Nas décadas de 70 e 80, muitos jovens chegavam a Espinosa vindos de diversas cidades de Minas para iniciar as suas carreiras profissionais em empresas na cidade, entre elas o Banco do Brasil, depois de passar em concursos bastantes disputados. Como teriam de trabalhar no mínimo por dois anos para poder solicitar transferência para outras cidades, e objetivando diminuir as despesas com hospedagens, eles então se agrupavam em casas alugadas na cidade, que eram chamadas de "repúblicas". Ali cada um tinha o seu quarto e as tarefas eram divididas. Mas essa convivência tranquila era às vezes quebrada por algumas peraltices de algum integrante da casa mais bagunceiro. Lembro-me bem de um certo dia de domingo, à noite, logo após a missa na Matriz. O pessoal todo ficava um tempo ali no jardim da praça após a missa, descendo em seguida para a Praça Antonino Neves, onde fervilhava o movimento da cidade. Assim, nesse dia, quando descíamos pela Rua Padre Guilhermino, observamos uma concentração de pessoas na entrada da república dos meninos do Banco, na casa em frente da residência de Tidim. Quando me aproximei para ver o que havia acontecido, havia um cara deitado no sofá, dormindo, embrulhado, com dezenas de velas ao seu redor. O cara havia se embebedado e dormiu no sofá da sala. Os colegas, entre eles o Pedrinho*, então o sacanearam forjando um velório. Só no dia seguinte ele ficou sabendo o que ocorrera.
Em outra oportunidade, um dos moradores da república possuía um belo pássaro preto. O passarinho era o xodó de Geraldão, um sujeito alto, forte e bastante sistemático. Um belo dia, com Geraldão ausente, Pedrinho*, de sacanagem, retirou o animalzinho da gaiola e torceu o pescoço do pássaro preto, jogando-o no lixo. Em seu lugar, colocou um pé de meia preta velha e mal-cheirosa e foi dormir. Dia seguinte, bem cedo, Geraldão se levanta para ir trabalhar e nota alguma coisa errada. Cadê o canto melodioso do seu amado pássaro preto? Ao conferir a gaiola, a surpresa desagradável. Enfurecido e soltando fogo pelas ventas, ele corre até o quarto de Pedrinho. Só podia ser aquele cara endiabrado. Ao abrir a porta do seu quarto, ninguém. Só mais tarde, no Banco, ele ficaria sabendo que Pedrinho havia viajado de férias e só voltaria no mês seguinte. Coisa de moleque! Esse Pedrinho não era flor que se cheirasse. O cara aprontava todas. Um dia ele apostou com um colega que daria uma volta na Praça Cel. Joaquim Tolentino, a Praça da Matriz, totalmente nu. E o fez. Lá pelas 2 horas da manhã, ele saiu totalmente pelado e ficou um bom tempo na praça, ganhando a aposta.
De outra feita, ele planejou cuidadosamente uma brincadeirinha com um garçom, gente boa, que trabalhava na Churrascaria Los Pampas, de Jaime Zambiasi, que funcionava ali no prédio do antigo Hotel Espigão. O cara trabalhava à noite e durante o dia, morando em uma casa ali ao lado da república dos meninos, dormia sossegadamente no quintal, debaixo de uma grande parreira. Pedrinho, então, arrumou um balde, misturou dentro dele água, tinta, papel higiênico, sabão em pó, detergente e tudo o mais que conseguiu encontrar por ali e ainda pediu ao pessoal que fizesse xixi dentro. Subiu no muro e despejou tudo na cabeça do pobre coitado do garçom que sonhava com os anjinhos. O cara acordou sobressaltado, esbravejando enlouquecido sem entender o que lhe havia acontecido. Depois de se recobrar do susto, partiu furioso e rapidamente para a porta da rua tentando descobrir o autor daquela bandalheira. Lá fora, tudo em completo silêncio. Entrou na república para pegar o canalha que tivera a coragem de fazer aquilo. Ninguém em casa. Pedrinho já estava tranquilamente sentado no Bakana de Waldir Mendes, saboreando uma geladíssima cerveja.
Cenas de cinema! Coisas de Espinosa! Um grande abraço espinosense.
Em outra oportunidade, um dos moradores da república possuía um belo pássaro preto. O passarinho era o xodó de Geraldão, um sujeito alto, forte e bastante sistemático. Um belo dia, com Geraldão ausente, Pedrinho*, de sacanagem, retirou o animalzinho da gaiola e torceu o pescoço do pássaro preto, jogando-o no lixo. Em seu lugar, colocou um pé de meia preta velha e mal-cheirosa e foi dormir. Dia seguinte, bem cedo, Geraldão se levanta para ir trabalhar e nota alguma coisa errada. Cadê o canto melodioso do seu amado pássaro preto? Ao conferir a gaiola, a surpresa desagradável. Enfurecido e soltando fogo pelas ventas, ele corre até o quarto de Pedrinho. Só podia ser aquele cara endiabrado. Ao abrir a porta do seu quarto, ninguém. Só mais tarde, no Banco, ele ficaria sabendo que Pedrinho havia viajado de férias e só voltaria no mês seguinte. Coisa de moleque! Esse Pedrinho não era flor que se cheirasse. O cara aprontava todas. Um dia ele apostou com um colega que daria uma volta na Praça Cel. Joaquim Tolentino, a Praça da Matriz, totalmente nu. E o fez. Lá pelas 2 horas da manhã, ele saiu totalmente pelado e ficou um bom tempo na praça, ganhando a aposta.
De outra feita, ele planejou cuidadosamente uma brincadeirinha com um garçom, gente boa, que trabalhava na Churrascaria Los Pampas, de Jaime Zambiasi, que funcionava ali no prédio do antigo Hotel Espigão. O cara trabalhava à noite e durante o dia, morando em uma casa ali ao lado da república dos meninos, dormia sossegadamente no quintal, debaixo de uma grande parreira. Pedrinho, então, arrumou um balde, misturou dentro dele água, tinta, papel higiênico, sabão em pó, detergente e tudo o mais que conseguiu encontrar por ali e ainda pediu ao pessoal que fizesse xixi dentro. Subiu no muro e despejou tudo na cabeça do pobre coitado do garçom que sonhava com os anjinhos. O cara acordou sobressaltado, esbravejando enlouquecido sem entender o que lhe havia acontecido. Depois de se recobrar do susto, partiu furioso e rapidamente para a porta da rua tentando descobrir o autor daquela bandalheira. Lá fora, tudo em completo silêncio. Entrou na república para pegar o canalha que tivera a coragem de fazer aquilo. Ninguém em casa. Pedrinho já estava tranquilamente sentado no Bakana de Waldir Mendes, saboreando uma geladíssima cerveja.
Cenas de cinema! Coisas de Espinosa! Um grande abraço espinosense.
Pedrinho*: nome fictício.