Uma das mais tristes situações do nosso vasto mundo é a ignorância. Dói na alma ver tanta gente sem a menor noção dos seus direitos sociais e trabalhistas, acomodadas, alienadas, reféns dos poderosos, às vezes ingênua ou tolamente decididas a aprovar e defender ações e decisões alheias que só lhes prejudicam. A luz para se libertar dessa escuridão é a Educação e a consequente conscientização dos seus direitos humanos. Esta luta incansável e extremamente difícil, que já ceifou milhares de vidas inocentes, nunca deve cessar. Para que essa esperança de melhores condições de trabalho e remunerações justas jamais se perca no ar, é que se comemora, a cada dia 1º de maio, o Dia do Trabalhador.
Não fossem os corajosos trabalhadores de outrora que, enfrentando arrogância, injustiça, escravidão, violência e perseguição, conquistaram direitos básicos, talvez até a atualidade estaríamos trabalhando em jornadas diárias desumanas, sem direito a descanso semanal e segurança no trabalho e com remunerações miseráveis.
É desalentador e até hilário que muitos cidadãos, profissionais liberais, dirigentes empresariais e pequenos empresários em sua maioria, não se assumam como o que realmente são: simples trabalhadores e não figuras integrantes da elite e donas do grande capital.
Para que muitos, ainda desconhecidos da matéria, se conscientizem o quanto antes da sua situação de figura basilar do proletariado, publico na íntegra o estudo feito por Tiago Cordeiro e publicado no site guiadoestudante.abril.com.br. Boa leitura!
Um grande abraço espinosense e viva nós, os trabalhadores, com muito orgulho!
"Por que 1º de maio é considerado o Dia do Trabalho?
Data tem origem em uma greve histórica, realizada em 1º de maio de 1886, nos Estados Unidos.
Não é apenas no Brasil que o dia 1º de maio é feriado. Nesta data, os trabalhadores descansam (e também realizam manifestações) na América do Sul e no México, em quase toda a Europa Ocidental, na Rússia, na Índia, na China e na maior parte dos países da África. A data foi escolhida em homenagem ao esforço dos trabalhadores dos Estados Unidos, que, num sábado, 1º de maio de 1886, foram às ruas das maiores cidades do país para pedir a redução da carga horária máxima de trabalho por dia.
A luta dos manifestantes foi bem-sucedida: na virada do século 20, boa parte dos trabalhadores do país já seguia o ritmo de 8 horas diárias – antes, era comum os americanos ficarem nos empregos nada menos do que 100 horas por semana, o equivalente a aproximadamente 16 horas para cada um dos seis dias de ocupação.
A luta dos americanos foi reconhecida rapidamente na Europa, onde já em 1890 o Primeiro de Maio começou a ser marcado por cerimônias e manifestações. Desde então, a data foi se difundindo por todo o mundo. Hoje é celebrada em mais de 80 países – no Brasil, o Dia do Trabalhador é celebrado desde 1925. Curiosamente, nos próprios Estados Unidos, a data é celebrada em uma ocasião diferente, a primeira segunda-feira de setembro.
A origem das manifestações de 1º de maio
“Eight-hour day with no cut in pay” (“diária de oito horas sem redução no pagamento”) era o slogan repetido por mais de 300 mil manifestantes que foram às ruas em Nova York, Chicago, Detroit e Milwaukee, entre outras cidades. As passeatas marcaram o início de uma greve geral, que tinha essa única reivindicação: a redução da carga horária.
No dia 4 de maio, uma terça-feira, cerca de 2.500 manifestantes se reuniram em assembleia em Chicago, na praça Haymarket. O evento começou por volta das 8h30, debaixo de chuva fina. Os participantes pretendiam debater os rumos do movimento depois que, na véspera, policiais haviam atingido mortalmente dois manifestantes que faziam piquete na porta de uma fábrica. Temendo confrontos, o prefeito da cidade, Carter Harrison Sr., compareceu para ouvir os discursos. Ao perceber que a reunião seguia para terminar sem incidentes, foi embora.
Por volta das 10h30, quando a maior parte das pessoas já havia deixado o local, 176 policiais cercaram os cerca de 200 manifestantes que ainda estavam na praça. Pediram que eles se retirassem, e na sequência começaram a atirar. No meio da confusão, uma bomba foi lançada na direção dos agentes da lei. Na confusão que se seguiu, morreram quatro trabalhadores, mas também sete policiais, e mais de 130 pessoas ficaram feridas.
