É quase impossível, ou bastante improvável, que você nunca tenha escutado uma música composta pelo hitmaker Guilherme Arantes, como as canções "Planeta Água", "Êxtase", "Meu Mundo e Nada Mais", "Amanhã", "Deixa Chover", "Pedacinhos", "Um Dia Um Adeus", "Lindo Balão Azul", "Brincar de Viver" e por aí adiante.
Guilherme Arantes nasceu em São Paulo no dia 28 de julho de 1953. Em 1974 estreou na carreira artística como compositor, pianista, tecladista e cantor da banda Moto Perpétuo, formada pelos músicos Egídio Conde (guitarra solo e vocais), Cláudio Lucci (composição, violões, violoncelo, guitarra e vocais), Gerson Tatini (baixo e vocais) e Diógenes Burani (bateria, percussão e vocais). Depois de lançar este único álbum basicamente de Rock Progressivo com a banda que se desfez logo em seguida, Guilherme Arantes se aventurou na carreira solo conseguindo o respeito da crítica e o sucesso instantâneo com suas canções incluídas em novelas da TV Globo. Teve suas composições gravadas por ícones da MPB como Elis Regina, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Nando Reis, Roberto Carlos, Belchior e Gal Costa, entre outros. Nas décadas seguintes, de 80 e 90, continuou no auge, com mais e mais músicas nas trilhas de novelas e nas paradas de sucesso, sempre angariando prêmios. A partir dos anos 2000 seguiu lançando ótimos álbuns, mas com pouca divulgação e aceitação popular, com a parada de sucessos dominada pela música sertaneja universitária, pelo funk e pelo pagode e suas variáveis.
Guilherme, com seu espírito rebelde, teve vários amores além da música. Do romance com a arquiteta paulista Márcia, veio ao mundo a primeira filha, Marietta. Do casamento com Luíza, ex-integrante do grupo Gang 90 e Absurdettes, vieram os filhos homens Gabriel, Pedro e Tiago. Da união afetiva com Claudhia Engelman, veio a segunda filha, Paola. Atualmente Guilherme Arantes está casado com Márcia Miguez Gonzales.
Com um problema na coluna e nos membros superiores de nome Braquialgia, Guilherme, ao lado da esposa Márcia Gonzalez, resolveu se mudar temporariamente para a Espanha em 2019, instalando-se na pequena cidade interiorana de Ávila, cidade medieval de pouco mais de 50 mil habitantes cercada por altas, grossas e belas muralhas. Logo depois veio a pandemia e ele ficou ainda mais isolado, utilizando seu tempo livre para refletir sobre sua vida e sua carreira artística e ler bastante sobre músicos e personalidades que ele admira. Com 68 anos de idade e 45 anos de carreira completados, ele sente-se angustiado por não receber da crítica o reconhecimento que ele acha que merece. Fazendo uma retrospectiva e uma interiorização da sua alma musical, sentiu-se diminuído e irrelevante em não receber a mesma atenção e consagração que outros artistas brasileiros recebem da mídia, casos, por exemplo, de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Jobim. Ele se ressente do fato de que sua obra de grande peso e qualidade não se torne algo clássico. Sentindo-se então instigado a mostrar seu valor, ele dedicou-se com afinco à literatura e à reflexão para aclarar as ideias e lançar sua nova forma de enxergar o mundo nas letras e músicas das canções de um álbum épico e transformador. Dessa angústia, dessa desilusão, dessa decepção com os caminhos da humanidade, é que ele criou canções memoráveis que resultaram no lançamento do seu mais recente trabalho, o disco "A Desordem dos Templários", que é uma alegoria sobre a busca de uma reordenação da humanidade com muito afeto e amor, nas palavras do artista.
Canções do álbum "A Desordem dos Templários":
1) El Rastro - 4:21
2) A Razão Maior - 3:45
3) A Desordem dos Templários - 7:34
4) Nenhum Sinal do Sol - 3:30
5) Vinheta do Templário - 2:00
6) A Cordilheira - 3:50
7) Estrela-Mãe - 4:33
8) Toda a Aflição do Mundo - 6:07
9) Nossa Imensidão a Dois - 3:12
10) Kyrie - 3:20
11) Across the Abyss - 3:50
12) A Cordilheira - 3:50
Juntando imagens do passado e do presente, de tempos medievais dos cavaleiros franceses da Ordem dos Templários aos atuais tempos sombrios de ódio, embuste e truculência, Guilherme Arantes ousa ir contra a corrente da mesmice, lançando um álbum conceitual, com duas canções de longa duração, "A Desordem dos Templários", com seus 7:34, e "Toda a Aflição do Mundo", com seus 6:07, marcando posição contra as regras estabelecidas e contra as injustiças tão presentes neste imenso e lindo planeta água, tudo formatado com capricho e todo o amor pela poesia e pela música que o alimenta.
Um grande abraço espinosense.