Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

domingo, 30 de abril de 2017

1745 - Os infatigáveis peladeiros da AABB Montes Claros

Sexta-feira, dia 21 de abril. Feriadão de Tiradentes. E prolongado. Oportunidade imperdível para quem queria descansar do estresse pesado do cotidiano e se mandar para a praia, a montanha, o Sertão ou o sítio. Não para alguns apaixonados pelo futebol. 
Sábado e domingo, como sempre, por volta das 7 horas da manhã lá estavam dezenas de "viciados" na bola, loucos pela oportunidade de correr atrás da redondinha na manhã ensolarada e fazer estufar as redes do gol adversário, aquele momento esfuziante que nem todos alcançam. Mas o prazer de estar ali, no meio da galera, não tem preço.
Os ganhos são vários: manutenção ou melhora da condição física, combate ao estresse, prazer de encontrar os amigos e companheiros, oportunidade de zoar os "pirracentos" e, claro, a satisfação de tratar a bola como "meu amor" ou "vossa excelência", dependendo da qualidade técnica e da intimidade com a "dita cuja".
O certo é que na pelada estão gentes de todas as estirpes, de todas as espécimes sociais, de todas as profissões, de todas as idades, de todas as categorias futebolísticas, desde o maior craque até o mais desafinado perna-de-pau. Claro que há muita paz, harmonia, confraternização e respeito. Mas ninguém está livre das gozações e das piadas. Muitos recebem ali apelidos que irão carregar a vida inteira. De vez em quando, alguém perde as estribeiras, fala ou faz besteira, e pega uma suspensão de uma quinzena ou um mês. Aí volta mais calmo e relaxado. Faz parte do jogo.
Então, em homenagem a toda essa turma maravilhosa de aficionados pelo futebol, com quem convivo semanalmente nos campos da AABB Montes Claros, produzi esse vídeo com imagens da pelada e com depoimentos de alguns dos mais famosos peladeiros do clube, a quem agradeço a valiosa participação. De minha parte, até quando o corpo resistir, estaremos juntos nessa. Valeu, moçada!
Um grande abraço espinosense.


1744 - Um duro golpe na MPB

O domingo amanheceu com um sol brilhante e animador, propício à alegria e à prática de um futebolzinho com os amigos na pelada da AABB MOC. E foi o que aconteceu. Após a corrida atrás da bola, uma cervejinha com meus amigos Paulinho e Geremias e o reencontro com Luiz Manna e Venâncio, depois de algum tempo distante. Tudo em clima de muita alegria e felicidade. Até que na chegada em casa, a notícia triste se apresentou como um punhal: morreu Belchior.
Aos 70 anos de idade, o renomado cantor e compositor brasileiro Antônio Carlos Belchior faleceu na cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul. As causas da morte não foram divulgadas. Nascido em 26 de outubro de 1946 na cidade de Sobral, no Estado do Ceará, Belchior deixou a sua inconfundível marca na música popular brasileira com canções inesquecíveis e esplêndidas. Ultimamente, o artista andava recluso, com o consequente abandono da carreira. Acho que ele se cansou da hipocrisia desse nosso mundo e do cenário artístico e resolveu se afastar de tudo e de todos. Ações assim partem de pessoas como ele, de rara inteligência, farta cultura e pouco "saco" para a mediocridade vigente.
Suas canções como "Mucuripe", "Apenas Um Rapaz Latino-Americano", "Velha Roupa Colorida" e "Como Nossos Pais", esta imortalizada pela divina Elis Regina, embalaram de forma maravilhosa a minha juventude e a de muitos jovens brasileiros.
Tive a grata satisfação de assistir a um show de Belchior em Montes Claros, no local onde hoje funciona a Alternativa Vidros, ao lado da Aguacenter, no trevo da Lagoa do Interlagos. Ele abrilhantou a noite só com voz e violão ao lado do violonista mineiro Gilvan de Oliveira. com quem gravou seu último disco "Um Concerto a Palo Seco".   
Uma enorme perda para a música popular brasileira. Que descanse em paz, grande Belchior, e obrigado por todos os momentos maravilhosos que a sua música me proporcionou!
Um grande abraço espinosense.


"Eu quero um gole de cerveja no seu copo no seu colo e nesse bar
Meu bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja
Não quero o que a cabeça pensa, eu quero o que a alma deseja." (Coração Selvagem)

"Não! Eu não sou do lugar dos esquecidos!
Não sou da nação dos condenados!
Não sou do sertão dos ofendidos!
Você sabe bem: Conheço o meu lugar!" (Conheço o Meu Lugar)

"Eu sou apenas um rapaz latino-americano
Sem dinheiro no banco, sem parentes importantes
E vindo do interior." (Apenas um Rapaz Latino-Americano)

"Palavra e som são meus caminhos pra ser livre, e eu sigo, sim.
Faço o destino com o suor de minha mão.
Bebi, conversei com os amigos ao redor de minha mesa
e não deixei meu cigarro se apagar pela tristeza.
- Sempre é dia de ironia no meu coração." (Não Leve Flores)

"O que transforma o velho no novo
bendito fruto do povo será
E a única forma que pode ser norma
é nenhuma regra ter
é nunca fazer nada que o mestre mandar
Sempre desobedecer
Nunca reverenciar." (Como o Diabo Gosta)

"E vou viver as coisas novas
Que também são boas
O amor, humor das praças
Cheias de pessoas
Agora eu quero tudo
Tudo outra vez..." (Tudo Outra Vez)

"E as paralelas dos pneus n'água das ruas
São duas estradas nuas
Em que foges do que é teu." (Paralelas)

"Quero desejar, antes do fim,
pra mim e os meus amigos,
muito amor e tudo mais;
que fiquem sempre jovens
e tenham as mãos limpas
e aprendam o delírio com coisas reais." (Antes do Fim)

Vá em paz, poeta e trovador Belchior!