Nos dias que se seguiram ao incidente, dezenas de sindicados, de diferentes cidades do país, foram ocupados pela polícia. Enquanto a lei marcial era declarada em todo o território americano, em Chicago, mais de 100 sindicalistas foram presos, acusados de incitar a violência policial. O Estado processou oito deles. Levados a julgamento, sete foram condenados à pena de morte. Um deles seria encontrado morto na cela. Dois tiveram a punição transformada em pena de prisão perpétua. O principal acusado de haver jogado a bomba, o manifestante Rudolph Schnaubelt, fugiu para a Europa antes de se julgado.
Em 11 de novembro de 1887, vestindo túnicas brancas e com o rosto coberto por capuzes também brancos, quatro dos acusados foram enforcados – eram os sindicalistas Adolph Fischer, George Engel, Albert Parsons e August Spies. Em 1893, o governador John Altgeld acabaria por conceder o perdão aos sobreviventes. Alegou que o julgamento tinha sido muito mal conduzido – uma opinião com a qual concordavam os escritores Oscar Wilde e George Bernard Shaw, que criticaram abertamente a condenação.
Influência definitiva
O ataque da polícia e o julgamento dos sindicalistas colocaram a pauta dos trabalhadores em evidência. Depois de várias décadas aceitando condições muitas vezes insalubres e altas cargas horárias, os americanos passaram a fazer pressão por mudanças. No restante do mundo, o movimento trabalhista internacional passou a tratar os quatro condenados à morte como vítimas da brutalidade policial e de um sistema judiciário desfavorável.
Não foi por acaso que o incidente aconteceu em Chicago. A principal cidade de Illinois era uma das mais industrializadas do país, e por isso mesmo atraía imigrantes em massa. O resultado foi um crescimento incontrolável: em 1850, 30 mil pessoas viviam em Chicago. Em 1860, eram 112 mil. Em 1870, 298 mil. Em 1880, mais de 500 mil habitantes.
Os imigrantes, especialmente os de origem alemã, traziam consigo ideais anarquistas e socialistas de liberdade e justiça social. Antes mesmo das manifestações de 1886, eles vinham realizando uma série de greves e protestos por melhores condições de trabalho. Entre os principais líderes das manifestações naquele período estava Albert Parsons, que seria um dos condenados à forca pelo incidente da praça Haymarket.
Nascido em Montgomery, Alabama, Parsons era adolescente quando lutou na Guerra Civil Americana. Mudou-se para o Texas, onde começou a atuar em defesa dos direitos dos escravos libertos – ele se casaria com Lucy Parsons, uma ativista filha de mexicanos, possivelmente ex-escrava, conhecida pela qualidade de sua oratória. Juntos, os dois se mudariam para Chicago em 1873, quando começaram a trabalhar como jornalistas e a se envolver com os movimentos trabalhistas. Condenado, Albert Parsons morreu aos 39 anos. Lucy viveria 89 anos e faleceria, em Chicago, apenas em 1942.
Estátuas polêmicas na praça Haymarket
Desde o século 19, a praça Haymarket recebeu diferentes memoriais celebrando a ação da polícia. O primeiro monumento foi inaugurado em 1889 e destruído por manifestantes em 4 de maio de 1927. Reconstruída e reinstalada em 1956, a estátua foi novamente vandalizada (desta vez, pichada de preto) em 4 de maio de 1968, durante um protesto contra a Guerra do Vietnã. No ano seguinte, manifestantes detonaram uma bomba que destruiu a estátua.
Reconstruída mais uma vez e reinaugurada em 4 de maio de 1970, a imagem foi mais uma vez derrubada em outubro do mesmo ano. Em 1972, a estátua foi removida e reinstalada no escritório central da polícia da cidade. Parcialmente demolida para a construção de uma rodovia na década de 1950, a praça acabou recebendo, em 2004, uma estátua de 4,5 m, reproduzindo a carroça onde os manifestantes subiram, naquele 4 de maio de 1886, para falar a favor da greve e dos direitos dos trabalhadores.
Aqui no Brasil, a chegada dos europeus no fim do século 19 e começo do século 20 trouxe com eles os ideais de luta trabalhista. A Greve Geral de 1917 ajudou a pressionar o governo pela mudança no cenário operário. Em 1925, o então presidente Artur Bernardes decretou o Dia do Trabalhador, como também é chamado, em 1º de maio. A maior mudança, no entanto, veio bastante tempo depois, com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Em 1º de maio de 1943 (sim, a data foi escolhida propositalmente), Getúlio Vargas assinou o Decreto-Lei nº 5.452, garantindo direitos básicos, como salário mínimo e duração da jornada de trabalho."