A turma mais nova talvez nunca tenha ouvido falar da trupe de comediantes d´Os Trapalhões, que por muito tempo foi um tremendo sucesso na televisão e no cinema brasileiros, a ponto de se tornar o programa de humor a permanecer por mais tempo no ar (30 anos) e conquistar sete das dez maiores bilheterias de todos os tempos da história da cinematografia do país. Lembro-me bem do cinema de Espinosa superlotado, com dezenas de crianças sentadas no chão, para assistir aos filmes de Didi e sua turma. Era uma febre nacional. Como eu já ri desses caras. Humor da melhor qualidade e sem apelação.
O grupo de humoristas teve, no seu período de maior sucesso nesses trinta anos, os integrantes Didi Mocó (Renato Aragão), Dedé Santana, Mussum e Zacarias, mas outros artistas também atuaram no programa, como Wanderley Cardoso, Ivon Curi e Ted Boy Marino, além de vários coadjuvantes, entre eles Jorge Lafond, Tião Macalé (do bordão Ih! Nojento!), Roberto Guilherme (Sargento Pincel), Emil Rached, Carlos Kurt e Felipe Levy.
Os humoristas e seus personagens:
DIDI MOCÓ - Interpretado por Renato Aragão, o personagem era um cearense esperto que sempre se saía bem das situações, ao contrário dos colegas e dos inimigos. Também utilizava um linguajar bem peculiar, cheio de palavras modificadas por ele e de expressões que ficaram famosas como: "Ei, psit" ou "Ô da poltrona". Era chamado pelos outros como "Cardeal", "Cearense", "Cabecinha" ou "Cabeça-chata", referindo-se à sua condição de retirante nordestino.
DEDÉ - Interpretado por Manfried Sant´anna, era o personagem mais sério da turma e sempre funcionava como "escada" para as piadas de Didi. Sua masculinidade era sempre ironizada por Didi, que criava apelidos como "Divino".
MUSSUM - Interpretado pelo integrante do grupo musical "Originais do Samba", Antônio Carlos Bernardes Gomes, o personagem era um bem-humorado negro carioca, nascido no Morro da Mangueira e apreciador de uma boa cachacinha, a que ele denominava somente de "mé". Era conhecido também por incluir no final de algumas palavras as letras "i" e "s", resultando em bordões como "cacildis" e "forévis". Devido ao fato de ser negro, era sempre alvo de piadas e apelidos, como ser chamado ironicamente de "Maizena" por Didi, ou mesmo "Azulão", "Mumu da Mangueira" ou "Cromado", fato que hoje seria considerado politicamente incorreto.
ZACARIAS - Interpretado por Mauro Faccio Gonçalves, o personagem era um mineirinho baixinho, bastante desconfiado, de voz fina, meio afeminado, com personalidade de criança e que usava peruca.
O início do grupo se deu em 1966, na TV Excelsior, ainda com o nome de "Adoráveis Trapalhões" e com a primeira formação: Wanderley Cardoso, Ivon Curi, Ted Boy Marino e Didi Mocó. Passou depois a ser apresentado na TV Record, em 1972, com o nome de "Os Insociáveis". Em 1974, o grupo foi trabalhar na TV Tupi e assumiu ali o nome definitivo de "Os Trapalhões". Finalmente, o programa foi para a Rede Globo em 1977, já com a formação clássica com Didi, Dedé, Mussum e Zacarias, onde conseguiu um sucesso pleno e duradouro, permanecendo no ar até o ano de 1997. O programa "Os Trapalhões" estreou em 13 de março de 1977, em um domingo, antes do "Fantástico". O programa passou por muitas modificações na sua estrutura ao longo do tempo, sobretudo pelas constantes trocas na sua direção geral. O programa passou por um período delicado quando os Trapalhões decidiram se separar. Dedé, Mussum e Zacarias romperam com a Renato Aragão Produções, empresa que cuidava dos negócios do grupo, formaram sua própria empresa e optaram por seguir sozinhos na carreira cinematográfica e deixar o programa. A separação durou cerca de seis meses, período em que Renato Aragão estrelou sozinho o programa. No final de 1983, por iniciativa própria, os humoristas decidiram voltar com o quarteto.
Durante a existência do programa, o grupo perdeu dois de seus integrantes. Zacarias faleceu no dia 18 de março de 1990, de insuficiência respiratória, antes mesmo de iniciar a temporada do programa daquele ano.
Em 29 de julho de 1994, quando Mussum morreu, em decorrência de problemas no coração, Renato Aragão revelou que achou que sua carreira havia chegado ao fim. Depois de prosseguir durante um tempo, o humorista decidiu parar de gravar o programa. Nesse ano, o programa deixou de gravar quadros para exibir apenas reprises, que continuaram até a reestreia do programa, em 1995. O humorístico seria extinto definitivamente em 1997.
