As previsões vinham sendo feitas por entendidos em comunicação no mundo todo há algum tempo. A Internet, com sua força avassaladora e alcance mundial, iria causar estragos significativos na imprensa como um todo. Transformações profundas já aconteceram com o rádio, com o cinema, com a televisão, com a música. O tempo não para, muito menos a tecnologia.
Mudanças sempre acontecem no mundo o tempo todo. Ditadores caem. Governos passam. Empresas desaparecem. Poderosos empobrecem. Riquezas mudam de mãos. A vida muda a cada instante. No caso da comunicação, não poderia ser diferente, e os sintomas de que tudo está se modificando em tempo recorde já podem ser notados. Alguns jornais impressos passaram a existir apenas no plano digital. Revistas desaparecem a cada dia. Demissões nas organizações jornalísticas são assuntos corriqueiros. É, o negócio está ficando complicado para muitos que se achavam intocáveis.
A mais recente notícia sobre essa revolução na mídia, que já algum tempo vem ocorrendo, sem muito estardalhaço, é a saída de circulação de uma das mais prestigiadas publicações masculinas do mundo, distribuída no Brasil há 40 anos pela Editora Abril, a revista Playboy.
Fundada por Hugh Hefner em 1953, a primeira edição norte-americana da Playboy estampou na capa a então iniciante atriz Marilyn Monroe, que mais tarde viria se tornar o maior ícone sexual do mundo. Distribuída em cerca de 40 países, a revista se especializou em mostrar belas mulheres nuas, em publicar dicas de moda, carros, bebidas e viagens e reportagens de alto nível. Recentemente, o seu fundador, Heffner, decidiu não publicar mais, na edição norte-americana, fotografias de mulheres completamente nuas, passando a investir apenas em imagens sensuais, para não ter a dura concorrência da Internet. Mas deu liberdade a todas as edições dos outros países a decidirem o que fazer.
No caso do Brasil, a notícia da descontinuidade da edição da revista, pega quase todos de surpresa. Conforme comunicado da Editora Abril, a derradeira edição será a de dezembro deste ano. Eu, como assinante há mais de 20 anos, sentirei falta desta revista muito bem produzida, sempre com reportagens de alto gabarito, mulheres de grande beleza, dicas úteis de cinema e música, muito humor e entrevistas esclarecedoras com pessoas de grande importância.
A queda da Playboy brasileira só confirma o processo de decadência das publicações nacionais, em especial da Editora Abril, outrora tão poderosa e que enfrenta sérias dificuldades financeiras, e vê a cada dia a diminuição dos seus leitores e das vendas, o que acaba ocasionando demissões de pessoal, corte de custos e a venda e extinção de muitas das suas revistas.
O mundo gira, as coisas mudam e o futuro chega rápido para todos. Ninguém fica no topo o tempo todo e o poder muda de mãos, sempre, não importa quanto tempo demore.
Um grande abraço espinosense.