O ano vai se aproximando do seu fim e os campeonatos nacionais de futebol vão se encaminhando para o final da primeira fase, o chamado primeiro turno. Os maiores times mineiros seguem caminhos completamente diferentes, com performances antagônicas.
Na Série B, faltando apenas três rodadas para o término do primeiro turno, o América, que ainda enfrentará o Brasil de Pelotas e o Confiança em casa e o Avaí fora, está na terceira posição na tabela, com um aproveitamento de 60,4% e 29 pontos ganhos. São 16 partidas disputadas, com 8 vitórias, 5 empates e 3 derrotas, 15 gols marcados e 9 sofridos, saldo de 6. O Coelho de Lisca está muito bem na competição, figurando entre os primeiros colocados e atualmente no grupo dos quatro times que irão conseguir o almejado acesso à primeira divisão. Hoje à tarde enfrenta o Brasil no Independência e tem tudo para confirmar sua boa performance momentânea.
Já o seu estreante companheiro de Série B continua seu calvário. O glorioso Cruzeiro continua amargando o mais triste e difícil período de sua vitoriosa trajetória pelos gramados de Minas Gerais, do país e do mundo. Com a queda para a segunda divisão em 2019 e a perda de 6 pontos na competição deste ano devido a uma multa da FIFA, o Cruzeiro passa por péssimos momentos. Neste instante o time integra a zona de rebaixamento, com a 19ª posição na tabela, acima apenas do Oeste. São apenas 13 pontos conquistados em 16 partidas, com 5 vitórias, 4 empates e 7 derrotas, 15 gols marcados e 16 sofridos, saldo negativo de 1. O aproveitamento é pífio, apenas 39,6%. Para encerrar sua participação no primeiro turno, irá enfrentar hoje à noite o Operário fora de casa, quando Felipão estreará no comando da equipe, o Náutico em casa e o Paraná fora. A chegada do vitorioso e competente treinador Luiz Felipe Scolari reanimou as esperanças da torcida de uma reação monumental e de uma reviravolta espetacular na campanha desastrosa da equipe até aqui. Os números são desesperadores. Matemáticos da UFMG calculam apenas em 0,65% as chances, hoje, de o clube conseguir o retorno à Série A. Conforme os mesmos cálculos, a chance de cair para a terceira divisão é de 54%. Uma reação rápida é essencial para que esses números mudem completamente e reacendam a chama de esperança em um cenário mais animador. E para isso não há outra solução senão o retorno das vitórias. E muitas delas, e em série, pois nem empates resolvem nada. É ganhar ou ganhar para espantar para bem longe mais uma queda de divisão ou ainda a permanência na Série B em pleno ano do centenário. A missão é quase impossível, mas é preciso acreditar e lutar até o último segundo. Desistir, de jeito nenhum!
O Atlético navega em céu de brigadeiro na Série A, brigando entre os favoritos pesos-pesados do futebol brasileiro nas primeiras posições. No momento atual, o líder do campeonato é o Internacional, que faz excelente campanha e está na primeira posição com 34 pontos ganhos em 17 partidas. O atual Campeão Brasileiro, o Flamengo, é o atual vice-líder da competição, com a mesma pontuação e número de vitórias, empates e derrotas. O Inter leva vantagem no saldo de gols, com 15 contra 11 do Mengo. O time alvinegro das Gerais vinha mantendo a liderança isolada, mas tropeçou e perdeu a posição, podendo ainda recuperá-la se vencer o jogo adiado contra o Athletico, jogando em casa, no Mineirão, em data a ser marcada. Não há dúvida de que o Flamengo é o elenco mais qualificado do país, sendo portanto o maior favorito ao título. O Palmeiras tem o segundo melhor elenco e, mesmo apresentando um desempenho medíocre, ainda pode ser considerado um dos favoritos à conquista da taça de Campeão Brasileiro 2020. Outro clube que possui um elenco de qualidade incontestável é o Internacional, com alguns jogadores importantes em fase extraordinária, casos de Thiago Galhardo, Patrick, Edenílson, Víctor Cuesta e Saravia, este ótimo lateral-direito que, infelizmente, rompeu o ligamento cruzado do joelho direito na partida contra o América de Cali, pela Libertadores. O elenco do Atlético é bom, mas ainda necessita de alguns reforços. Carece de um atacante goleador, de um zagueiro rápido, de um meio-campista de criação, no mínimo. O elenco é muito jovem e inconstante e precisa ganhar malícia e experiência para render mais. O time ainda está em formação, mostrando instabilidade e desempenhos completamente distintos nos dois tempos das mesmas partidas. A posição atual na tabela, a terceira com possibilidade de retornar à primeira, é para ser comemorada pela torcida e não lamentada. É o que penso.
