Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

domingo, 2 de março de 2025

3684 - O Cinema Brasileiro finalmente ganha um Oscar!

O Cinema Brasileiro está em festa! Finalmente, pela primeira vez na história da mais importante e festejada premiação da indústria do cinema mundial, realizada nesta noite de 97ª cerimônia do Oscar no Dolby Theatre, em Los Angeles, um prêmio é dado a um filme brasileiro. Para desespero, enfurecimento e frustração de um bando de radicais extremistas brasileiros detratores do filme brasileiro dirigido pelo cineasta Walter Salles, a produção "Ainda Estou Aqui" foi a escolhida na categoria "Melhor Filme Internacional". O filme concorria em três categorias: "Melhor Filme", "Melhor Filme Internacional" e "Melhor Atriz".



Na realidade, o Cinema Brasileiro já ganhou um Oscar, mas pelo regulamento da época o prêmio foi destinado à França, terra do diretor do filme premiado "Orfeu Negro", Marcel Camus, e do produtor Sacha Gordine. A produção ítalo-franco-brasileira contou a trágica história de amor entre Orfeu e Eurídice durante um Carnaval no Rio de Janeiro. Apesar de a obra ter sido adaptada da peça "Orfeu da Conceição" de autoria de Vinícius de Moraes, ter sido filmada no Brasil, falado em Português e com atores e músicas brasileiras, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas deu o Oscar de "Melhor Filme Estrangeiro" de 1960 à França. No ano anterior o filme havia ganhado a Palma de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Cannes.



É uma vitória merecida e expressiva para o nosso Cinema, que tanta coisa boa já produziu, mesmo com as dificuldades de captação de recursos para as produções nacionais que geram significativas receitas e criam milhares de empregos para os trabalhadores das áreas da arte e da cultura.
Parabéns a todos os que participaram desta magnífica obra cinematográfica que mostra uma ferida ainda aberta na nossa História e que precisava ser conhecida pelo mundo inteiro.
Um grande abraço espinosense. 
 
Confira a lista completa de indicados e premiados do Oscar 2025:
MELHOR ATOR COADJUVANTE:
Yura Borisov, por “Anora”
Kieran Culkin, por “A Verdadeira Dor”
Edward Norton, por “Um Completo Desconhecido”
Guy Pearce, por “O Brutalista”
Jeremy Strong, por “O Aprendiz”

MELHOR FIGURINO:
“Um Completo Desconhecido”
“Conclave“
“Gladiador II”
“Nosferatu”
“Wicked” (Paul Tazewell)

MELHOR CABELO E MAQUIAGEM:
“Um Homem Diferente”
“Emilia Pérez”
“Nosferatu”
“A Substância” (Pierre-Olivier Persin, Stéphanie Guillon e Marilyne Scarselli)
“Wicked”

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL:
“O Brutalista” (Daniel Blumberg)
“Conclave”
“Emilia Pérez”
“Wicked”
“Robô Selvagem”

MELHOR CURTA-METRAGEM EM LIVE-ACTION:
“A Lien”
“Anuja”
“I’m Not a Robot”
“The Last Ranger”
“The Man Who Could Not Remain Silent”

MELHOR ANIMAÇÃO EM CURTA-METRAGEM:
“Beautiful Men”
“In the Shadow of the Cypress” (Shirin Sohani e Hossein Molayemi)
“Magic Candies”
“Wander to Wonder”
“Yuck!”

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL:
“Anora” (Sean Baker)
“O Brutalista”
“A Verdadeira Dor”
“A Substância”
“Setembro 5“

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO:
“Um Completo Desconhecido”
“Conclave” (Peter Straughan)
“Emilia Pérez”
“Nickel Boys”
“Sing Sing“

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE:
Monica Barbaro, por “Um Completo Desconhecido”
Ariana Grande, por “Wicked”
Felicity Jones, por “O Brutalista”
Isabella Rossellini, por “Conclave”
Zoe Saldaña, por “Emilia Pérez”

