"Só sei que nada sei!". A célebre frase atribuída ao filósofo grego Sócrates e não ao genial atleta profissional de futebol do Botafogo de Ribeirão Preto, do Corinthians, do Fiorentina, do Flamengo, do Santos e da Seleção Brasileira, Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, a cada dia se mostra mais impactante na minha cabeça às vezes oca. Quanto mais leio e procuro informações sobre tudo o que me interessa, mais me conscientizo da minha enorme ignorância. Então, estou correndo para diminuí-la enquanto tiver tempo, entusiasmo e lucidez. E utilizo da minha paixão pelo Cinema para aprender mais e mais sobre este mundo louco em que, inacreditavelmente, seres humanos cometem os mais bárbaros e cruéis atos contra outros seres humanos frágeis, dignos, ordeiros, pacíficos e inocentes. E o que descobri ontem sobre uma história real ocorrida no país de Sócrates me chocou profundamente, mesmo que se tenham passado longos 82 anos.
Assisti ontem ao filme "Ecos do Passado" ("Kalavryta 1943"), uma produção grega de 2021 com 1h39min de duração e com roteiro de Dimitrios Katsantonis e direção de Nicholas Dimitropoulos. A trama é baseada em um terrível acontecimento real, ocorrido em dezembro de 1943, quando em plena Segunda Guerra Mundial, os malditos soldados nazistas de Adolf Hitler invadiram a pequena cidade de Kalavryta na Grécia, espalhando ódio, violência e o terror, com fuzilamento de cerca de 500 moradores masculinos, entre eles alguns adolescentes. A ação brutal veio em retaliação à morte de cerca de 70 soldados nazistas capturados e executados pela resistência grega dias antes.
O filme é muito bem realizado, com uma caracterização fantástica da época e uma incrível reconstituição cenográfica do local destruído em chamas pelos nazistas. Foi o último trabalho diante das câmeras do extraordinário ator franco-sueco Max von Sydow, falecido em 8 de março de 2020. Ele dá uma aula de interpretação no papel do fictício sobrevivente da chacina Nikolas Andreou.
ELENCO:
Max von Sydow - Nikolas Andreou
Alice Krige - Andrea Foss
Tomas Arana - General von Le Suire
Yorgo Voyagis - Manolis
Aurora Marion - Cuidadora do Sr. Tenner
Thanos Tokakis - Dr. Kalliris
Danae Skiadi - Maria Andreou
Astrid Roos - Caroline Martin
Promitheas Aleiferopoulos - Friedrich Braun
Kristian Wanzl Nekrasov - Joseph von Saub
No local da colina onde aconteceu a barbárie, foi construído um memorial contendo uma grande cruz branca, uma inscrição com a data da chacina, paredes soltas contendo os nomes dos mortos, uma capela e algumas sepulturas de moradores assassinados na ocasião da tragédia. O prédio da escola incendiada onde foram presas as mulheres e crianças, foi restaurado e transformado no Museu do Holocausto Kalavritan, que exibe itens relativos à atrocidade cometida pelos soldados alemães da 117ª Divisão Jaeger. Diante dela, há uma escultura de uma esposa puxando o corpo do marido assassinado ao lado dos seus dois filhos assustados e incrédulos. A impactante escultura é intitulada "No More Wars" (Guerras nunca mais), obra do escultor Nikos Dimopoulos. Foi doada pela família de Andrew Varelopoulos.
Não há como uma pessoa normal não se indignar, não se consternar e não se enfurecer com tamanha violência e falta de humanidade dos malditos nazistas. Como podem acontecer coisas tão cruéis e desumanas assim no mundo, meu Deus? Como o povo alemão pôde ver, concordar e se omitir com o horror do Holocausto? É preciso que todo mundo, especialmente as novas gerações, tomem conhecimento desses fatos horrendos da História para que atrocidades assim jamais ocorram novamente.
E pensar que ainda hoje, com tamanha evolução da Humanidade, ainda existem alguns ditos cristãos comemorando chacinas, um absurdo completo. Triste, muito triste.
Um grande abraço espinosense.