Para quem ama a Natureza com toda a sensibilidade de uma alma sublime e um generoso e desmedido coração, um presente divino: a Lua Cheia cintilava soberana no céu sem nuvens dos Montes Claros das Minas Gerais na noite deste sábado, 17 de agosto. Mais embaixo, a cidade ainda não adormecida tinha muito o que contemplar, com olhos e ouvidos atentos para o melhor das melodias. Para deleite dos amantes da boa música, pelo menos três artistas de qualidade reconhecida subiram no templo sagrado do palco para desfilar seus talentos e contagiar os espectadores presentes.
No Parque de Exposições, a atração que prometia seduzir caetaneando a plateia, era ninguém menos que o excelente músico, cantor e compositor alagoano de Maceió, Djavan Caetano Viana. Para animar e esquentar na noite fria do sábado os ansiosos admiradores do astro da MPB, o músico montes-clarense Flavin Ribeiro subiu ao palco e mostrou toda a sua habilidade e versatilidade com seu violão, tocando canções imortalizadas por craques dos acordes, como Raul Seixas, Legião Urbana, Beto Guedes e Vander Lee, entre outras.
Adiante, coadjuvado por uma banda de respeito, com Felipe Alves na bateria, Arthur de Palla no baixo, Paulo Calasans e Renato Fonseca nos teclados e João Castilho na guitarra, Djavan apareceu leve, animado e simpático para contaminar de alegria e prazer seus admiradores de longa data. Performando a música "Viver É Dever", do mais recente trabalho, o álbum "Vesúvio", ele discorreu sobre a nossa triste realidade com os versos:
"Tudo vai mal, muito sal,
Nada vai bem pra ninguém
Nessa pressão, quem há de dar a mão?
Pra que o mundo saia lá do fundo pra respirar
E não morrer
Tem que plantar muito mais
Reflorestar ideais
Ideia boa não acontece à toa
Uma vida pra ser bem vivida tem que se dar
Acudir, amparar, prestar mais atenção
Pois viver é dever, se negar é pior, merecer cada mão..."
A partir daí, foram tocados em sequência grandes clássicos que o fizeram amado por milhões, entre músicas mais serenas e outras mais suingadas, também cantadas em coro pelo público.
Mas a noite ainda prometia novas e esfuziantes emoções. Terminado o show de Djavan, muitos rapidamente se dirigiram à Praça da Matriz, no centro da cidade, para ainda tentar acompanhar a apresentação de outro ícone da MPB, Beto Guedes, que fazia show gratuito na programação do 41º Festival Folclórico de Montes Claros. E felizmente ainda deu tempo para apreciar o finalzinho da performance do montes-clarense filho do grande Godofredo Guedes. Deu tempo para vê-lo tocar "Lágrima de Amor", "Balada dos 400 Golpes", "Vevecos, Panelas e Canelas" e, surpreendentemente, até uma composição dos Rolling Stones, "Ruby Tuesday". O velho e bom Beto se apresentou com o suporte da sua competente banda que trazia Esdra "Neném" Ferreira na bateria, Enéas Xavier no baixo, Ian Guedes na guitarra e Will Mota nos teclados.
Não há como não se enternecer com tamanha oportunidade de prazer e encantamento, ao viver momento de tamanha satisfação ao lado de amigos queridos, ouvindo canções maravilhosas que nos acompanharam a vida inteira, trazendo as mais saborosas recordações. Literalmente, uma noite musicalmente iluminada que se tornou inesquecível.
Um grande abraço espinosense.