Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

300 - A Associação Atlética Banco do Brasil-AABB em Espinosa

A Associação Atlética Banco do Brasil de Espinosa foi criada em 19 de abril de 1972 pelos abnegados funcionários da época, que sentiram a necessidade de criar um espaço de lazer para eles e suas famílias. Localizado no Bairro Santos Dumont, exatamente na Rua Antonina Nena Salviola, n° 397, o clube do Banco do Brasil estará completando 40 anos neste ano de 2012.
O clube conta com bar, salão de festas, parque infantil, sauna, piscinas para adultos e crianças com escorregador, sala de sinuca, quadra de peteca, quadra poliesportiva, campo de areia e campo de futebol society gramado. Promove ainda, em parceria com a prefeitura, o excelente Programa AABB-Comunidade que atende crianças carentes, proporcionando a elas alimentação, esportes, ensino de música, artes e complemento educacional.
Vista aérea da AABB-Espinosa
(Foto de Gilda Rodrigues)
Os torneios de futebol de salão promovidos pela AABB ficaram na história, com disputas sensacionais e inesquecíveis. Eram uma grande atração para os entusiastas do esporte, que lotavam as dependências do clube para assistir aos jogos. Por muitas vezes o esforçado time da AABB-Espinosa se destacou, vencendo várias competições ali disputadas. Uma das mais lembradas é a final contra o forte time da EMSA, vencida por nós por 2 x 1, que levou centenas de torcedores para o clube e entrou para a história como o maior público já visto em uma partida de futebol de salão na cidade.   
Administrado em toda a sua história por funcionários altruístas e determinados, já que o cargo não é remunerado, o clube sobrevive atualmente apenas com as suas próprias receitas, das mensalidades dos associados e aluguel do salão de festas, sem participação financeira do Banco como antigamente acontecia. Mas mesmo com todas as dificuldades, a associação resiste firmemente, com a administração obstinada do desprendido João Carlos Amarante de Castro, um dos seus maiores defensores. Outros funcionários apaixonados pela AABB-Espinosa também foram presidentes, dando a sua importantíssima colaboração na melhoria das instalações do clube, como Walter Rodrigues Pinto, Carlos Magno Tolentino Vieira e Fernando Gomes Franca, entre outros. Tive o prazer de dar a minha pequena contribuição ao clube por um breve período e sei das imensas dificuldades por que passa o administrador na condução da associação, razão pela qual tenho o maior respeito e admiração por todos eles. 
Vejam algumas imagens da AABB-Espinosa.

















299 - "O Início, o Fim e o Meio" da vida de Raul Seixas

No dia 27 de janeiro de 2012 estreia nos cinemas do país, o documentário "O início, o Fim e o Meio", produzido em 2011 e dirigido pelo paraibano Walter Carvalho (o mesmo de "Cazuza") e Leonardo Gudel, que mostra a trajetória de sucessos, excessos e polêmicas do maior roqueiro da história da música brasileira, o "Maluco Beleza" Raul Seixas. O documentário foi apresentado em outubro, no Festival de Cinema do Rio e chegará ao grande público nos cinemas em janeiro próximo. O nome foi retirado da música "Gita", um dos maiores clássicos do artista baiano.
O filme mostra entrevistas e imagens de arquivo de toda a existência do grande ídolo de milhões de brasileiros, além de depoimentos de artistas como Paulo Coelho, seu grande parceiro, Renato e seus Blue Caps, Tarik de Souza, Nelson Mota, Caetano Veloso, Roberto Menescal, Tom Zé, Pedro Bial, Marcelo Nova, entre outros,  e de suas ex-mulheres (cinco) e filhas (três).
Raul Santos Seixas nasceu em Salvador, na Bahia, aos 28 de junho de 1945, filho do engenheiro da estrada de ferro Raul Varella Seixas e de Dona Maria Eugênia Santos Seixas. Desde a pré-adolescência Raul já era bastante influenciado pela música que fazia sucesso nos EUA através dos discos que chegavam às suas mãos pelos amigos do consulado americano. O rock and roll de Elvis Presley, Chuck Berry e Little Richards e o Blues das décadas de 50 e 60 fizeram a cabeça do garoto e o transformaram em um roqueiro entusiasmado, que logo criaria as suas primeiras bandas: "The Panters" e "Raulzito e os Panteras". Era o início de tudo.
O primeiro disco de sucesso, Krig-Ha Bandolo!
O sucesso chegou com o ótimo disco "Krig-Ha Bandolo!", de 1973, que apresentava os hits "Ouro de Tolo", "Mosca na Sopa", "Al Capone", e "Metamorfose Ambulante". Outros discos lançados também fizeram sucesso, como "Há Dez Mil Anos Atrás" e "O Dia em que a Terra Parou". Outros fracassaram. Depois do sucesso, vieram as drogas e o alcoolismo, que o deixaram em situação delicadíssima, principalmente pelos problemas de saúde causados pelo diabetes que o atormentava. A ausência em shows agendados ou a presença em apresentações completamente bêbado, custaram o abandono dos homens do show business, relegando-o ao ostracismo por um bom tempo. No ano de 1982, em um show em Caieiras, São Paulo, ele quase foi linchado pela plateia que suspeitou se tratar de um impostor, visto que ele se apresentava completamente bêbado, inchado e errando as letras das músicas. Foi preciso a intervenção da polícia para salvá-lo.