No jogo de ontem à noite em Salvador contra o Bahia, o Atlético foi avassalador no primeiro tempo, encurralando o adversário em seu campo e não lhe dando quaisquer chances de contra-ataque. Mas a boa atuação atleticana pecou nas finalizações. O time mineiro balançou as redes baianas apenas uma vez, perdendo um caminhão de chances de gol, mas terminou a primeira etapa na frente do placar com 1 x 0. Tudo ia bem para o Atlético, que com essa vitória, mesmo que magra, estava recuperando a liderança do campeonato. Mas tudo mudou de repente. O Bahia mudou o esquema, trocou jogadores e adotou uma postura mais agressiva na busca pela reviravolta no placar. E com o inacreditável marasmo apresentado pelo Atlético no segundo tempo, conseguiu a reação com todos os méritos. O Atlético redescobriu algumas velhas e imutáveis máximas do futebol: "O jogo só termina quando acaba", "Cochilou, o cachimbo cai" e "Quem não faz, leva!". Não adianta nada ter melhores números na estatística, com maior posse de bola, maior número de passes, maior número de chances criadas, mais chutes a gol, mais escanteios a favor etc, se o gol adversário não for vazado mais vezes que o seu. O Bahia mereceu vencer porque foi eficiente e mortal quando apareceram as chances de gol, com uma atuação impecável do centroavante Gilberto, em noite iluminada. Agora é preciso seriedade, planejamento e eficiência para o Atlético vencer o próximo adversário, o Sport Recife, no Mineirão, sábado, às 21 horas. Não há outra opção se quiser sonhar com o título: ganhar ou ganhar!
Ando percebendo tristemente, em uma grande parcela dos torcedores atleticanos, um sentimento nocivo de ingratidão com alguns profissionais que vestiram ou vestem a nossa gloriosa camisa. Quase que sempre, alguns torcedores detonam profissionais sérios e dedicados com ataques injustos. A crítica ao desempenho deles em campo é válida, natural e aceitável. Mas não posso concordar com a ingratidão. Há pouco tempo vi jogadores fundamentais em nossas grandes conquistas recentes, como o "Santo" Victor e o zagueiro-artilheiro Réver, sendo massacrados por parte da torcida, por terem falhado em lances pontuais em campo. Victor foi trucidado nas redes sociais e grupos de Whatsapp por levar um frango na derrota para o Santos, após ter entrado em campo para substituir Rafael, expulso em um lance bizarro. O grande capitão Réver é constantemente atacado, chamado de velho, lento e ultrapassado. Acho tremendamente injustas e inadequadas tais afirmações. Esses atletas são exemplos de profissionais sérios e dedicados ao clube, com grandes atuações que nos levaram a memoráveis conquistas e alegrias inesquecíveis. As críticas podem e devem ser feitas, mas com respeito e gratidão. Isso vale para todos que vestiram a nossa gloriosa camisa e, mesmo com suas limitações técnicas, táticas e físicas, defenderam as cores do clube com honra, vontade e seriedade. Tenho o maior respeito e consideração pelos jogadores que defenderam com integridade o nosso manto sagrado e que foram muito importantes em vários momentos da vida do clube como Patric, Elias, Fábio Santos, Edcarlos, Otero, Cazares e tantos outros mais. Temos muito o que agradecer a todos os atletas campeões (ou não) que se desdobraram em prol do Atlético em toda sua trajetória centenária. Não podemos nos esquecer de reconhecer com imensa gratidão o trabalho dos jogadores que nos resgataram da Segunda Divisão em 2006: Diego Alves (hoje no Flamengo), Édson, Bruno, Luisinho Netto, Daniel Marques, Marcos, Thiago Feltri, Rafael Miranda, Danilinho, Márcio Araújo, Bilu, Marcinho, Éder Luís, Galvão, Marinho, Tchô, Roni, Lima, Ramon, Dinélson, Marquinho, Tony, Thiago Júnio, Zotti, Rodrigo Dias, Adriano Júnio, Leandro Castan (hoje no Vasco), Renan, César, Zé Antônio, Henrique, além do treinador Levir Culpi e demais integrantes da comissão técnica. Cada jogador que entrou em campo e deu a sua colaboração para o time, mesmo que mínima, merece todo o nosso reconhecimento. Obrigado a todos os que deram seu suor para colocar o Atlético no lugar mais alto do pódio e nos encher de alegria! Gratidão é imprescindível e deve ser eterna!
Um grande abraço espinosense.