Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

3598 - Acabou a magia da mítica Camisa 10?

Houve um tempo em que os uniformes dos times de futebol, então simples, básicos e precários, ainda não eram numerados. E há ampla controvérsia sobre quando ocorreu a primeira partida de futebol com jogadores usando camisas numeradas. Os australianos se dizem os primeiros, implantando a novidade em 1903. Os americanos se apresentam como os criadores da ideia em 1924. Já os inventores do futebol, os ingleses, afirmam ter iniciado a mudança em 1928, aprovando e praticando a ideia do ex-jogador Herbert Chapman, técnico do Arsenal. Mas oficialmente, vale o registro da partida final da Copa da Inglaterra no ano de 1933, disputada entre Manchester City e Everton no Wembley Stadium no dia 29 de abril, quando os jogadores atuaram pela primeira vez com camisas numeradas, o Everton com camisas de números 1 a 11 e o rival Manchester City com camisas de números 12 a 22. Logo adiante, chegaram à conclusão que os números poderiam ser iguais em equipes diferentes, sem causar confusão, e continuaram a usar a numeração de 1, tradicionalmente a do goleiro, até a 11, do ponta-esquerda. Mas a oficialização da exigência da utilização dos números só viria em 1939, com alguma resistência dos jogadores, que alegavam receio de serem confundidos com presidiários, uma enorme besteira.



No Brasil, somente no ano de 1947 as equipes começaram a usar numeração nas camisas. A primeira Copa do Mundo em que tal uso foi implantado aconteceu em 1950, competição realizada no Brasil. Na Copa dos Estados Unidos, em 1994, quando o Brasil tornou-se Tetracampeão Mundial, ocorreram mudanças muito bem-vindas, a de estampar o número também na parte da frente do uniforme e o nome do jogador nas costas, facilitando a identificação dos atletas. 
Durante muito tempo, seguiu-se um padrão mundial para a numeração dos jogadores em campo, com os jogadores de defesa usando camisas de 1 até o número 6 e os atacantes usando camisas do 7 ao 11, de acordo com suas posições. Atualmente isso caiu completamente em desuso, inclusive com mudança na denominação das posições em campo. Como era no passado:
Goleiro – 1
Lateral-direito – 2
Zagueiro – 3
Quarto Zagueiro – 4
Volante (Cabeça de área) – 5
Lateral-esquerdo – 6
Ponta-direita – 7
Meia-direita – 8
Centroavante – 9
Meia-esquerda – 10
Ponta-esquerda – 11



Entre todos os números na camisa, um se destacou absurdamente na história, tornado célebre por ter sido utilizada pelo melhor jogador de futebol de todos os tempos, o mineiro de Três Corações, Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé. Por conta da genialidade do gênio da bola do Santos, da Seleção Brasileira e do Cosmos de Nova York, a camisa 10 se consolidou como aquela usada pelo melhor jogador da equipe, o craque do time. Seja nas seleções nacionais ou no time de pelada das crianças em qualquer lugar do planeta, sempre haverá um jogador mais qualificado usando a mítica camisa 10. Em alguns casos, a vontade de usar a 10 acaba até em desavença e confusão. Já vi isso acontecer.
Na história do futebol, além do Rei Pelé, outros craques exuberantes também vestiram com merecimento e magia a icônica camisa 10: Diego Armando Maradona e Lionel Messi (Argentina), Zico, Roberto Rivellino, Ademir da Guia, Dirceu Lopes e Ronaldinho Gaúcho (Brasil), Lothar Mathäus (Alemanha), Michel Platini e Zinedine Zidane (França), entre outros.
Hoje em dia, com a transformação do futebol, a escassez de meio-campistas geniais e a inconstância na numeração nas camisas, a camisa 10 está muito desprestigiada, com pouquíssimos exemplos de craques geniais a utilizando em campo. Tal realidade pode ser percebida no Campeonato Brasileiro da Série A, em que jogadores medianos entram em campo ou até aguardam no banco de reservas com o número 10 às costas na camisa, fato impensável no passado. Entre os 20 times da Série A do Brasileiro, temos muitos jogadores medianos, alguns excelentes jogadores, mas craque mesmo, acho que só o Everton Ribeiro, pena que em final de carreira.
Há também na atualidade uma experimentação constante no modelo dos números das camisas pelos designers, com mudanças nem sempre as mais acertadas, com desenhos estranhos e até horrorosos, feios demais e difíceis de serem visualizados.    