A carreira de Raul alternou bons e maus momentos. Em 1974 ele e o parceiro Paulo Coelho criaram a "Sociedade Alternativa", uma sociedade baseada nos preceitos do bruxo inglês Aleister Crowley, onde a principal lei era "Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei". A música de mesmo nome faria enorme sucesso e até hoje é uma de suas composições mais tocadas.
Depois de muito sucesso, muitos casamentos desfeitos, drogas e muito álcool, Raul estava abatido, enfraquecido e com a carreira estagnada. Só mais tarde, em 1989, em uma parceria com o roqueiro também baiano Marcelo Nova, vocalista do "Camisa de Vênus", ele voltaria ao trabalho, mesmo estando bastante debilitado, com 50 apresentações pelo país e lançaria o último disco: "A Panela do Diabo".

Marcelo Nova e Raul Seixas, o último trabalho
Na manhã do dia 21 de agosto de 1989, Raul Seixas seria encontrado morto em seu apartamento no Edifício Aliança, em São Paulo, vitimado por uma parada cardíaca. Sob o aplauso de milhares de admiradores fiéis, ele foi sepultado no dia seguinte, no Cemitério Jardim da Saudade, em Salvador.

DISCOGRAFIA RAUL SEIXAS

ÁLBUNS DE CARREIRA:
1968 – RAULZITO E OS PANTERAS – Lançado em LP, K7 e CD
1971 – SOCIEDADE DA GRÃ-ORDEM KAVERNISTA APRESENTA SESSÃO DAS 10 – Lançado em LP, K7 e CD
1973 – OS 24 MAIORES SUCESSOS DA ERA DO ROCK – Lançado em LP, K7 e CD
1973 – KRIG-HA, BANDOLO! – Lançado em LP, K7 e CD
1974 – O REBÚ (Trilha sonora original – Raul Seixas e Paulo Coelho) – Lançado em LP, K7 e CD
1974 – GITA – Lançado em LP, K7 e CD
1975 – 20 ANOS DE ROCK – Lançado em LP, K7 e CD
1975 – NOVO AEON – Lançado em LP, K7 e CD
1976 – HÁ DEZ MIL ANOS ATRÁS – Lançado em LP, K7 e CD
1977 – RAUL ROCK SEIXAS – Lançado em LP, K7 e CD
1977 – O DIA EM QUE A TERRA PAROU – Lançado em LP, K7 e CD
1978 – MATA VIRGEM – Lançado em LP, K7 e CD
1979 – POR QUEM OS SINOS DOBRAM – Lançado em LP, K7 e CD
1980 – ABRE-TE SÉSAMO – Lançado em LP, K7 e CD
1983 – RAUL SEIXAS – Lançado em LP, K7 e CD
1984 – RAUL SEIXAS AO VIVO – ÚNICO E EXCLUSIVO – Lançado em LP, K7 e CD
1984 – METRÔ LINHA 743 – Lançado em LP, K7 e CD
1985 – LET ME SING MY ROCK AND ROLL – Lançado somente em LP
1986 – RAUL ROCK VOLUME 2 – Lançado em LP, K7 e CD
1987 – UAH-BAP-LU-BAP-LAH-BÉIN-BUM – Lançado em LP, K7 e CD
1988 – A PEDRA DO GÊNESIS – Lançado em LP, K7 e CD
1989 – A PANELA DO DIABO – Lançado em LP, K7 e CD

ÁLBUNS POSTUMOS:
1991 – EU, RAUL SEIXAS (Ao Vivo – Show na Praia do Gonzaga, Santos/SP - 1982) – Lançado em LP, K7 e CD
1992 – O BAÚ DO RAUL – Lançado em LP, K7 e CD
1993 – RAUL VIVO (Ao Vivo – Shows em São Paulo - 1983) – Lançado em LP, K7 e CD
1994 – SE O RÁDIO NÃO TOCA (Ao Vivo – Show em Brasília - 1974) – Lançado em LP, K7 e CD
1998 – DOCUMENTO – Lançado somente em CD
2003 – ANARKILÓPOLIS – Lançado somente em CD
2005 – O BAÚ DO RAUL REVIRADO - Lançado somente em CD como brinde do livro "O Baú do Raul Revirado"

CAIXAS (EDIÇÕES ESPECIAIS):
1995 – RAUL/Série Grandes Nomes (Caixa com 4 CDs e livreto ilustrado)
2002 – MALUCO BELEZA (Caixa com 6 CDs e livro ilustrado)
2009 – 20 Anos Sem Raul Seixas - Box com CD + DVD. Reedição do CD e VHS "Documento" lançado em 1998, incluido a faixa inédita Gospel.
2010 – 10.000 Anos à Frente – (Caixa com 6 CDs + libreto)

Aqui o trailer do documentário "Raul Seixas - O Início, o Fim e o Meio":



Uma música do Raul não tão conhecida assim, mas de uma letra maravilhosamente bela.
Canto para Minha Morte
Raul Seixas

Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar
Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?
Vou te encontrar Vestida de cetim
Pois em qualquer lugar
Esperas só por mim
E no teu beijo
Provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo
Mas tenho que encontrar
Vem Mas demore a chegar
Eu te detesto e amo
Morte, morte, morte que talvez
Seja o segredo desta vida
Qual será a forma da minha morte
Uma das tantas coisas que eu nao escolhi na vida
Existem tantas... um acidente de carro
O coração que se recusa a bater no próximo minuto
A anestesia mal-aplicada
A vida mal-vivida
A ferida mal curada
A dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido
Ou até, quem sabe
O escorregão idiota num dia de sol
A cabeça no meio-fio
Ó morte, tu que és tão forte
Que matas o gato, o rato e o homem
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres
Me buscar
Que meu corpo seja cremado
E que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem
Nos meus filhos
Na palavra rude que eu disse para alguém
Que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber / Aquela noite...

Abaixo alguns vídeos de belas canções menos conhecidas de Raul Seixas. O último, da música "Capim Guiné" é em homenagem ao meu grande amigo Tião Xavier, fã alucinado de Raul.