Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

sexta-feira, 11 de junho de 2021

2706 - Ame, sem moderação!

A maldita pandemia do novo Coronavírus nos atingiu em cheio, o mundo inteiro, sem exceção, tirando para sempre do nosso convívio, pessoas que tanto amamos. E ainda continua ceifando vidas em grande quantidade, muitas delas por falta de vacinas para toda a população, vacinas que são a única solução efetiva para que essa tragédia chegue logo ao fim. Além de ceifar milhares de vidas inocentes, a pandemia nos retirou sonhos, obrigou-nos a adiar planos, impediu-nos de viajar, privou-nos de eventos sociais e espetáculos de música, cinema e arte, proibiu-nos de curtir música e prazeres mundanos nos bares da vida, vetou-nos a prática dos esportes preferidos, afastou-nos do convívio com os familiares e amigos, inviabilizou-nos os beijos, abraços e apertos de mão com as pessoas amadas, enfim, bloqueou-nos a Liberdade tão sagrada e vital. Mas a causa é justa, a pandemia é extremamente mortal e precisamos nos penitenciar para que o interesse coletivo se sobreponha ao direito individual.
Mesmo vivendo angustiado nesses tempos tão sombrios e desalentadores, é preciso erguer as mãos para os Céus e agradecer a Deus pela vida, ao mesmo tempo em que rogamos a Ele para que proteja nossos irmãos de todo o mundo dessa terrível doença. E mesmo atormentado pelo medo e pela ansiedade até que chegue a cura deste mal, é necessário manter a sanidade, a sensatez e a esperança no futuro, em que dias melhores finalmente se tornarão realidade. Até lá, vamos respirando fundo, exercitando a paciência e vivenciando os momentos prazerosos com todos os cuidados para não nos deixar contaminar com o vírus. Assim é que comemoraremos mais um "Dia dos Namorados", neste 12 de junho, preferencialmente ao lado de quem tanto amamos e quem nos acalenta o coração e nos afaga a alma.
Para marcar a data, nada como a poesia, que tanto nos aconchega o coração. Aí estão dois sonetos do gênio da dramaturgia William Shakespeare. Mais do que nunca, precisamos de poesia.




Hoje ou amanhã, então, desejo um dia, ou melhor, uma vida inteira de enamorados, perfeita, harmoniosa, respeitosa, feliz e repleta de carinho para todos nós que temos o privilégio de contar com a pessoa amada ao nosso lado em todas as situações. Sigamos então o que nos preconiza o grande artista Herbert Vianna: "Cuide bem do seu amor, seja quem for..."
Um grande abraço espinosense.     



   
Soneto 18
Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno
Às vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes desmaia com frieza
O que é belo declina num só dia
Na eterna mutação da natureza
Mas em ti o verão será eterno
E a beleza que tens não perderás
Nem chegarás da morte ao triste inverno
Nestas linhas com o tempo crescerás
E enquanto nesta terra houver um ser
Meus versos vivos te farão viver...

Soneto 122
Teus dons, tuas palavras, estão em minha mente
Com todas as letras, em eterna lembrança
Que permanecerá acima da escória ociosa
Além de todos os dados, mesmo na eternidade
Ou, ao menos, enquanto a mente e o coração
Possam por sua natureza subsistir
Até que todo o esquecimento liberte sua parte
De ti, teu registro não se perderá
Esses pobres dados não podem reter tudo
Nem preciso de números para medir o teu amor
Assim fui corajoso para dar de mim a eles
Para confiar nesses dados que sobram em ti
Manter um objeto para lembrar-te
Seria aceitar o esquecimento em mim...