Relação dos atuais camisas 10 das 20 equipes do Brasileirão 2024 Série A:
OBS: Como o Flamengo não está usando atualmente o número 10 no elenco, foi registrado o último jogador a usá-lo, Gabigol.

Athletico - Bruno Zapelli - Data de nascimento - 16/05/2002 - 22 anos
Atlético-GO - Shaylon Kallyson Cardozo - Data de nascimento - 27/04/1997 - 27 anos
Atlético - Paulo Henrique Sampaio Filho (Paulinho) - Data de nascimento - 15/07/2000 - 24 anos
Bahia - Everton Augusto de Barros Ribeiro - Data de nascimento - 10/04/1989 - 35 anos 
Botafogo - Jefferson David Savarino Quintero - Data de nascimento - 11/11/1996 - 27 anos
Bragantino - Lincoln Henrique Oliveira dos Santos - Data de nascimento - 07/11/1998 - 26 anos
Corinthians - Rodrigo Garro - Data de nascimento - 04/01/1998 - 26 anos
Criciúma - Marcos Gabriel do Nascimento (Marquinhos Gabriel) - Data de nascimento - 21/07/1990 - 34 anos
Cruzeiro - Matheus Fellipe Costa Pereira - Data de nascimento - 05/05/1996 - 28 anos
Cuiabá - Max Alves da Silva - Data de nascimento - 12/05/2001 - 23 anos
Flamengo - Gabriel Barbosa Almeida (Gabigol) - Data de nascimento - 30/08/1996 - 27 anos (EX)
Fluminense - Paulo Henrique Chagas de Lima (PH Ganso) - Data de nascimento - 12/10/1989 - 35 anos
Fortaleza - Calebe Gonçalves Ferreira da Silva - Data de nascimento - 30/04/2000 - 24 anos
Grêmio - Franco Sebastian Cristaldo - Data de nascimento - 15/08/1996 - 27 anos
Internacional - Alan Patrick Lourenço - Data de nascimento - 13/05/1991 - 33 anos
Juventude - Anderson Luis de Carvalho (Nenê) - Data de nascimento - 19/07/1981 - 43 anos
Palmeiras - Ronielson da Silva Barbosa (Rony) - Data de nascimento - 11/05/1995 - 29 anos
São Paulo - Luciano da Rocha Neves - Data de nascimento - 18/05/1993 - 31 anos
Vasco - Dimitri Payet - Data de nascimento - 29/03/1987 - 37 anos
Vitória - Jean Mota Oliveira de Sousa - Data de nascimento - 15/10/1993 - 31 anos



Como quase todo apaixonado pelo futebol e praticante do esporte, também eu sempre quis vestir a camisa 10, a camisa dos meus ídolos Pelé, Zico, Maradona e Messi. Claro, é um orgulho e um privilégio! No Cruzeirinho, usava a 5, pois a 10 era de Zinho, Jorginho ou Ernanni. No 9 de Março, a 10 era propriedade exclusiva de Day, eu usava a 8. No time de futsal da AABB Espinosa, por um bom tempo, a 10 era vestida por Vitamina, o amigo Arthur Fune de Castro. Mas felizmente também tive a oportunidade de vestir a 10 no time da AABB e em vários times aqui de peladeiros na AABB de Montes Claros. Atualmente a camisa 10 já não possui o mesmo encanto de outrora, mas continuará sendo a sagrada camisa do Rei do Futebol Pelé, do Zico, do Maradona e do gênio Lionel Messi. E eu, enquanto puder, quando comprar o mais recente Manto Sagrado do Clube Atlético Mineiro, certamente o número estampado nas costas será o número 10, de Marcelo, Paulo Isidoro, Jorginho, Guilherme, Juan Cazares, Jesus Dátolo, Eduardo Vargas, Paulinho e Ronaldinho Gaúcho.  
Um grande abraço espinosense.