Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

2276 - Vai o Cruzeiro cair?

Um desempenho medíocre de apenas 29,2% de aproveitamento, com míseros 21 pontos conquistados em 72 possíveis, após 24 partidas realizadas, com apenas 4 vitórias, mais 9 empates e 11 derrotas. Foram marcados 18 gols e sofridos 32 gols, com saldo negativo de 14. Este é o desempenho do Cruzeiro neste ano de 2019 no Campeonato Brasileiro de Futebol até o momento. Para se ter uma ideia da inoperância do ataque cruzeirense, somente o artilheiro da competição, o atacante Gabigol do Flamengo, marcou sozinho a mesma quantidade de gols de todo o time do Cruzeiro até aqui. 
Como visitante, o Cruzeiro é o pior time do campeonato, com 12 partidas disputadas fora de casa e nenhuma vitória, com 5 empates e 7 derrotas. Na classificação do returno, são 5 jogos, nenhuma vitória, 3 empates e 2 derrotas. O ataque celeste é o terceiro pior do Brasileirão, melhor apenas que os do CSA e do Avaí. A defesa é somente a 14ª melhor entre 20 clubes. Um desastre total para quem imaginava estar brigando pelo título do Campeonato Brasileiro de 2019. Esta é a situação calamitosa do Cruzeiro Esporte Clube, chamado de Cabuloso pela sua imensa torcida.
Quem poderia apostar neste cenário desolador do time da Toca da Raposa no início da temporada? Será que algum torcedor adversário, especialmente do arquirrival Atlético, teria imaginado tamanha encrenca azul? É praticamente impossível que alguém, em sã consciência, pudesse prever tal dramática conjuntura. Mas ela é real e está tirando o sono dos meus amigos cruzeirenses, preocupadíssimos com a queda inédita à segunda divisão do futebol brasileiro.


Antes de qualquer prognóstico, porém, é preciso uma atenta e desapaixonada avaliação do panorama que se apresenta ao time do Cruzeiro até o final da competição. Serão mais 14 rodadas e 42 pontos em disputa. Observando os campeonatos anteriores, é possível afirmar que, com 45 pontos conquistados, a vaga na Série A está praticamente garantida. Mas isso não é uma afirmação matemática não, pois o Coritiba, em 2009, e o Corinthians, em 2007, caíram com seus 45 pontos. Pode-se até permanecer na primeira divisão com pontuação menor, tudo dependendo do desempenho dos times nesta reta final. Até hoje, o time que se salvou com menos pontos neste formato de campeonato desde 2006 foi o Palmeiras, em 2014, com 40 pontos. Enfim, tudo pode acontecer, o Cruzeiro se livrar ou cair.
Abaixo, um panorama dos times que caíram desde 2006 quando o campeonato passou a ser disputado com 20 equipes.  

Ano    Equipes rebaixadas e suas pontuações
2018 Sport (42), América-MG (40), Vitória (37) e Paraná (23)
2017 Coritiba (43), Avaí (43), Ponte Preta (39) e Atlético-GO (36)
2016 Internacional (43), Figueirense (37), Santa Cruz (31) e América-MG (28)
2015 Avaí (42), Vasco (41), Goiás (38) e Joinville (31)
2014 Vitória (38), Bahia (37), Botafogo (34) e Criciúma (32)
2013 Portuguesa (44), Vasco (44), Ponte Preta (37) e Náutico (20)
2012 Sport (41), Palmeiras (34), Atlético-GO (30) e Figueirense (30)
2011 Atlético-PR (41), Ceará (39), América-MG (37) e Avaí (31)
2010 Vitória (42), Guarani (37), Goiás (33) e Grêmio Prudente (28)
2009 Coritiba (45), Santo André (41), Náutico (38)  e Sport (31)
2008 Figueirense (44), Vasco (40), Portuguesa (38) e Ipatinga (35)
2007 Corinthians (44), Paraná (41), Juventude (41) e América-RN (17)
2006 Ponte Preta (39), Fortaleza (38), São Caetano (36) e Santa Cruz (28)

Quem caiu com menor pontuação: América-RN - 17 pontos (2007) e Náutico - 20 pontos (2013);
Quem caiu com maior pontuação: Coritiba - 45 pontos (2009) e Corinthians (2007), Figueirense (2008), Portuguesa e Vasco (2013) com 44 pontos;
Quem escapou com a menor pontuação: Palmeiras - 40 pontos (2014) e Atlético-GO - 42 pontos (2010).


