A maldita pandemia do novo Coronavírus nos atingiu em cheio, o mundo inteiro, sem exceção, tirando para sempre do nosso convívio, pessoas que tanto amamos. E ainda continua ceifando vidas em grande quantidade, muitas delas por falta de vacinas para toda a população, vacinas que são a única solução efetiva para que essa tragédia chegue logo ao fim. Além de ceifar milhares de vidas inocentes, a pandemia nos retirou sonhos, obrigou-nos a adiar planos, impediu-nos de viajar, privou-nos de eventos sociais e espetáculos de música, cinema e arte, proibiu-nos de curtir música e prazeres mundanos nos bares da vida, vetou-nos a prática dos esportes preferidos, afastou-nos do convívio com os familiares e amigos, inviabilizou-nos os beijos, abraços e apertos de mão com as pessoas amadas, enfim, bloqueou-nos a Liberdade tão sagrada e vital. Mas a causa é justa, a pandemia é extremamente mortal e precisamos nos penitenciar para que o interesse coletivo se sobreponha ao direito individual.
Mesmo vivendo angustiado nesses tempos tão sombrios e desalentadores, é preciso erguer as mãos para os Céus e agradecer a Deus pela vida, ao mesmo tempo em que rogamos a Ele para que proteja nossos irmãos de todo o mundo dessa terrível doença. E mesmo atormentado pelo medo e pela ansiedade até que chegue a cura deste mal, é necessário manter a sanidade, a sensatez e a esperança no futuro, em que dias melhores finalmente se tornarão realidade. Até lá, vamos respirando fundo, exercitando a paciência e vivenciando os momentos prazerosos com todos os cuidados para não nos deixar contaminar com o vírus. Assim é que comemoraremos mais um "Dia dos Namorados", neste 12 de junho, preferencialmente ao lado de quem tanto amamos e quem nos acalenta o coração e nos afaga a alma.
Para marcar a data, nada como a poesia, que tanto nos aconchega o coração. Aí estão dois sonetos do gênio da dramaturgia William Shakespeare. Mais do que nunca, precisamos de poesia.
Hoje ou amanhã, então, desejo um dia, ou melhor, uma vida inteira de enamorados, perfeita, harmoniosa, respeitosa, feliz e repleta de carinho para todos nós que temos o privilégio de contar com a pessoa amada ao nosso lado em todas as situações. Sigamos então o que nos preconiza o grande artista Herbert Vianna: "Cuide bem do seu amor, seja quem for..."
Um grande abraço espinosense.
Soneto 18
Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno
Às vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes desmaia com frieza
O que é belo declina num só dia
Na eterna mutação da natureza
Mas em ti o verão será eterno
E a beleza que tens não perderás
Nem chegarás da morte ao triste inverno
Nestas linhas com o tempo crescerás
E enquanto nesta terra houver um ser
Meus versos vivos te farão viver...
Soneto 122
Teus dons, tuas palavras, estão em minha mente
Com todas as letras, em eterna lembrança
Que permanecerá acima da escória ociosa
Além de todos os dados, mesmo na eternidade
Ou, ao menos, enquanto a mente e o coração
Possam por sua natureza subsistir
Até que todo o esquecimento liberte sua parte
De ti, teu registro não se perderá
Esses pobres dados não podem reter tudo
Nem preciso de números para medir o teu amor
Assim fui corajoso para dar de mim a eles
Para confiar nesses dados que sobram em ti
Manter um objeto para lembrar-te
Seria aceitar o esquecimento em mim...