Espinosa, meu éden

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domingo, 3 de março de 2024

Centenário de Espinosa - Postagem 99

Para comemorar o Centenário de Espinosa da sua emancipação política, publicarei aqui no nosso blog 100 (CEM) textos específicos (além das postagens normais), sobre imagens, acontecimentos e "causos" sobre mim, a minha Espinosa e alguns dos seus notáveis personagens.

Uma das mais famosas ruas da cidade, senão a mais célebre, a Rua Coronel Domingos Tolentino tem histórias e mais histórias para contar. Só mesmo um livro para caber tantas aventuras interessantes ali ocorridas. Acho que é uma das poucas que têm até apelido, Rua da Resina. Dizem que o estranho nome vem das plantas que a enfeitavam antigamente, soltando uma forte resina pelos caules. A rua que acompanha paralelamente o trajeto do Rio São Domingos se dividia entre o lado residencial, que começava na Praça Antonino Neves, e o lado comercial, que se concentrava perto dos fundos do antigo Mercado Municipal. Ali, neste último, fervilhavam as barracas com a multidão em compras nos dias de feiras nos sábados. Ficavam lotados os armazéns, mercearias, açougues e bares da região. Era ali que comprávamos os fogos de artifício para soltar perto das fogueiras na festa de São João. Ali também, na mercearia de Albino da Costa Ramos, trabalhei uns três anos quando adolescente. O tempo passou, o Mercado mudou de endereço e o movimento caiu bastante. Alguns dos antigos comerciantes chegaram ao fim da vida e várias empresas desapareceram, infelizmente. Os ilustres empresários da região deixaram saudades: Manoel da Luz Fernandes, Aníbal de Freitas (Bola), Albino da Costa Ramos, Antônio Cardoso de Sá (Tone Fuminho), Edvar Nogueira, João Cardoso, Sêo Osvaldo Mascate, Aristides Tolentino, Geraldo Ramos de Oliveira, entre outros. 












Do outro lado, o residencial, era quase uma família gigante, com dezenas de crianças e adolescentes cheios de energia movimentando o espaço com as mais variadas brincadeiras, quase sempre na mais serena harmonia. As desavenças existiam sim, mas eram poucas. Idosos, adultos, jovens, adolescentes e crianças se entendiam facilmente e as mães, especialmente, eram como se fossem responsáveis pela saúde e segurança daquela enorme patota. A famosa esquina das casas de Dona Zulmira, Dona Noeme e Madrinha Judith nas ruas da Resina e Arthur Bernardes era o palco para as brincadeiras, os jogos, os debates acalorados sobre todos os assuntos possíveis e até mesmo para o namoro. Nenzão, Vavá, João Meira e Luizão eram os mestres com quem aprendíamos muito e às vezes provocávamos acaloradas discussões. 
A Turma da Resina surgiu da reunião de jovens moradores dali mas também de outras partes da cidade, irmanados na busca de alegria e diversão. Ali na rua e pelos recantos da cidade vivemos uma overdose de momentos mágicos, felizes e inesquecíveis. O tempo, implacável, levou muitas pessoas queridas e muita coisa mudou na paisagem, como o triste desaparecimento do casarão onde moraram a vida inteira Madrinha Judith e Luizão. Uma pena, mas assim é a vida. Tudo acaba, menos as lembranças que estarão guardadas para sempre na nossa alma mesmo depois da viagem final. Rua da Resina, amor eterno.
Um forte, imenso e centenário abraço lençóisdorioverdense.