
Mas sei que o amor nasceu dentro de mim
Me fez renascer, me fez despertar

Me disseram uma vez
Que o danado do amor pode ser fatal
Dor sem ter remédio pra curar

Me disseram também
Que o amor faz o bem e que vence o mal
Até hoje ninguém conseguiu definir o que é o amor

Quando a gente ama, brilha mais que o Sol
É muita luz, é emoção, o amor
Quando a gente ama é o clarão do luar
Que vem abençoar o nosso amor

Quando a gente ama, brilha mais que o Sol
É muita luz, é emoção, o amor
Quando a gente ama é o clarão do luar
Que vem abençoar o nosso amor



No velório de Arlindo, realizado na quadra da Escola de Samba Império Serrano, no Rio de Janeiro, a família respeitou o desejo do artista de seguir a tradição do Gurufim, prática comum no universo do Samba que transforma o luto em confraternização, com música, bebida e alegria para espantar a tristeza e garantir uma boa passagem à alma do falecido. Nada mais lindo e justo!
Arlindo Cruz deixa uma história de talento, generosidade, fé, humildade e um amor completamente apaixonado pela música, especialmente o Samba. Deixou um tesouro de imenso valor que permanecerá eternamente. E só espalhou Amor por onde passou, sempre na defesa da sua ancestralidade, com total consciência de onde veio, do seu lugar, da sua gente, da sua História. Muito obrigado ao sambista perfeito. Que descanse em paz!
Um grande abraço espinosense.