Para comemorar os 97 anos de emancipação política da nossa amada terra natal, Espinosa, algumas reminiscências de infância, adolescência e juventude em forma de verso.
Parabéns, minha terra querida! Que seus filhos naturais e adotados a façam cada dia mais bonita, evoluída, moderna, empática, solidária e justa.
Hoje eu acordei com uma esperança auspiciosa
Nesta manhã ensolarada de 9 de março de 2021
Em que completa 97 anos a minha amada Espinosa
Terra natal por quem conservo um sentimento incomum
As antigas imagens fervilham na minha memória
Em que completa 97 anos a minha amada Espinosa
Terra natal por quem conservo um sentimento incomum
As antigas imagens fervilham na minha memória
Dos seus rios, ruas, avenidas, praças e recantos
Dos fatos pitorescos e importantes da sua rica história
Dos muitos personagens que nos trouxeram encantos
Dos lugares, pessoas e acontecimentos
Bate no peito sempre a imensa saudade
Trazendo à tona eternos momentos
De uma época de tamanha felicidade
Quanta saudade tenho do belo Cine Coronel Tolentino
De propriedade dos saudosos irmãos Tidim e Nelito
Em que assistíamos com sofreguidão e alma de menino
Os filmes de Tarzan, Trapalhões e faroestes com nosso ator favorito
Saudade da Discobel de João Carlos e da Musical de Julinho Figueiredo
Onde íamos para ouvir música e comprar os discos dos cantores amados
Em plena realização da alma, sendo felizes sem o menor sentimento de medo
Levando para casa os vinis do Pink Floyd, Queen, Fagner e Secos e Molhados
E as incríveis delícias que Espinosa nos proporcionava sem eira nem beira?
Comer guloseimas no bar de Seu enquanto jogávamos sinuca
Consumir zorro, chicletes Ploc e groselha no bar de Seu Cerqueira
Ou ter o privilégio de ainda saborear o doce de coco de Isaura de Filuca?
Que maravilha era tomar o caldo de mocotó de Varisco no Araponga
E de esperar na madrugada o mágico pirão de Chico da Santana
Depois de farrear durante o dia e até mais tarde, na noite longa
Tomando a cerveja mais gelada da cidade no bar de Zade, o Copacabana
Como esquecer do saboroso bife de fígado do restaurante de Helena
Ou o inigualável e estupendo sarapatel de carne bovina de Ninha
Como não lembrar dos frangos desossados de Tia Lia, delícia plena
E das pizzas de Jésus e dos pastéis de Zulma e Zezinho Brasinha
E as festinhas da Turma da Resina na casa de Dona Cassionília?
Em que confraternizávamos em música, alegria, paz e harmonia
Todos irmanados em concórdia como em uma imensa família
Unidos e compenetrados na arte de curtir a vida em uníssona sintonia
Saudade dos passeios intensos e circulares nas praças da cidade
Após as missas do saudoso Padre Martin na Igreja Matriz
À procura de uma bela namorada que nos levasse à felicidade
E nos fizesse realizar nossos mais elevados sonhos juvenis
Como esquecer da pinga famosa de Clóves Cruz, a excelente Ingazeira
Que usávamos para fazer batida pras nossas festinhas adolescentes
E as animadas discussões na Resina com Nenzão, Luizão, Vavá e João Meira?
Com os mais variados assuntos em pauta, inclusive as charadas mais quentes?
E as nossas investidas infratoras às frutas das chácaras de seu Cairo e Abelar?
E as madrugadas vencidas no hoje extinto bar 24 horas da Avenida Minas Gerais?
E as queimas do Judas na Sexta-feira da Paixão contadas em poesia singular?
E os momentos inesquecíveis nas boates Xodó, Redondo e Barbaridade que não voltam mais?
E as compras de foguetes, bombas e traques em Aristides Tolentino e João Miranda?
E as fogueiras com batata doce que enfeitavam as ruas da cidade no São João?
E os deliciosos picolés de Dona Cici de Carlito que faziam sucesso sem propaganda
E o irresistível doce de leite de Marlene de Almerindo que era uma perfeição?
E o que dizer dos maravilhosos biscoitos com café e leite de Dona Preta?
