Espinosa sempre foi grande celeiro de craques do futebol. Roberto Pé-Duro, Sidney Castro, Tatuzinho, Eugênio, Ernane, Téo, Beto de Horácio, Dal, Jorginho, Tarcísio, Zé Maria, Fonso, e tantos outros mais que poderiam estar aqui incluídos. Mas o melhor de todos não era de Espinosa, mas da cidade de Urandi, na Bahia. Kita foi, para mim, o melhor jogador de futebol que eu vi jogar em Espinosa. Possuidor de uma qualidade técnica excepcional, chutes e passes precisos, ótima visão de jogo, contava ainda com uma maneira toda peculiar de jogar. Ficava embasbacado quando ele se jogava ao ar para receber a bola, e descia ao chão, espetacularmente, com ela colada ao seu peito, em um espetáculo de beleza e plasticidade. Admirava cada drible, cada matada de bola, cada lançamento, cada passe, cada chapéu desferido no adversário. Ficava eu, ali, sentado no chão, no antigo estádio de terra batida (hoje o Mercado Municipal) apreciando as suas jogadas e me questionando por que eu não conseguia fazer aquilo que, para ele, parecia ser tão simples e fácil. Sou seu fã incondicional até hoje e nunca consegui apresentar um futebol que significasse pelo menos 10% do que ele jogava. Mas isso, também, era querer demais.
Tive a frustração de não poder jogar futebol ao seu lado. Certa vez, o nosso time de veteranos, o 9 de Março, promoveu uma partida de homenagem à Kita. Ele até vestiu o nosso uniforme, mas não quis entrar em campo para jogar. Foi uma tremenda frustração não poder atuar ao seu lado, mas pelo menos tirei uma foto ao seu lado, o que muito me orgulha. Estão na foto, além de Kita, dois outros craques, meus ídolos, que tive a honra de jogar junto: Téo e Beto.