Vamos raciocinar sem paixão, somente com a razão, a matemática e o bom senso. Nos seus compromissos restantes no campeonato, o Cruzeiro irá enfrentar seu maior rival em casa, uma boa vantagem. Enfrentará times que estão nas primeiras posições, hoje em posição privilegiada, como São Paulo (C), Corinthians (F), Bahia (C), Athletico (F), Santos (F), Grêmio (F) e Palmeiras (C). Pega também alguns que lutam contra o rebaixamento, como Chapecoense (F), Fortaleza (C), Botafogo (F), Avaí (C), CSA (C) e o Vasco (F). Vamos supor que o Cruzeiro vença o rival Atlético no clássico e quase todos os times que estão nas últimas posições da tabela, conquistando seis vitórias, ou seja, 18 pontos. Somando com os 21 que possui, iria para 39 pontos. Com mais uns três empates arrancados contra os sete melhores colocados, acrescenta-se mais três pontos, totalizando 42 pontos. Pronto! Situação resolvida! Ou mais ou menos encaminhada, já que as previsões são de que os times pontuarão menos e que o ponto de corte para a queda será menor. 
Por mais que muita gente, sobretudo nós atleticanos, esteja torcendo muito para que o Cruzeiro fracasse nessa sua luta contra o caos, é muito provável que a equipe celeste irá se recuperar a tempo e conquistar os pontos necessários para se livrar do tão temido rebaixamento à Série B. Eu, particularmente, imagino que o Cruzeiro irá se safar até com alguma folga. Mas não será sem sofrimento da torcida, tenho absoluta certeza, pois a imprevisibilidade do futebol é inexplicável. Vamos dar uma olhada nos compromissos restantes do Cruzeiro:     

25ª rodada - FORA - Domingo - 13/10/2019 - Chapecoense
26ª rodada - CASA - Quarta-feira - 16/10/2019 - São Paulo
27ª rodada - FORA - Sábado - 19/10/2019 - Corinthians
28ª rodada - CASA - Sábado - 26/10/2019 - Fortaleza
29ª rodada - FORA - Quinta-feira - 31/10/2019 - Botafogo
30ª rodada - CASA - Domingo - 03/11/2019 - Bahia
31ª rodada - FORA - Quarta-feira - 06/11/2019 - Athletico
32ª rodada - CASA - Domingo - 10/11/2019 - Atlético
33ª rodada - CASA - Domingo - 17/11/2019 - Avaí
34ª rodada - FORA - Domingo - 24/11/2019 - Santos
35ª rodada - CASA - Quarta-feira - 27/11/2019 - CSA
36ª rodada - FORA - Domingo - 01/12/2019 - Vasco
37ª rodada - FORA - Quarta-feira - 04/12/2019 - Grêmio
38ª rodada - CASA - Domingo - 08/12/2019 - Palmeiras

Conforme o site mat.ufmg.br, a probabilidade HOJE de o Cruzeiro cair está em 71,9%. A do Atlético em 4,1%. Ressalte-se que são apenas cálculos matemáticos com a pontuação atual na tabela, podendo tudo mudar de acordo com os resultados dos jogos vindouros. Com o mesmo levantamento, o Flamengo tem 85,3 de chances de ser campeão, com o segundo colocado, o Santos, com apenas 7,1. O Atlético tem 0,001 de chance de ser campeão, uma piada.
Já imagino os meus amigos cruzeirenses cobrando: e o Atlético? Calma, amigos! A nossa situação não é lá essas coisas, pois empacamos nos 31 pontos, mas é bem menos pedregosa, com menos risco de rebaixamento, pois precisamos de apenas 14 pontos para garantirmos a nossa permanência na Série A, ou seja, cinco vitórias em 14 jogos, 7 em casa. Mesmo com nosso desmoronamento na tabela de classificação nos últimos jogos, entendo que nossa tarefa será menos árdua que a do Cruzeiro, mas não menos decepcionante, pois tínhamos como meta, no mínimo, uma vaga na Libertadores. 


Confira abaixo os posicionamentos de Atlético e Cruzeiro na tabela de classificação nos Campeonatos Brasileiros desde 2006:

Ano        Atlético                  Cruzeiro
2006       Série B                   10º - 53 pontos
2007         8º - 55 pontos         5º - 60 pontos
2008       12º - 48 pontos         3º - 67 pontos
2009         7º - 56 pontos         4º - 62 pontos
2010       13º - 45 pontos         2º - 69 pontos 
2011       15º - 45 pontos        16º - 43 pontos
2012         2º - 72 pontos          9º - 52 pontos
2013         8º - 57 pontos          1º - 76 pontos
2014         5º - 62 pontos          1º - 80 pontos
2015         2º - 69 pontos          8º - 55 pontos
2016         4º - 62 pontos        12º - 51 pontos  
2017         9º - 54 pontos          5º - 57 pontos
2018         6º - 59 pontos          8º - 53 pontos
2019       11º - 31 pontos        18º - 21 pontos (até a 24ª rodada)  

