Hoje, dia 17 de maio, é celebrado o Dia Internacional contra a Homofobia. Por mais que seja difícil para pessoas extremamente conservadoras, criadas sob rígidas normas morais e religiosas, torna-se cada dia mais necessária a aceitação das múltiplas formas de vivenciar os afetos e a sexualidade. É natural que pessoas mais apegadas às tradições tenham uma dificuldade maior para se adequar aos novos tempos e às mudanças constantes na sociedade. Mas como poeticamente cantava Belchior, pode-se sim amar o passado, mas não há como impedir a chegada do novo, pois ele sempre vem. Se isso é deveras irreversível, que nos adaptemos então ao novo, como nos mostrou o Charles Darwin.
Tudo muda! E tudo muda o tempo todo! A roda da História gira lenta ou celeremente e nos leva adiante, com saltos de evolução combinados com retrocessos bruscos e infelizes. Mas é preciso aceitação da realidade, e sem violência, ódio ou intolerância. Há certo tempo, perto de um século atrás, tínhamos seres humanos escravizados diante dos nossos olhos. Tínhamos mulheres que não podiam votar. Tínhamos trabalhadores sem nenhuma proteção social ou jurídica. Tínhamos jovens meninas expulsas de casa após engravidarem fora do casamento. Tínhamos jovens rapazes internados e torturados em manicômios por comportamentos sexuais tidos como inconvenientes e fora do padrão. A evolução do homem nos levou a avanços que mudaram esse panorama, se não completamente, em boa parte. E essa transformação não pode ser reprimida, ainda mais que esses avanços corrigem injustiças históricas e absurdas contra seres humanos. É inadmissível que em pleno Século XXI, pobres, moradores de periferia, analfabetos, ateus, negros, mulheres, homossexuais e outras ditas "minorias" sofram o maldito preconceito em nossa sociedade. E mais que o maldito preconceito, que estes humanos sejam atacados verbal e fisicamente, chegando ao cúmulo de perderem suas vidas de forma banal e violenta por suas condições sociais ou orientações sexuais.
Absurdamente, em alguns países, homossexuais podem ser presos ou até mesmo condenados à morte pelo simples fato de se assumir diferente e vivenciar suas escolhas sexuais. Isso em pleno Século XXI! Não à toa, são países onde se sobressai o atraso e o fanatismo religioso. A luta dos LGBTI+ é diária, difícil e dura. Somente no ano de 1990, ou há 31 anos apenas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde. Se a decisão já chegou muito atrasada, o preconceito ainda resiste no seio da sociedade ignorante e retrógrada no Brasil e em muitos lugares do mundo. Por outro lado, algumas vitórias foram consagradoras para os homossexuais, como a decisão do Supremo Tribunal Federal que em 2019 criminalizou a homofobia e a transfobia. Atos sexuais consensuais entre adultos são decisões que cabem apenas e tão somente aos atores no processo, não cabendo a interferência de mais ninguém. Cada um que cuide da sua própria vida e deixe os demais em paz. Precisamos aprender isso o mais rápido possível. A ignorância deve ser transformada em conhecimento e o atraso em evolução. A liberdade de discordar é sagrada e ninguém é obrigado a se sentir confortável com a liberdade de escolha dos demais, mas o respeito às decisões e escolhas alheias é fundamental.
Um fato ocorrido há poucos dias merece aplausos. O ex-participante do programa da TV Globo Big Brother Brasil, o doutorando em Economia Gilberto Nogueira, mostrou todo seu amor ao Sport Recife, seu clube do coração, em visita ao estádio Ilha do Retiro. Pelo simples fato de ter feito sua dancinha característica no gramado do estádio, ele foi atacado homofobicamente por um radical conselheiro do clube pernambucano. Em resposta, boa parte da torcida, a diretoria e os jogadores do clube demonstraram seu total apoio ao rapaz, com faixa e camisas com mensagens contra a homofobia apresentadas na primeira partida da final do Campeonato Pernambucano contra o Náutico. Para completar tão lindo e exemplar gesto, o capitão do time, o sensato e equilibrado lateral-direito Patric se pronunciou em um vídeo direcionado ao Gil do Vigor, como ficou conhecido nacionalmente, mostrando toda sua dignidade, clarividência e respeito às diferenças.
Evoluir é preciso, mais do que preciso! Homofobia, NÃO!
Um grande abraço espinosense.