Para suprir a lacuna deixada pelo fim d´"Os Trapalhões", a TV Globo criou o programa "A Turma do Didi", que é apresentado aos domingos, por volta do meio-dia, com o antigo personagem "Didi Mocó" sendo o protagonista. Ele estreou em 25 de outubro de 1998. Tempos depois, em 2008, o ex-companheiro Dedé Santana voltou a trabalhar junto com Renato Aragão.
O primeiro filme d'Os Trapalhões foi realizado em 1965 e contava apenas com a dupla Didi e Dedé. Com a formação clássica (que contava ainda com Mussum e Zacarias), foram realizados vinte e três filmes, entre 1978 e 1990. Mais de cento e vinte milhões de pessoas já assistiram aos filmes d'Os Trapalhões, sendo que sete filmes estão na lista dos dez mais vistos na história do cinema brasileiro.
São eles:
4.º lugar – O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão, de 1977, com 5,8 milhões de espectadores
5.º lugar – Os Saltimbancos Trapalhões, de 1981, com 5 milhões
6.º lugar – Os Trapalhões na Guerra dos Planetas, de 1978, com 5 milhões
7.º lugar – O Cinderelo Trapalhão, de 1979, com 4,7 milhões
8.º lugar – Os Trapalhões na Serra Pelada, de 1982, com 4,7 milhões
9.º lugar – O Casamento dos Trapalhões, de 1988, com 4,5 milhões
10.º lugar – Os Vagabundos Trapalhões, de 1982, com 4,4 milhões
Os Trapalhões possuem dois livros que retratam seu trabalho. O primeiro, lançado em 1996, tem o nome "Ô Psit, o Cinema Popular dos Trapalhões", da gaúcha Fatimarley Lunardelli. A obra, com tom acadêmico, desvenda as fórmulas usadas pelo quarteto para fazer sucesso também nas salas de cinema. O segundo livro, "Os Adoráveis Trapalhões", é de 2007, e foi escrito por Luís Joly, cuja obra conta o nascimento, o auge e a separação do grupo, desde a formação original até a última fase da carreira.
Foram lançadas também revistas em quadrinhos da turma dos trapalhões pelas Editoras Bloch (1976 a 1987) e Abril (1988 a 1993).
Entre 1974 e 1996 foram lançados 17 álbuns com músicas dos Trapalhões.
São trinta e oito os filmes lançados pelos Trapalhões, de 1966 a 1991:
- Na Onda do Iê-iê-iê (1966)
- A Ilha dos Paqueras (1966)
- Adorável Trapalhão (1967)
- Dois na Lona (1968)
- Bonga, o Vagabundo (1971)
- Ali Babá e os Quarenta Ladrões (1972)
- Aladim e a Lâmpada Maravilhosa (1973)
- Robin Hood, o Trapalhão da Floresta (1973)
- O Trapalhão na Ilha do Tesouro (1974)
- Simbad, o Marujo Trapalhão (1975)
- O Trapalhão no Planalto dos Macacos (1976)
- O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão (1977)
- Os Trapalhões na Guerra dos Planetas (1978) (Início formação clássica)
- O Cinderelo Trapalhão (1979)
- O Rei e os Trapalhões (1979)
- Os Três Mosqueteiros Trapalhões (1980)
- O Incrível Monstro Trapalhão (1980)
- O Mundo Mágico dos Trapalhões (1981)
- Os Saltimbancos Trapalhões (1981)
- Os Vagabundos Trapalhões (1982)
- Os Trapalhões na Serra Pelada (1982)
- O Cangaceiro Trapalhão (1983)
- Atrapalhando a Suate (1983)
- O Trapalhão na Arca de Noé (1983)
- Os Trapalhões e o Mágico de Oróz (1984)
- A Filha dos Trapalhões (1984)
- Os Trapalhões no Reino da Fantasia (1985)
- Os Trapalhões no Rabo do Cometa (1986)
- Os Trapalhões e o Rei do Futebol (1986)
- Os Trapalhões no Auto da Compadecida (1987)
- Os Fanstasmas Trapalhões (1987)
- Os Heróis Trapalhões - Uma Aventura na Selva (1988)
- O Casamento dos Trapalhões (1988)
- A Princesa Xuxa e Os Trapalhões (1989)
- Os Trapalhões na Terra dos Monstros (1989)
- Uma Escola Atrapalhada (1990) (Final formação clássica)
- O Mistério de Robin Hood (1990)
- Os Trapalhões e a Árvore da Juventude (1991)
Fonte: wikipedia.org
Pra relembrar, aqui estão alguns vídeos da turma: