Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

3596 - O mágico da música Quincy Jones nos deixou, assim como Agnaldo Rayol

O Planeta Música está triste, silencioso e de luto. Morreu Quincy Jones. Um dos maiores ícones da produção musical mundial faleceu ontem, domingo, aos 91 anos de idade, na cidade de Los Angeles, Califórnia, nos Estados Unidos.



Quincy Delight Jones Jr. nasceu em Chicago, em 14 de março de 1933. Artista precoce, já aos 14 anos integrava uma banda com seu trompete, tocando em casas noturnas. Adiante tornou-se um dos maiores produtores e arranjadores dos Estados Unidos, trabalhando com astros como Ray Charles, Sarah Vaughan, Count Basie, Duke Ellington, Dizzy Gillespie e Frank Sinatra. Também amava a Bossa Nova e os artistas brasileiros Simone, Ivan Lins e Mílton Nascimento, este que se tornou seu grande amigo. Mas seus mais famosos trabalhos aconteceram com a presença do imortal Michael Jackson. Foi o mágico que levou Michael ao topo com três álbuns icônicos: "Off the Wall" (1979), o espetacular e mais vendido da História, "Thriller" (1982) e "Bad" (1987). Foi figura central em um dos momentos mais marcantes do Rock e Pop, a reunião, em 1985, de 46 astros da música para a gravação da música principal do projeto "We Are the World" que objetivava arrecadar fundos para o combate à fome na África.


 
Quincy Jones era respeitado e querido por todos, um afrodescendente com um talento incrível para a criação musical e um cidadão comprometido com as causas filantrópicas. Foi indicado nada menos que 80 vezes ao Prêmio Grammy, ganhando 28 estatuetas. Ganhou ainda dois Oscar e um Emmy.
Para quem quiser conhecer um pouco da sua brilhante trajetória, estão disponíveis na Netflix dois documentários interessantíssimos. O primeiro, de 2018, "Quincy", dirigido por sua filha Rashida Jones e Alan Hicks, conta sua vida na intimidade, em 2 horas e 4 minutos de duração. O segundo, de 2024, mostra em 1 hora e 37 minutos, todos os bastidores da reunião de astros no projeto "We Are the World". O documentário se chama "A Noite Que Mudou o Pop". Imperdíveis!



Enquanto redigia este texto, tomei conhecimento do falecimento de um grande artista brasileiro, Agnaldo Rayol, um cantor de voz privilegiada, barítono, que muito sucesso fez no Brasil no Rádio, na TV e no Cinema. Lembro-me bem de uma performance sua cantando maravilhosamente a canção "Estrada do Sol", composição de Tom Jobim e Dolores Duran, em um filme de Amácio Mazzaropi denominado "Jeca Tatu" que assisti quando adolescente no saudoso Cine Coronel Tolentino de Tidim e Nelito em Espinosa.
Que descansem na mais completa paz e ao som das mais lindas canções no Paraíso!
Um grande abraço espinosense.


3595 - Disco novo de Zeca Baleiro, com Wado

Zeca Baleiro merece sempre o maior espaço possível por aqui, já que o cara é uma máquina incansável de produzir ótimos projetos musicais, sempre em parceria com os melhores. É impressionante a criatividade e o poder de realização deste maranhense nascido em Arari, cidadezinha de tamanho semelhante à nossa Espinosa, o senhor José Ribamar Coelho Santos. O artista escreve livros e canções, protagonizando álbuns, shows e projetos de altíssima qualidade, sozinho ou em parceria com grandes nomes da música brasileira. Encerrando a temporada de shows do seu recente álbum "O Samba Não É de Ninguém" e continuando a fazer apresentações ao lado do amigo e parceiro Chico César das músicas do disco "Ao Arrepio da Lei", de março de 2024, o cara acaba de lançar mais um excelente trabalho, o disco "Coração Sangrento", com 10 canções inéditas compostas conjuntamente com o cantor e compositor florianopolitano Oswaldo Schlikmann Filho, conhecido como Wado. A produção ficou por conta de Sergio Fouad, com coprodução de Wado e Zeca Baleiro. Participam do álbum os músicos Sérgio Fouad, Rafael Morais, Fernando Nunes, Emilio Martins, Tuca Camargo, Fernando Degino, Maestro Tiquinho, Grazi Pizani, Hugo Hori, Everton Pera, Rogério Delayon, Heitor Fujinami, Adriano Mello, Alexandre de Leon e Mauro Lombardi Brucoli.

1) "Coração Sangrento" - 3:04
2) "Carrossel do Tempo" - 3:07
3) "Avatar" - 2:56
4) "Dia de Sol" - 3:22
5) "Incêndios" - 3:14
6) "Congelou" - 3:38
7) "Quebra-Mar" - 2:38
8) "Alma Turva" - 2:22
9) "Zaratustra" - 2:54
10) "Amores e Celulares" - 1:55



Depois do lançamento do disco em 1º de novembro, os cantores e compositores estarão viajando em uma pequena turnê de lançamento começando por Maceió (23/11, Teatro Gustavo Leite), passando por São Paulo (7/12, Bona Casa de Música) e terminando em Recife (13/12, Teatro do Parque).
Agora, com as plataformas de streaming disponíveis, ficou bem mais fácil ouvir as nossas músicas preferidas. Assim, já estou escutando na Amazon, com atenção e prazer, as novas composições de Zeca Baleiro, ao lado do Wado, este que não conhecia, uma grata surpresa.
Um grande abraço espinosense.


  


DIA DE SOL
(Wado e Zeca Baleiro)

Dia de sol no meu quintal
Nada é tão mal se tenho abrigo
Flores, canções e no varal
O vento entende o que eu digo

Ninguém irá roubar de nós o sonho
A vida passa e ninguém vê
Pela vidraça vem você
O vidro turva a luz do sol
E mesmo assim
Que dia tão lindo!

Pergunto ao vão, o céu me diz
Ama o silêncio e bebe o vinho
Da solidão consigo ver
Que amores brotam no caminho

Ninguém irá roubar de nós o sonho
A vida passa e ninguém vê
Pela vidraça vem você
O vidro turva a luz do sol
E mesmo assim
Que dia tão lindo!

3594 - "O Samba Não É de Ninguém", álbum do inquieto e criativo Zeca Baleiro

Volta e meia, vez em quando ou quase sempre, aparecem os apressadinhos radicais decretadores das mortes do Rock, da MPB e do Samba. Estes mesmos já decretaram, sem muito sucesso, a morte do Vinil, do Rádio, da TV e da Imprensa. Mas aí chega um dos mais criativos, inteligentes e produtivos artistas brasileiros, maranhense de Arari, o grande José de Ribamar Coelho Santos, também conhecido como Zeca Baleiro, e cria um álbum fantástico somente de bons e gostosos Sambas. O álbum da gravadora Saravá Discos foi lançado no dia 27 de outubro do ano passado, e traz um time de músicas em 43 minutos, todas as composições do maranhense, três delas em parceria:

1) "Santa Luzia" - 04:08 (Zeca Baleiro)
2) "Quem Hoje Me Vê Ganhando" - 04:41 (Zeca Baleiro)
3) "Casa no Céu" - 02:34 (Zeca Baleiro e Eliakin Rufino)
4) "O Samba Não É de Ninguém" - 03:52 (Zeca Baleiro)
5) "Amorosa" - 03:34 (Zeca Baleiro)
6) "Pedra Fria" - 03:23 (Zeca Baleiro)
7) "Flores da Razão" - 04:41 (Zeca Baleiro)
8) "A Voz do Morro Não Morreu" - 03:34 (Zeca Baleiro)
9) "Eu Pensei Que Você Fosse a Lua" - 04:05 (Zeca Baleiro e Salgado Maranhão)
10) "Triste Lupicínio" - 04:01 (Zeca Baleiro)
11) "Duas Ilhas" - 04:36 (Zeca Baleiro e Swami Jr.)