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL:
“El Mal”, de “Emilia Pérez” (Camille Dalmais, Clément Ducol e Jacques Audiard)
“The Journey”, de “The Six Triple Eight”
“Like a Bird”, de “Sing Sing”
“Mi Camino”, de “Emilia Pérez”
“Never Too Late”, de “Elton John: Never Too Late”

MELHOR DOCUMENTÁRIO:
“Black Box Diaries”
“No Other Land” (Basel Adra, Rachel Szor, Hamdan Ballal e Yuval Abraham)
“Porcelain War”
“Soundtrack to A Coup D’Etat”
“Sugarcane”

MELHOR DOCUMENTÁRIO DE CURTA-METRAGEM:
“Death By Numbers”
“I am Ready, Warden”
“Incident”
“Instruments of a Beating Heart”
“The Only Girl in the Orchestra” (Molly O’Brien e Lisa Remington)

MELHOR FILME INTERNACIONAL:
“Ainda Estou Aqui”
“A Garota da Agulha”
“Emilia Pérez”
“The Seed of the Sacred Fig”
“Flow”

MELHOR ANIMAÇÃO:
“Flow” (Gints Zilbalodis, Matīss Kaža, Ron Dyens e Gregory Zalcman)
“DivertidaMente 2“
“Memoir of a Snail”
“Wallace e Gromit: Vengeance Most Fowl”
“O Robô Selvagem”

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO:
“O Brutalista”
“Conclave”
“Duna: Parte 2”
“Nosferatu”
“Wicked” (Nathan Crowley)

MELHOR EDIÇÃO:
“Anora”
“O Brutalista”
“Conclave”
“Emilia Pérez”
“Wicked”

MELHOR SOM:
“Um Completo Desconhecido”
“Duna: Parte 2”
“Emilia Pérez”
“Wicked”
“O Robô Selvagem”

MELHORES EFEITOS VISUAIS: 
“Alien: Romulus”
“Better Man”
“Duna: Parte 2”
“O Reino do Planeta dos Macacos”
“Wicked”

MELHOR FOTOGRAFIA:
“O Brutalista” (Lol Crawley)
“Duna: Parte 2”
“Emilia Pérez”
“Maria”
“Nosferatu”

MELHOR ATOR:
Adrien Brody, por “O Brutalista”
Timothée Chalamet, por “Um Completo Desconhecido”
Colman Domingo, por “Sing Sing”
Ralph Fiennes, por “Conclave”
Sebastian Stan, por “O Aprendiz”

MELHOR ATRIZ: 
Cynthia Erivo, de “Wicked”
Karla Sofía Gascón, de Emilia Pérez
Mikey Madison, por “Anora”
Demi Moore, por “A Substância”
Fernanda Torres, por “Ainda Estou Aqui”

MELHOR DIREÇÃO: 
Sean Baker por “Anora”
Brady Cobert por “O Brutalista”
James Mangold por “Um Completo Desconhecido”
Jacques Audiard por “Emilia Pérez”
Coralie Fargeat por “A Substância”

MELHOR FILME:
“Anora”
“O Brutalista”
“Um Completo Desconhecido”
“Conclave“
“Duna: Parte 2”
“Emilia Pérez”
“Ainda Estou Aqui“
“Nickel Boys”
“A Substância”
“Wicked”

3683 - A força perturbadora de Nickel Boys

Nos racistas Estados Unidos da América, por muitos anos imperou a maldita e desumana segregação racial, onde seres humanos de cor negra eram tratados como pessoas de capacidade inferior aos de pele clara, um preconceito e uma discriminação covarde e violenta que só terminou nos anos 60 quando parte da população se revoltou através de protestos que finalmente forçaram os políticos a acabarem com esta barbárie. Sob o corajoso comando de figuras firmes e decididas como Martin Luther King Jr., Rosa Parks e Malcolm X, entre outros, os negros fizeram valer seus direitos e mudaram o panorama de segregação com vitórias expressivas em ações legais e legislativas como a Lei dos Direitos Civis de 1964, a Lei de Direito ao Voto de 1965 e a Lei dos Direitos Civis de 1968. Mudaram as leis, a segregação foi extinta, mas o racismo norte-americano persiste assustadoramente sobre as cabeças do povo negro, com abusos cotidianos ocorrendo em alguns lugares do país que se promove como o solo da Liberdade.