E os frangos assados e a ótima prosa de Waldir do Bakana, sempre numa boa?
E as codornas misteriosas de Valdo do Mingu, as melhores do planeta?
E os espetinhos de Tone Labareda e os petiscos do Recanto da Lagoa?
Como omitir as brincadeiras de guerreiros índios no Rio São Domingos?
Os passeios no Impossível, no Rio Verde, no escorregador do Galheiro?
Do futebol descalço na rua, o dia e a noite inteira de segundas a domingos?
E a subida íngreme anual na Sexta-feira Santa no Morro do Cruzeiro?
E como deixar passar as lembranças maravilhosas do Carnaval do Clube dos 100?
E de seu Zé do Hotel, de Chupetinha e outras queridas figuras mais?
E dos romances fugazes, dos amores múltiplos, das paixões sem vintém
E do som e ritmo encantador d´Os Cardeais que a gente não esquece jamais?
Lembro-me com bastante saudade dos tempos do futebol quando menino
Lembro-me com bastante saudade dos tempos do futebol quando menino
Dos times que joguei, do Juventus, Realmatismo, Asa Branca, Minas, Cruzeirinho
Correndo atrás da bola sob o escaldante sol, mesmo com meu corpo franzino
Ao lado de tantos grandes craques como Jorginho, Ernani, Gena e Tatuzinho
Recordar do privilégio que foi jogar ao lado de tantas grandes feras
Como Téo, Fonso, Sidney, Roberto Pé-Duro, Niactor, Tarcisinho
E estar feliz por ter convivido bem com gentes de outras eras
Em clima de paz e harmonia, sendo tratado com respeito e carinho
Não posso esquecer das brincadeiras de bola ao lado da Cotesp, na praça
As aventuras no Karmann Ghia de Negão e no Jipão de Seu Vavá
Os banhos de rio no açude de Clóves Cruz, fabricante de cachaça
E as peladas no campinho do Cruzeirinho na manga de Seu Azemar
Como esquecer da Rua Arthur Bernardes e a brincadeira do chicotinho queimado?
Como esquecer da educação física com Geraldo Bala e Domingão de Gino?
Pegando pão quentinho na panificadora de Alisson Cruz na madrugada, esfomeado?
E os banhos de rio no poção do Araponga e no escorregador do Galheiro, quando menino?
Como não reviver os batuques nas mesas no Bar Labareda e de Tia Lia?
E as animadas farras durante a Copa do Mundo no Recanto da Lagoa?
E os namoros apaixonados nos bancos das praças, noite e dia?
E o papo no fim da noite no passeio de Dona Neuza, como o tempo voa!
E como não lembrar dos embates entre Espinosense e Santa Cruz no Campão?
E a rivalidade forte entre atleticanos e cruzeirenses que nunca acabavam em briga?
Carlinhos Pé-de-Chumbo, Climério, Walter Pinto, Luiz Ribeiro, Zé Jorge, Gibão?
Tuzinho, Tatuzinho, Palau, João Carlos, Beto de Horácio, Tim de Preto, Barriga?
E a luz que era desligada antes da meia noite, quando do motorzão?
Pilotado pela ilustre e querida figura de Mirão eletricista?
E a queima do Judas na Rua da Resina, comandada por Luizão?
Em que em conjunto fazíamos o testamento, com verve humorista?
Ah, que saudade dos nossos extravagantes e saudosos personagens
E o "abacaxi ananás", o "uérre!" e o "uh, lagartixa!", bordões do Arixó
Ah, que saudade dos pulinhos de Doza e das suas hilárias traquinagens
E os causos do meu Tio Luizão na casa de Madrinha Judith, minha avó?
São tantas boas lembranças a trazer à mente novamente
Mas é preciso viver intensamente o momento presente
Juntando forças para construir um futuro transcendente
Para as novas gerações desta Espinosa que amamos cegamente
Fica então o reconhecimento a tantos personagens que fizeram nossa história
Que deram sua contribuição especial à comunidade, entre jovens e veteranos
E agora comemoremos com alegria, guardando com carinho na memória
O aniversário da nossa amada Espinosa dos seus 97 anos!
Um grande abraço espinosense.