2705 - "Calma", por Marisa Monte

Se você não procurar com amplitude e paciência, dificilmente vai encontrar os vários lançamentos de música de qualidade disponíveis no cenário musical brasileiro. Na TV é quase impossível, no rádio então, totalmente tomado pela música comercial e pelo famoso jabá, nem se fala. Uma boa opção para se inteirar do que acontece nos subterrâneos da canção brasileira é a Internet. Com uma procura insistente, você descobre tesouros de valor imensurável. 
Assim é que descobri o lançamento da canção "Calma", da maravilhosa cantora Marisa Monte. Avessa à badalação e à loucura por likes das redes sociais, Marisa sempre apostou na qualidade das músicas que grava, alheia à busca tresloucada pela fama que impera no panorama musical atual, paupérrimo por sinal. E após 10 anos sem lançar um disco de inéditas, Marisa anunciou mais um álbum, denominado "Portas". Ontem à noite, fez o lançamento da canção "Calma", parceria sua com o jovem músico Chico Brown, neto de Chico Buarque e filho de Carlinhos Brown. 



Marisa Monte nasceu no Rio de Janeiro no dia 1º de julho de 1967. Tornou-se conhecida nacionalmente após o seu disco de estreia, em 1989, em que explodiu a canção "Bem Que Se Quis", uma versão do amigo Nelson Motta da música "E Po’ Che Fa", do italiano Pino Daniele. Daí em diante, apostou em suas composições próprias, em clássicos da MPB e nas frutíferas parcerias com Nando Reis, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, união com os dois últimos que desaguou no bem-sucedido projeto "Tribalistas", continuando sua mistura abrasileirada dos vários ritmos de Samba, Jazz, Black Music, Blues, Soul, Bossa Nova, Pop e Rock.



O repertório do novo disco é uma incógnita, já que esta é a única canção liberada até o momento para os fãs nas plataformas de streaming. O que se sabe é que o álbum, coproduzido com Arto Lindsay, foi gravado entre outubro de 2020 e abril de 2021, no Rio de Janeiro e em Nova York. É um reencontro com Arto, com quem havia trabalhado nos discos "Mais", de 1991, e "Verde Anil Amarelo Cor-de-Rosa e Carvão", de 1994. Agora é aguardar as músicas restantes do álbum "Portas", que será lançado muito em breve pelo selo da artista, Phonomotor Records, com distribuição da Sony Music.
A música "Calma", com sua batida Pop, convida-nos a voltar a ter esperança no futuro, a não nos entregar ao pessimismo e acreditar que o amanhã será muito melhor. Como ela bem nos recomenda, música é remédio eficiente e comprovado para abrir portas e nos redirecionar para o prazeroso caminho da paz, do amor e da alegria. 
Um grande abraço espinosense.





CALMA
(Marisa Monte/Chico Brown)

Calma
Que eu já tô pensando no futuro
Que eu já tô driblando a madrugada
Não é tudo isso, é quase nada
Tempestade em copo d’agua

Eu não tenho medo do escuro
Sei que logo vem a alvorada
Deixa a luz do sol bater na estrada
Ilumina o asfalto negro
Ilumina o asfalto negro

Não faz assim
Não diga que não gosta de mim
Não diga que não vai me notar
No pé do bar em qualquer lugar
Não venha me dizer que não dá
Não quero ver você se perder
Não diga que não vai me mudar
Não diga que é difícil demais

Calma
Que eu já tô pensando no futuro
Que eu já tô driblando a madrugada
Não é tudo isso, é quase nada
Tempestade em copo d’agua

Eu não tenho medo do escuro
Sei que logo vem a alvorada
Deixa a luz do sol bater na estrada
Ilumina o asfalto negro
Ilumina o asfalto negro

Não faz assim
Não diga que não gosta de mim
Não diga que não vai me notar
No pé do bar em qualquer lugar
Não venha me dizer que não deu
Não diga que não vai me esquecer
Não diga que não sabe explicar
Eu juro que não dá pra entender

Calma
Calma
Calma

Ilumina o asfalto negro
Ilumina o asfalto negro

Ficha Técnica:
Marisa Monte – Violão Nylon
Dadi – Violão de Aço
Kassa Overall – Bateria 
Nicolas Hakim – Guitarra 
Paul Wilson – Piano Acústico e Elétrico
Melvin Gibbs – Baixo
Michael Leonhart – Trompete

Arranjo: Antonio Neves
Antonio Neves – Trombone
Oswaldo Lessa – Sax
Eduardo Santana – Trompete
Eduardo Neves – Flauta

Produzido por Marisa Monte
Co-Produzido por Arto Lindsay