Terminado o processo político em Espinosa, com a vitória apertada do candidato do DEM, Lúcio Balieiro Gomes, com apenas 149 votos de diferença para o candidato derrotado do PT, Mílton Barbosa Lima, torna-se necessária uma reflexão sobre os métodos adotados pelos políticos na disputa eleitoral como também sobre as atitudes inaceitáveis de uma grande parcela dos eleitores.
Uma atitude a se lamentar profundamente no processo político em
Espinosa é a adoção, por alguns políticos e seus correligionários (de
todas as facções políticas, ressalte-se) de ações criminosas e
totalmente inaceitáveis que vão de encontro ao respeito e à dignidade
das pessoas envolvidas.
É óbvio que não sou tão ingênuo para
imaginar que não haveriam discussões acaloradas entre adversários
políticos. Faz parte do jogo. Críticas, reafirmo, críticas, podem e devem ser feitas àqueles
políticos que tomaram decisões erradas, que não corresponderam à
expectativa dos moradores ou que simplesmente sejam adversários
políticos. Nada contra, faz parte. O que não se pode admitir como normal
ou aceitável são xingamentos pesados, impropérios ultrajantes e insultos e ataques
raivosos contra a vida pessoal de cidadãos dignos e de reputação ilibada, simplesmente por
estarem eles em lado oposto das ideias. Pessoas despreparadas social e
educativamente, completamente ignorantes e sem o menor senso crítico, desferem
gratuitamente ataques pessoais contra cidadãos e autoridades da cidade,
em um comportamento deplorável. Respeito só se conquista quando se dá respeito aos outros.
Rumores
pela cidade também dão conta de ações criminosas perpetradas por ambas as facções
políticas na cidade, como o assédio moral e a desprezível compra de votos. Não apareceram provas, mas se isso realmente aconteceu é uma atitude digna de repulsa, uma inescrupulosa conduta que só vem denegrir ainda mais a já desgastada reputação dos políticos no Brasil.
É bastante clara a imensa comoção popular quando as eleições se aproximam em Espinosa. Muitos parecem depender unicamente da Prefeitura para viver, o que causa um rebuliço estrondoso na cidade. Parece uma epidemia. Quanto a isso, nada errado. É emocionante poder participar ativamente do processo de escolha dos nossos governantes e demonstrar orgulhosamente a nossa escolha livre e democrática, disseminando as ideias e propostas dos nossos candidatos. O que me deixa imensamente triste e chateado é a completa falta de noção de democracia que algumas pessoas ignorantes ainda tem. Alguns se acham no direito de questionar a escolha livre e sagrada de um candidato por um eleitor qualquer. Que eu saiba, muitos e muitos brasileiros sofreram tortura e morreram sob a brutalidade da ditadura militar, lutando bravamente para que tivéssemos o direito à liberdade de expor clara e livremente as nossas ideias. É como diz aquela famosa e brilhante frase atribuída ao filósofo francês Voltaire (François Marie Arouet - Nascimento: 21-11-1694 - Morte: 30-05-1778): "Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las". Todos, eu disse todos, tem a liberdade (conquistada a duras penas) de escolher livremente quem achar melhor para receber o seu voto, sem necessidade de dar satisfações a quem quer que seja, familiar ou amigo, conhecido ou desafeto, patrão ou empregado. Isso tem um nome: Democracia! Em Espinosa algumas pessoas de pensamento curto parecem querer controlar as ideias dos outros que tem opiniões divergentes das suas. Outros se engalfinham belicosamente com os adversários e não conseguem manter um relacionamento racional e harmonioso, em meio ao processo eleitoral, com os familiares e amigos que pensam diferente. Quanta imbecilidade! Esse pessoal tem que se reciclar, ler um pouco mais, trocar ideias com pessoas mais instruídas e civilizadas, abrir a mente para novas experiências, sair da mesmice de velhos e ultrapassados conceitos, fugir desse marasmo de preconceitos e velhos paradigmas.
Talvez eu seja crucificado por externar essas minhas ideias e opiniões e possa causar alguma polêmica, mas isso se faz necessário, mesmo que me cause algum mal. Não posso compactuar com a desonestidade e a tomada de atitudes desrespeitosas contra pessoas dignas e de alta respeitabilidade da nossa sociedade, pelo simples fato de ter opiniões diferentes. Assim como não concordo com brigas e agressões físicas e verbais entre torcedores de times rivais, como os nossos Atlético e Cruzeiro, jamais compactuarei com desavenças violentas, atitudes hostis, desrespeitosas e insultos desferidos entre os "pés-duros" e "pés-moles", denominações estas que espero ver sepultadas no futuro breve.
Ainda sonho em ver um dia, depois de uma batalha política ferrenha, disputada dentro das normas democráticas, um candidato derrotado nas urnas poder se dirigir ao encontro do candidato vencedor para lhe apertar a mão e lhe parabenizar pela vitória, sendo recebido cordialmente e com imenso respeito pelo vencedor. Assim como ainda sonho em ir ao Mineirão lotado e poder assistir ao jogo tranquilamente, entre torcedores do Atlético e do Cruzeiro, juntos e em paz e harmonia. É isso o que penso, que sinto e que tenho esperança de ver acontecer. Quem sabe? Os exemplos de Martin Luther King, Mahatma Gandhi e Nelson Mandela estão aí para mostrar a todos nós que os sonhos às vezes se tornam realidade. Eu continuo sonhando. Quem pode prever o futuro?
Um grande abraço espinosense.