Com o Palmeiras já fora do páreo, o Campeonato Brasileiro de 2021 continua no radar de apenas Atlético e Flamengo que, jogo após jogo, emocionam e enlouquecem seus milhões de apaixonados torcedores. Como no futebol a distância entre a glória e o fracasso costuma ser ínfima, o Flamengo, que possui indiscutivelmente o melhor e mais poderoso elenco do país, pode terminar o ano de forma espetacular, com os títulos da Copa Libertadores, do Brasileirão e do Campeonato Carioca na sacola. No Brasileirão pode ser uma conquista histórica, de três títulos consecutivos, já que venceu a competição nos anos de 2019 e 2020. Se assim for, será incrivelmente mágico para a imensa Nação Rubro-Negra. Mas também, por força do destino imprevisível, tudo pode descambar para o insucesso gigantesco, se o time perder o Brasileirão para o Atlético e a Libertadores para o Palmeiras. No futebol tudo pode acontecer. O imponderável é o que comanda o esporte mais amado do mundo. Assim também pode acontecer com o Atlético.
Depois de ter ganhado o Campeonato Mineiro pela 46ª vez, o Atlético realiza talvez a melhor temporada da sua gloriosa história, com excelente campanha na Copa Libertadores, chegando às semifinais do torneio e sendo eliminado invicto, já confirmado na grande final da Copa do Brasil contra o Athletico e com expressiva superioridade e vantagem na busca do tão sonhado segundo título no Campeonato Brasileiro. A equipe mineira precisa apenas de duas vitórias nos seus últimos quatro compromissos (dois deles em casa onde o aproveitamento é fantástico) para confirmar o título e deixar o Flamengo na saudade. Essa conta vale se o arquirrival Flamengo vencer todas as suas derradeiras quatro partidas. Se o time carioca fracassar nesta tarefa, o título pode ir para o Atlético sem que ele precise de mais nenhum ponto. Mas mesmo com um cenário amplamente favorável e auspicioso, a aficionada torcida atleticana, por mais que esteja com o grito de Campeão entalado há muito na garganta, precisa se reprimir, controlar a imensa ansiedade e ainda aguardar os próximos capítulos desta série de dimensões heroicas e gloriosas. O tão sonhado segundo título do Brasileirão pode vir muito em breve, mas matematicamente ainda não está garantido, o que leva a nós, torcedores alvinegros das Gerais, a quase não suportar a angústia de não ver logo o final da história, claro que positiva e feliz.
Mas se toda a imprensa esportiva brasileira insiste em afirmar que o Atlético já é Campeão Brasileiro de 2021, nós atleticanos temos que manter os pés no chão, a razão e a humildade intactas, irredutíveis. Afinal de contas a imprevisibilidade do futebol, inclusive com árbitros "equivocados", já nos tirou títulos que pareciam certos, definidos, ganhos. "Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém", ou "Não conte com o ovo na barriga da galinha", diz a sabedoria popular. Nunca é demais exercer a prudência. Vamos supor um cenário trágico e devastador para nós, atleticanos. Cansado e com vários atletas contundidos, o Atlético cai absurdamente de produção e deixa escapar os títulos do Brasileirão e da Copa do Brasil para Flamengo e Athletico, respectivamente. Certamente será uma frustração gigante para todos nós, uma tristeza imensurável, uma decepção extremamente dolorosa. Além de termos de aguentar um tsunami de zoeiras, gozações e memes de jornalistas e torcedores adversários por longo tempo, assim como nos aconteceu naquele inacreditável vexame do 6 x 1 do Brasileirão de 2011, quando poderíamos ter mandado já naquela ocasião o nosso arquirrival azul celeste para a segunda divisão. Fracassando novamente agora, certamente veremos torcedores exaltados, irritados, enraivecidos e descontrolados queimando camisas e bandeiras, quebrando cadeiras no estádio, vandalizando a sede do clube, atacando ferozmente treinador e jogadores e até prometendo jamais torcer novamente para o nosso amado Galo. Pode ser. Mas é preciso manter a calma, a sensatez, a serenidade, a clarividência, a razão. Com uma boa e sossegada reflexão, veremos que a nossa temporada neste ano já foi extraordinária, brigando até o final pelas principais competições, com um desempenho impecável, o melhor da nossa história. Mesmo no fracasso, há que se valorizar o bom trabalho realizado por diretoria, comissão técnica e jogadores. E com perspectivas de melhoria em um futuro bem próximo, após a inauguração do nosso estádio e com a manutenção de um elenco bastante qualificado. É preciso reconhecer e valorizar o trabalho realizado, por uma questão de justiça.
Mesmo se tudo der errado neste ano, certamente estaremos brigando por conquistas nos próximos anos, pois o planejamento do clube é sério, abalizado e focado no futuro. E assim, fatalmente títulos virão em algum momento, isso é muito provável. Se um desastre imprevisto ocorrer com a gente agora (três toques na madeira!), mesmo assim eu estarei elogiando os profissionais que levaram o Atlético a esta posição confortável e inimaginável há 16 anos, quando fomos melancolicamente rebaixados à segunda divisão. Com títulos ou não nas mãos ou na galeria de troféus, baterá eternamente em meu peito o coração atleticano. Se vierem conquistas gigantes ou fracassos retumbantes, minha alma atleticana seguirá firme e forte, suportando todas as agruras, jamais fraquejando ou sucumbindo às vicissitudes esportivas e econômicas do caminho. O nosso hino já diz: "Galo, uma vez até morrer!" Sei que alguns mais afoitos e radicais irão querer me apedrejar pela simples projeção de um infortúnio quase impossível de ocorrer, diante do panorama atual de vantagem atleticana nos números. Mas se há possibilidades matemáticas de ocorrer o panorama indesejado, temos que sim discutir essa contingência, sem omissão.
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| E se estas três taças forem conquistadas, será que a Massa Atleticana vai gostar? |
Mas imaginemos então o aspecto positivo da situação, com a provável conquista memorável do segundo título do Campeonato Brasileiro pelo Atlético. Será uma façanha extraordinariamente radiante após uma campanha brilhante de uma equipe notável, determinada, coesa, qualificada, confiante e decidida a fazer história no clube. Será uma loucura desembestada a conquista do Brasileirão pelo Galo. Certamente a Massa Atleticana extravasará sem moderação pelos bares e ruas das cidades os 50 longos anos de desejo, impaciência, agonia e frustração que chacoalharam seu espírito e seu coração. Já está sendo linda a invasão dos torcedores atleticanos no Mineirão a cada partida do time. E esta festa magnífica será ainda mais emocionante e prazerosa quando o capitão Junior Alonso receber e levantar o cobiçado troféu de Campeão Brasileiro da Série A. E esse desvario desenfreado seguirá adiante sem controle se vier também o segundo título da Copa do Brasil. Não fosse nossa já testada e comprovada imunidade às emoções exacerbadas, poderíamos já nos preocupar com ataques letais do coração, pois certamente ele, o coração atleticano, irá bater mais descompassado do que nunca! A alegria virá, se Deus quiser! Eu acredito!
Um grande abraço espinosense.
