Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

terça-feira, 13 de outubro de 2020

2522 - Saudades do meu amigo-irmão Dalton e de sua esposa Marivanda

Já são 15 anos de saudades. Dalton Nunes Xavier, meu querido amigo-irmão da Turma da Rua da Resina nos deixou abrupta e tristemente no dia 08 de junho de 2005. E o destino ainda quis colocar à prova a fé e a resiliência dos filhos Joicy, Geysa e Danílton, quando levou três anos mais adiante, também de forma repentina e dolorosa, a batalhadora mãe Marivanda, no dia 24 de agosto de 2008. A vida é dura e difícil para todo mundo, mas sabe-se lá o porquê, alguns seres humanos parecem ser escolhidos para passar por experiências mais complexas e desafiadoras aqui na Terra. E graças a Deus, os jovens órfãos de pai e mãe mostraram sua força, resignação e determinação, enxugando as lágrimas, suportando a terrível dor da perda e da separação e seguindo adiante apostando na Educação para conseguirem pavimentar um futuro de superação, realização pessoal e profissional e alegria desmedida na vida. 
Dalton Nunes Xavier nasceu aos 04 de março de 1960. Quando faleceu, tinha apenas 45 anos vividos. Sua esposa Marivanda nasceu aos 13 de outubro de 1964. Estaria comemorando exatamente hoje seus 56 anos de idade. Quando faleceu, tinha apenas 44 anos.   
Dalton era talvez o mais sereno e tranquilo integrante da nossa Turma da Resina, sempre calado, introvertido, na dele, mais escutando que falando. Mas quando requisitado, não deixava de expor sua opinião, inclusive com firmeza e propriedade. Apesar de bem quieto, Dalton era muito engraçado. A gente o zoava muito pela sua indecisão de ser sempre o último a confirmar a participação nas nossas farrinhas. Enquanto todo mundo confirmava de pronto a presença, Dalton enrolava e só no último dia, na última hora, no derradeiro minuto, ele confirmava sua indispensável participação. Em muitas oportunidades ele foi o nosso motorista, sempre cuidadoso e responsável nos transportes da turma para farrinhas em beiras de rios. Funcionário dedicado e correto, Dalton trabalhou longo tempo no estabelecimento comercial de Naim Antunes de Souza ali na praça da Prefeitura. 
Já sua esposa Marivanda, a aniversariante do dia, é um dos exemplos mais bonitos que eu tenho de uma mãe dedicada ao extremo com a família, especialmente aos filhos. Uma mulher guerreira, sempre firme e determinada na luta cotidiana para providenciar a sobrevivência digna e confortável à sua prole. Sua história de vida é encorajadora e serve de combustível para que outras pessoas se mirem em seu exemplo para vencer as vicissitudes da penosa caminhada terrena. 
Foram muitos os momentos de felicidade e alegria que passamos juntos nas muitas festinhas e farrinhas da nossa turma, não sem algumas divergências pontuais, mas sempre com o mais sublime sentimento de amizade, solidariedade e lealdade. Dalton e Marivanda fazem muita falta e deixaram muita saudade em nossos corações. Mais ainda nos corações feridos dos seus filhos Joicymara (Joicy) Santos Xavier, Geysa Xavier e Danílton Xavier. Que eles mantenham por seus pais, o amor eterno, a saudade acesa e o orgulho inabalável de serem frutos de dois incríveis seres humanos.
Um grande abraço espinosense.   






2521 - O ocaso de um símbolo de BH

Quem passa pela famosa Avenida Afonso Pena, nº 1050, bem no centro de Belo Horizonte, certamente haverá de notar o bonito e imponente edifício construído em forma de meia-lua diante do Parque Municipal, ali na esquina com a Rua da Bahia. Naquele belo edifício funcionou, entre 1978 e novembro de 2018, o luxuoso Othon Palace Hotel, com seus 29 andares, 296 quartos e sua suíte presidencial de 120 m² e banheira em mármore de Carrara que ocupa a metade do 23º andar do prédio. Lá no alto do último andar funcionava o Restaurante Varandão, ao lado da piscina com visão espetacular do coração da capital Belo Horizonte. O Othon era referência de requinte no setor hoteleiro belo-horizontino, recebendo por seus 40 anos de vida muitas personalidades ilustres de todo o mundo. Por lá se hospedaram a primeira-dama da França, Danielle Mitterrand, o escritor José Saramago, os músicos Astor Piazzolla, Tom Jobim, Roberto Carlos e Nara Leão e a magnífica atriz Fernanda Montenegro, entre tantos outros personagens célebres.









Por conta da recessão econômica do país nos últimos anos, com diminuição da lotação e aumento da concorrência e das dívidas, o Othon foi obrigado a fechar as portas. O ano de 2014, com a realização de jogos da Copa do Mundo na cidade, foi o último com superávit nas contas. O hotel perdeu o status de 5 estrelas, sendo obrigado a reduzir suas tarifas por ter sido rebaixado a 4 estrelas. A partir daí os prejuízos se acumularam e ficaram impagáveis, com débitos exorbitantes de IPTU que beiram os R$ 5 milhões. Depois de fechado, o prédio foi a leilão há poucos dias com o lance mínimo de R$ 30 milhões, sem aparecer interessados. Conforme especialistas do mercado imobiliário, o desinteresse pela aquisição do hotel deve-se a vários fatores, como sua obsolescência, seu passivo tributário, os altos custos de manutenção e a necessidade de uma reforma geral em elevadores, refrigeração, ar-condicionado e rede hidráulica que ficaria em torno de R$ 12 milhões em plena retração da Economia com a ainda presente pandemia do novo Coronavírus. Contam ainda contra o edifício, a pouca oferta de vagas de estacionamento, mesmo que localizado em posição excepcional em pleno centro da cidade, e o tombamento da construção pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte (CDPCM-BH), o que dificulta eventuais alterações na fachada, por exemplo. 









É muito triste ver verdadeiros símbolos de uma época de brilho e pujança como o Othon Palace de Belo Horizonte se pulverizando no ar impassível do capitalismo. É mesmo de se lamentar que toda uma estrutura gigantesca de matéria e luxo antes pulsante, efervescente e de celebração se desfaça, deixando prejuízos a investidores, funcionários e demais trabalhadores indiretos que faturavam nos seus arredores. Uma pena o declínio de tão belo cartão postal da linda Belo Horizonte! Fica a lição de que, assim como nós humanos, nada, por mais grandioso que seja, é para sempre. 
Um grande abraço espinosense.