Uma história terrível de segregação racial e tratamento abusivo e violento contra jovens negros está contada no livro "The Nickel Boys", escrito por Colson Whitehead, que venceu o prêmio Pulitzer em 2019. O romance que virou o filme "Nickel Boys" ou "O Reformatório Nickel", com direção de RaMell Ross, conta a história dos jovens afro-americanos Elwood Curtis (Ethan Herisse) e Jack Turner (Brandon Wilson), enviados para internamento em um reformatório para jovens brancos e negros rebeldes, metidos em alguma confusão e com cometimento de pequenos delitos. O local era a Dozier School for Boys na Flórida e o tempo era os anos 60. Era lá que aconteciam os horrores. Fundada em 1900 na cidade de Marianna, no estado norte-americano da Flórida, a escola seria uma academia para a reabilitação de jovens infratores, mas se transformou, até ser fechada no ano de 2011, em um local de terror, tortura e assassinato de jovens rapazes negros e até brancos. Só depois de inúmeras denúncias de abusos cometidos na instituição é que o governo se prontificou a investigar, descobrindo um cemitério clandestino cheio de ossadas de pessoas, algumas ainda não identificadas. Apesar de o governo da Flórida ter feito um pedido formal de desculpas aos familiares dos desaparecidos e aos sobreviventes, até o momento, nenhum funcionário da instituição foi julgado ou condenado pelos seus crimes, o que é um absurdo.



A produção intitulada "Nickel Boys", que concorre hoje aos prêmios de "Melhor Filme" e "Melhor Roteiro Adaptado", foi filmada de uma maneira bastante diferenciada, em primeira pessoa, o que pretende nos colocar diante das atrocidades vistas e sentidas pelos meninos, o que nos causa um sentimento estranho de incômodo e até claustrofobia. Algumas cenas são bem lentas e sombrias, o que nos leva a imaginar quão tão pesados foram os castigos recebidos pelos garotos. Confesso que me senti muito mal, bastante perturbado com o estilo adotado na filmagem e na dureza das imagens que nos levam a imaginar a dor, a violência e a humilhação porque passaram indefesos jovens que deveriam ser protegidos com zelo e afeição pelo Estado. Toda a verdade sobre esta mancha terrível na história dos Estados Unidos só começou a vir à tona no ano de 2009, quando uma investigação foi iniciada e os corpos foram encontrados e desenterrados.



Veja os indicados ao prêmio de "Melhor Filme" no Oscar 2025, dos quais só assisti a quatro: "O Brutalista", "Conclave", "Ainda Estou Aqui" e "Nickel Boys":
"Anora"
"O Brutalista"
"Um Completo Desconhecido"
"Conclave"
"Duna: Parte Dois"
"Emilia Pérez"
"Ainda Estou Aqui"
"Nickel Boys"
"A Substância"
"Wicked"

Elenco de "Nickel Boys":
Ethan Herisse - Elwood Curtis
Ethan Cole Sharp  - o jovem Elwood
Daveed Diggs - o adulto Elwood
Brandon Wilson - Jack Turner
Aunjanue Ellis-Taylor - Hattie, avó de Elwood
Hamish Linklater - Spencer
Fred Hechinger - Harper
Jimmie Fails - Sr. Hill

A temida "White House" ("Casa Branca") do reformatório Arthur G. Dozier,
onde os meninos eram punidos com tortura e maus-tratos

 
Todos os horrores praticados em quaisquer lugares do mundo devem ser investigados e seus executores precisam ser condenados para pagarem por seus crimes hediondos. Nada, por mais terrível que seja, como o brutal Holocausto e os horrores das ditaduras, pode ficar escamoteado. Criminosos, quaisquer que sejam, não devem sofrer torturas, humilhações ou fuzilamentos, mas jamais devem ficar impunes.
O filme está disponível no catálogo da plataforma de streaming Prime Video.   
Um grande abraço espinosense.