A verdade nua e crua é que, neste ano, as performances de Atlético e Cruzeiro foram desastrosas, com eliminações dolorosas nas competições de mata-mata e essas posições desalentadoras no Brasileirão. O Cruzeiro pelo menos levantou a taça de Campeão Mineiro. Mas se cair, terá sido o pior ano da sua vencedora história, com toda certeza. Que o time consiga se reinventar a tempo e reverter esta dramática situação que atormenta toda a sua imensa torcida. Agora é hora de apoiar!
Um grande abraço espinosense. 

2275 - Nascia Cartola, morria Renato Russo

Neste momento, em qualquer parte do mundo, haveremos de ter gente chegando ao planeta, espalhando incontida alegria aos pais e familiares, como também gente se despedindo dos entes queridos causando dores, desalento e consternação. É a vida e a morte, o início e o fim, a chegada e a partida desse vale de lágrimas.
E hoje na história, dia 11 de outubro, temos a direção contrária na vida de dois astros da nossa riquíssima constelação musical. 



No Rio de Janeiro de 1908, no dia 11 de outubro, nascia o pequeno Angenor de Oliveira, carioca que se tornaria mais adiante o famoso Cartola, um dos mais talentosos artistas da Música Popular Brasileira de todos os tempos. Nasceu no bairro do Catete, morou em Laranjeiras e por conta da falta de recursos da família, teve que se mudar para o Morro da Mangueira. Ali, no templo do Samba, conheceu e se tornou amigo e parceiro do compositor Carlos Cachaça na boêmia. Com a perda da mãe, parou de estudar e foi trabalhar como pedreiro. Pelo fato de jamais abandonar seu chapéu, foi apelidado de Cartola, apelido que o acompanharia por toda a vida. Juntou os amigos e criou o Bloco dos Arengueiros, que depois se transformaria na gigante e amada Estação Primeira de Mangueira, escola de samba das maiores do Rio de Janeiro. Algumas de suas muitas belas composições foram gravadas pelos maiores cantores e cantoras da época, entre eles Araci de Almeida, Carmen Miranda e Francisco Alves. Foi esquecido por um longo período, sendo encontrado em Ipanema, trabalhando como lavador de carros em 1956, pelo Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo do jornalista Sérgio Porto, que o ajudou a se levantar na carreira e a voltar a compor suas canções de raro valor. Depois de ficar viúvo de Dona Delinha, Cartola casou-se com Eusébia Silva do Nascimento, a Dona Zica, instalando um restaurante no Centro do Rio de Janeiro, na Rua da Carioca, com o nome de Zicartola, local que se transformou em ponto de encontro de amantes da música. Com apoio do povo e confiança no seu potencial, Cartola começou a gravar seus discos, seis no total. Neles, canções maravilhosas e imortais suas ou em parcerias, tais como "As Rosas Não Falam", "O Mundo é um Moinho", "Acontece", "Quem Me Vê Sorrindo", "Alvorada" e "Peito Vazio", entre outras. Já bem velhinho, Cartola saiu da agitação do Morro da Mangueira para se refugiar em Jacarepaguá, onde viveu até o dia 30 de novembro de 1980, quando veio a falecer, vítima de câncer.  






Foi no dia 11 de outubro de 1996, no Rio de Janeiro, vítima de complicações da AIDS, que o grande cantor, compositor e músico Renato Manfredini Júnior, o líder da Legião Urbana Renato Russo, faleceu, deixando uma legião de admiradores tristes e desamparados. Renato nasceu no dia 27 de março de 1960 no Rio. Por conta do emprego do pai, funcionário do Banco do Brasil, morou um curto tempo em Nova York e muito tempo em Brasília, onde se enveredou pelo caminho da música no boom do Rock na década de 80 na capital federal. Foi integrante da banda Aborto Elétrico até se aventurar como o Trovador Solitário por Brasília. Em seguida criou a Legião Urbana e entrou definitivamente para a história da música brasileira com suas dezenas de canções maravilhosas que influenciaram artistas e apaixonaram milhões de fãs pelo país. 



Onze de outubro, um dia como outro qualquer, com motivos para comemorar ou chorar perdas irreparáveis. Dia de louvar o nascimento de um Cartola e lamentar a partida de um Renato Russo, ambos criadores de letras e melodias que tocaram fundo o coração de milhões, em especial o meu já cansado de guerra. Que permaneçam eternas as obras divinas dessas duas figuras exponenciais da nossa poderosa música brasileira!
Um grande abraço espinosense.