Há alguns dias, aproveitando o isolamento forçado em casa, causado por uma forte gripe com suspeita de Covid-19 depois não confirmada em teste PT-PCR, finalmente retirei o plástico da caixa completa da série Breaking Bad comprada há anos e ainda intocada na estante e resolvi assistir à premiada e elogiada produção norte-americana da Sony Pictures Television. E foi uma maratona das mais gratificantes e prazerosas diante da telinha da TV. Assisti, curioso e encantado, as cinco temporadas com total sofreguidão, dia após dia, e me dei conta do porquê a série dramática é tão cultuada pelos cinéfilos. Aí questionei-me pela minha absurda ignorância de só assistir a Breaking Bad com anos e anos de atraso. Mas tudo bem, nunca é tarde para descobrir maravilhas. Pior é morrer ignorante, avesso a mudanças e descrente da realidade.
Para quem ainda não teve o privilégio de ver a série, a história contada com incrível maestria mostra a vida de um químico brilhante mas frustrado com a rotina de um professor de ensino médio, com vida regrada, apesar de ter sido um dos criadores de uma empresa lucrativa com ex-sócios. Para piorar a situação de ter um filho adolescente com deficiência e outro por vir da esposa grávida e sem grana sobrando em casa, o sujeito ainda é diagnosticado com um câncer de pulmão que lhe promete pouco mais de seis meses de vida. O cidadão honesto e trabalhador, centrado na família, então resolve fazer dinheiro o quanto antes para deixar um cenário mais feliz e seguro para esposa e filhos no futuro. O problema é a ideia a ser colocada em prática: a fabricação de metanfetamina, droga sintética estimulante, ou seja, ato criminal. A partir daí as coisas entram em um turbilhão de fatos, emoções, reviravoltas e uma transformação assustadora nos personagens, sobretudo no protagonista Walter Hartwell White. O nome da produção, "Breaking Bad", é uma gíria do Sul dos EUA que significa que alguém desviou-se do caminho correto e passou a fazer coisas erradas. Só mesmo assistindo para compreender a espetacular criação do roteirista, diretor e produtor de televisão George Vincent "Vince" Gilligan, Jr.
A série Breaking Bad, que realça nos créditos os símbolos dos metais, teve o seu primeiro episódio transmitido em 20 de janeiro de 2008 e o último no dia 29 de setembro de 2013 nos Estados Unidos. Foram 62 episódios transmitidos pela AMC Networks Inc., com atuações magníficas dos atores, sobretudo dos protagonistas.
O elenco:
Bryan Cranston (Walter Hartwell White)
Anna Gunn (Skyler White)
Aaron Paul (Jesse Bruce Pinkman)
Dean Norris (Henry R. "Hank" Schrader)
Betsy Brandt (Marie Schrader)
RJ Mitte (Walter White Junior, Flynn)
Jonathan Banks (Michael "Mike" Ehrmantraut)
Bob Odenkirk (James Morgan "Jimmy" McGill, Saul Goodman)
Giancarlo Esposito (Gustavo "Gus" Fring)
Jesse Plemons (Todd Alquist)
Laura Fraser (Lydia Rodarte-Quayle)
Raymond Cruz (Tuco Salamanca)
Cesar Garcia (No-Doze)
Jesus Payan Jr. (Gonzo)
Mark Margolis (Hector Salamanca)
Daniel Moncada e Luis Moncada (Leonel e Marco Salamanca)
Jim Beaver (Lawson)
Maximino Arciniega (Krazy-8)
Kyle Bornheimer (Ken)
Steven Michael Quezada (Steven "Gomie" Gomez)
Matt L. Jones (Brandon "Badger" Mayhew)
Charles Baker (Skinny Pete)
Rodney Rush (Christian "Combo" Ortega)
Jessica Hecht e Adam Godley (Gretchen e Elliot Schwartz)
Christopher Cousins (Ted Beneke)
Krysten Ritter (Jane Margolis)
John de Lancie (Donald Margolis)
David Costabile (Gale Boetticher)
Emily Rios (Andrea Cantillo)
Jeremiah Bitsui (Victor)
Lavell Crawford (Huell)
Michael Bowen (Jack Welker)
Danny Trejo (Tortuga)
DJ Qualls (Getz)
Steven Bauer (Don Eladio Vuente)
Robert Forster (Ed)
A trama é espetacular e merece cada aplauso, cada elogio, cada reverência, cada prêmio. Tudo perfeito, atuações, roteiro, edição, direção, fotografia, ritmo. A história escancara a hipocrisia e a falsa fachada de bom cidadão de algumas figuras, sempre envoltos na enganosa defesa de Deus e da família. O ambiente sempre tenso e propenso a desconfianças e traições envolve até uma farsa de lava jato, para ganhos ilegais e desonestos. É uma overdose de emoção a cada capítulo, imperdível. Não deixe de ver antes de morrer!
Duas novas produções foram criadas a partir do sucesso avassalador de Breaking Bad, o filme "El Camino" e a série "Better Call Saul", todas elas disponíveis na Netflix. Depois de devorar sofregamente a história de Walter White em "Breaking Bad", agora estou me deliciando com o spin-off de "Better Call Saul", com as piruetas inacreditáveis do ensaboado advogado Jimmy McGill/Saul Goodman.
A primeira parte da sexta e última temporada estará disponível aos fãs no dia 19 de abril, enquanto os capítulos finais devem chegar ao streaming em julho. Também imperdível! Não deixem de assistir, é espetacular essa história, cheia de emoção e surpresas.
Um grande abraço espinosense.
