Brasil e Croácia entraram em campo hoje ao meio-dia (de Brasília) para decidirem uma das vagas para as semifinais da Copa do Mundo de Seleções da FIFA 2022. Confesso que eu já estava me preocupando com o próximo adversário lá na frente, que sairia do confronto entre Holanda e Argentina, que jogam agora. Pela nítida superioridade da Seleção Brasileira sobre a Seleção Croata, não via nenhuma chance de acontecer um resultado negativo para nós. Mas o futebol não termina nunca de nos surpreender. Apesar da boa atuação brasileira na maior parte da partida, fazendo com que o ótimo goleiro Dominik Livakovic (camisa 1) se destacasse com defesas incríveis, o selecionado croata fez uma exibição de gala, com um desempenho técnico e tático espetacular, igualando a posse de bola brasileira, ocupando o meio de campo e se segurando firme na defesa, oferecendo pouco espaço para os jogadores brasileiros criarem jogadas de perigo. Com esta performance extraordinária, fruto da sábia estratégia do treinador Zlatko Dalić, o jogo terminou empatado sem gols, indo para o tempo extra.
Na prorrogação, tudo pareceu decidido aos 15 minutos do primeiro tempo, quando o nosso craque Neymar (camisa 10) mostrou toda sua genialidade com a bola nos pés, tabelando com Rodrygo (camisa 21) e Lucas Paquetá (camisa 7) e entrando na área para driblar o goleiro e colocar o Brasil em vantagem. Com este gol, o de número 77, Neymar se igualou ao Rei Pelé como o maior artilheiro da Seleção Brasileira, de acordo com a FIFA. O Brasil inteiro vibrou já contando com a vaga nas semifinais. Bastava segurar o placar e aguardar Holanda ou Argentina, que jogariam duas horas mais tarde. Mas um vacilo da equipe e um golpe tremendo de sorte da Croácia mudaram a história. Bruno Petkovic (camisa 16) recebeu um passe da esquerda, após um contra-ataque croata, e bateu de primeira. A bola desviou no zagueiro Marquinhos (camisa 4) e enganou o goleiro Álisson Becker (camisa 1), desaguando no gol de empate e a fatídica decisão nas penalidades máximas.
Nikola Vlasic (camisa 13) começou a bater para a Croácia, chutando no meio do gol, sem chance para Álisson (camisa 1). O jovem Rodrygo (camisa 21) teve a missão de iniciar a série de cobranças brasileiras. Foi para a bola e bateu para a defesa do goleiro Dominik Livakovic (camisa 1) no seu canto esquerdo. Lovro Majer (camisa 7) também bateu no meio do gol e converteu. Casemiro (camisa 5) nos deu esperanças ao marcar a sua cobrança. O craque Luka Modric (camisa 10), após uma atuação estupenda durante toda a partida, bateu e marcou. O atacante Pedro (camisa 25) bateu com categoria e marcou. Mislav Orsic (camisa 18) bateu no cantinho direito de Álisson, que quase pegou, mas não conseguiu defender o gol. A Croácia tinha 100% de aproveitamento. O Brasil havia perdido duas cobranças. Estava na mão, ou no pé direito, de Marquinhos (camisa 4) a sorte brasileira, pois se errasse, tudo estaria acabado. E aconteceu! O excelente zagueiro brasileiro Marquinhos (camisa 4) bateu e a bola caprichosamente se chocou no pé da trave direita do goleiro Livakovic (camisa 1) e decretou o fim de mais um sonho de conquista do hexacampeonato mundial.
Fracasso confirmado, é tempo de ter a dignidade, a honra e a altivez de aceitar a derrota e reconhecer a maior eficácia do vencedor, valorizando a performance extraordinária da Croácia, que realizou uma partida taticamente impecável, com destaque para muitos jogadores, em especial o craque meio-campista e capitão Luka Modric (camisa 10). Agora é o momento de os profissionais envolvidos na campanha da Seleção Brasileira fazerem suas autocríticas, mas sem a procura por bodes expiatórios. O time brasileiro é de excelente qualidade, com jogadores experientes e talentosos, com alguns poucos se despedindo agora por conta da idade, mas com muitos outros ainda jovens e com idades que os possibilitam jogar ainda uma ou mais Copas do Mundo. O craque Neymar, infelizmente, ficou sem provar mais uma vez toda sua genialidade com a bola, atuando por apenas três vezes no torneio. Perdeu a chance de se tornar o melhor jogador do mundo, deixando prematuramente a disputa maior da FIFA. Mas ainda pode rever alguns conceitos, amadurecer e se reinventar para jogar com criatividade, força e gana mais uma Copa do Mundo, pois ainda é jovem, 30 anos apenas, e certamente terá uma nova oportunidade em 2026.
Algumas curiosidades sobre Brasil e Croácia nas Copas:
- A Croácia, quando chegou às quartas de final, avançou sempre para as semifinais: em 1998 (Alemanha), em 2018 (Rússia) e em 2022 (Brasil). Em disputas de pênaltis nas Copas, nunca perdeu.
- Pela segunda vez com Tite, a Seleção Brasileira é eliminada nas quartas de final. Os números do treinador à frente da Seleção são excelentes:
- 81 jogos
- 61 vitórias
- 15 empates
- 6 derrotas
- 174 gols marcados
- 30 gols sofridos
- 81,5% de aproveitamento
- Desde a Copa de 2002, infelizmente, esta é a quinta eliminação do Brasil para uma seleção europeia em mata-matas: 2006 (França), 2010 (Holanda), 2014 (Alemanha), 2018 (Bélgica) e 2022 (Croácia).
Terminado o sonho do hexacampeonato brasileiro, vou torcer para o meu ídolo Lionel Messi e seus companheiros argentinos levantarem a taça da Copa do Mundo, tornando-se tricampeões. No Brasil, infelizmente veremos uma tradicional caça às bruxas, com comentaristas e torcedores procurando culpados, fazendo críticas duras e dando palpites sobre o que deveria ter sido feito para a conquista brasileira. Sensatez e humildade serão coisas raras de se ver por aí. Sempre assim, quando se ganha, está tudo certo, quando se perde, tudo parece errado. Bipolaridade sempre é uma das maiores características do torcedor de futebol brasileiro. E assim sempre será! Nunca compreenderemos que o futebol é apenas um jogo, e nele tudo pode acontecer, inclusive a vitória. Se todo mundo acertasse tudo no futebol, os times mais capacitados ganhariam sempre, mas no esporte mais surpreendente, não é bem assim, com o erro, a surpresa e o inesperado fazendo parte da história. Viva o futebol!
Um grande abraço espinosense.