Capa do designer gráfico e ilustrador Elifas Andreato, falecido em março de 2022


Ficha técnica:
Zeca Baleiro - voz
Zé Barbeiro – violão 7 cordas
Gian Correa – violão
Swami Jr. – violão e violão de 7 cordas em "Duas Ilhas"
Henrique Araújo – cavaquinho e bandolim
Douglas Alonso – percussão e bateria
Vitor da Candelária – percussão
Coro – Alemão do Cavaco, Ana Duartti, Lissandra Oliveira, Marcello Furtado e Tatiana Parra
Músicos convidados:
Rubinho Antunes – flugelhorn em "Santa Luzia"
Allan Abbadia – trombone em "Amorosa"
Alexandre Ribeiro – clarinete em "Eu Pensei Que Você Fosse a Lua" e clarinete e clarone em "Flores da Razão"
Tiago Costa – piano em "Pedra Fria" e "Duas Ilhas"
Teco Cardoso – flauta em Sol em "Duas Ilhas"
Produção: Swami Jr.
Mixagem: Alexandre Fontanetti
Masterização: Carlos Freitas
Lançamento: Saravá Discos
Distribuição: ONErpm



Esqueça toda esta tecnológica parafernália instrumental do mundo atual da música, com sons eletrônicos em profusão. Transporte sua mente sedenta de boa e serena música para um palco silencioso em que bambas dos instrumentos tradicionais como violão, violão de 7 cordas, pandeiro, cavaquinho, bandolim, flugelhorn, trombone, clarinete, clarone, piano, flauta, percussão e bateria, desfilam toda a sua criatividade para extrair daí os mais perfeitos acordes, construindo melodias aconchegantes aos nossos cansados ouvidos, do bom, eterno e saboroso Samba, de Paulinho da Viola, de Vinícius de Morais, de Martinho da Vila, de Tom Jobim, de Benito Di Paula, de Dicró, de João Bosco, de Gilberto Gil, de Jorge Ben, de Clara Nunes, de João Gilberto, de João Nogueira, de Beth Carvalho, de Cartola e outros mais.
Baleiro afirmou dever a dois parceiros e amigos especiais o estímulo para vencer o receio e gravar finalmente seu disco de Sambas, o poeta Sergio Natureza e o músico Swami Jr. 
A verdade verdadeira é que Zeca Baleiro é muito arretado, cabra porreta demais! O sujeito transita com a mais alta categoria nos mais variados estilos musicais, compondo canções maravilhosamente criativas e bem humoradas e cantando encantadoramente com sua linda e afinada voz. O cara é bom, muito bom! Sou fã!
Um grande abraço espinosense.
 
"O Samba Não É de Ninguém"
Zeca Baleiro

O Samba não é de ninguém
Nem do preto, nem do branco
Nem do pobre, nem do rico
O Samba de Jobim, de Ben
De Paulinho, de Martinho
De Dicró e de Benito
Bendito por Deus e Oxalá
Nos passos de Luma e Piná
O Samba é um Sol mais bonito

Será que o Samba nasceu mesmo na Bahia
O Samba não tem raça, sexo, gênero, cor, religião
O Samba não é de um só gueto
(O Samba não é de nenhum gueto)
O Samba é de quem traz no peito um coração
O Samba é filho do Jongo
O Samba é o joio, é o trigo
O Samba com a alma no limbo
O Samba é o Zimbo no Jazz

O Samba, um tema de Lara
Um Samba da gema de Clara
O Samba, um sopro divino
Um Samba João, bamba esperto
Nogueira, Bosco e Gilberto
Um Samba Mané, bem menino

O Samba, um canto de Ossanha
No Samba meu santo se assanha
E samba