Por alguns consecutivos dias, São Pedro resolveu descansar e deixou abertas as comportas do Céu sobre a terra cinzenta, mas fértil, do Sertão massacrado pela seca. Foram dias de imensa alegria para o povo sofrido do Sertão que renovou com entusiasmo a esperança de dias melhores após esses tempos sombrios. Chuva quase ininterrupta, mansa, sem ventanias destruidoras, sem muitos relâmpagos ou trovões, este foi o alvissareiro panorama na região toda do Norte de Minas Gerais. Terra ensopada, lagoas e tanques reabastecidos, rios cheios, as barragens à espera de parte de toda esta água abençoada que nos caiu do Céu.
Para os habitantes das grandes cidades do país, sobretudo as litorâneas, tempo bom é Sol forte brilhando no Céu sem nuvens. Está certo. Lá eles dependem do Astro-Rei para que sua Economia funcione a pleno vapor. No litoral, ainda mais, pois o turismo necessita muito de tempo limpo sem chuva para que os visitantes aproveitem ao máximo as belezas deste tão maravilhoso país tropical. Ah, mas para nós aqui do Sertão não é bem assim! Aqui para nós "tempo bom" é quando o Céu se fecha em nuvens escuras e depois de muitas tentativas e desistências, resolve fazer descer sobre nossas cabeças cansadas e nosso chão estorricado a bendita e renovadora água da chuva.
Estando em Espinosa pude presenciar a alegria estampada nos rostos dos nossos conterrâneos, satisfeitos, alegres e reanimados com a dádiva divina que gera oportunidades de trabalho, fartura na mesa e bons lucros a quem vive de cultivar abnegadamente a terra. A estes, o meu carinho e respeito e os desejos de muito boa sorte na colheita!
Um grande abraço espinosense.