As expectativas eram as maiores, mas infelizmente as coisas nem sempre acontecem como sonhamos e almejamos. Com o inesperado empate em 0 x 0 contra a Seleção da Jamaica, a Seleção Brasileira Feminina de Futebol foi eliminada ainda na fase de grupos, dando adeus mais uma vez ao sonho de conquistar uma Copa do Mundo. Assim é o futebol, imprevisível. E frustrante, às vezes. Time por time, o Brasil é muito superior tecnicamente à Jamaica, mas o cenário atual do futebol não mais apresenta aquele desnível imenso entre as melhores e piores equipes. O desenvolvimento do futebol no mundo inteiro diminuiu o enorme abismo de performance que antes existia entre os chamados grandes e os pequenos, resultando em um maior equilíbrio dentro de campo. O próprio Brasil, no cenário mundial do futebol feminino, não está entre os mais qualificados, lugar reservado para Estados Unidos, Alemanha, Suécia, Inglaterra, França, Espanha, Canadá, Austrália, Japão e Holanda. Mas o ótimo trabalho realizado nos últimos tempos levou o time brasileiro a brigar de igual para igual com as grandes seleções. Assim também ocorreu com as seleções consideradas menores, que alcançaram um estágio mais avançado nas suas apresentações. Exemplo claro disso é que hoje a Jamaica, que figura na 43ª posição no ranking da FIFA, conseguiu anular quase completamente o poderio do time brasileiro, 8º no ranking, usando um esquema de jogo bastante retrancado e seguro. Assim é o futebol, esporte em que nem sempre o melhor vence e se sobressai.
Depois de estrear vencendo bem e de goleada a fraca Seleção do Panamá por 4 x 0, a Seleção Brasileira perdeu para a França por 2 x 1, chegando à terceira e última partida da fase de grupos contra a Jamaica precisando desesperadamente da vitória. E ela não veio. A Jamaica mostrou-se aguerrida e organizada, fechando os espaços com um esquema bastante defensivo e eficiente, conseguindo segurar o ataque brasileiro e conquistando o empate sem gols que lhe garantiu a classificação em segundo lugar no grupo, atrás da França. Para o Brasil foi um resultado frustrante e desolador, mas para a Jamaica é uma façanha memorável, digna de feriado nacional na terra de Bob Marley.
A partida entra para a História como a despedida da gigante Marta Vieira da Silva nas Copas do Mundo, após se tornar a "Pelé" do futebol feminino, com participação em seis dessas competições. Marta termina o seu incrível reinado pelos gramados do mundo com seis troféus de Melhor Jogadora do Mundo e o título de Maior Artilheira das Copas, com 17 gols marcados. É ainda a maior goleadora da História da Seleção Brasileira, com 122 gols marcados.
Não há como não se sentir chateado, frustrado e decepcionado com a eliminação precoce da nossa Seleção, mas espero que não se instaure agora a terrível e improdutíva caça às bruxas, na tentativa de procurar e encontrar culpados pelo insucesso. Espero que o bom trabalho até aqui realizado não seja interrompido e que o apoio e os investimentos só aumentem para que possamos competir em igualdade de condições com as melhores seleções do mundo nas próximas competições, valorizando as jogadoras atuais e proporcionando oportunidades para as futuras atletas do futebol feminino.
Futebol é apenas um esporte, um jogo, em que se ganha ou se perde. Ninguém ganhará sempre e a derrota serve para o exercício da humildade e o aprendizado para dar a volta por cima.
Quanto à nossa Rainha Marta, só temos o que agradecer pela sua brilhante trajetória pelos campos e fora deles, sempre consciente e determinada na defesa do futebol, da integridade e da Justiça.
Um grande abraço espinosense.
