Não há a menor dúvida: o pior bandido do mundo é o policial bandido! É o pior dos canalhas aquele indivíduo que, vestindo uniforme inerente à função de protetor da sociedade que lhe propicia a confiança e o respeito da população, e recebendo ainda significativa remuneração do erário público, trai esta confiabilidade da forma mais hipócrita, leviana e velhaca. Em instituições tão respeitadas pela sociedade como as de segurança pública, obviamente que a imensa maioria dos seus servidores é de cidadãos valorosos, confiáveis e íntegros, comprometida com a Lei, com a Legalidade, com a Justiça, não se podendo cometer a injustiça de generalizar a presente acusação. Infelizmente, uma porção mínima dos integrantes das corporações sérias e indispensáveis ao país coloca em risco a confiabilidade geral. E pior, crimes, excessos, abusos de autoridade e atos indignos das maçãs podres, que deveriam ser firme e exemplarmente punidos, não raramente são vergonhosamente ignorados, acobertados ou defendidos pelo lastimável corporativismo, situação também encontrada em muitas empresas, instituições e órgãos como Judiciário e Legislativo.
Está disponível na Amazon Prime Vídeo o filme "Cidade de Mentiras" ("City of Lies"), uma trama baseada em fatos reais que explicita a corrupção e a criminalidade praticadas por quem deveria combatê-las, em particular alguns agentes da Polícia de Los Angeles. A produção, baseada no livro de Randall Sullivan, com roteiro de Christian Contreras e dirigida por Brad Furman, traz no elenco dois grandes nomes do cinema: Johnny Depp e Forest Whitaker. Depp interpreta um detetive dedicado, competente e íntegro, Russell Poole, que enfrenta dificuldades criadas pelos próprios colegas, especialmente de alguns superiores, quando é designado para investigar o assassinato do rapper norte-americano The Notorious B.I.G., nome artístico de Christopher Wallace, o "Biggie". Notorious B.I.G. foi morto a tiros em 9 de março de 1997, vítima de disparos dentro do seu carro. Este assassinato nunca foi esclarecido, assim como o homicídio de outro famoso rapper, Tupac Shakur, ocorrido seis meses antes, em setembro de 1996, em um tiroteio em um semáforo de uma avenida de Las Vegas, Nevada, EUA.
Já Whitaker faz o papel do jornalista Jack Jackson, que procura o detetive aposentado atrás de informações sobre tais crimes, pois está escrevendo uma matéria jornalística especial sobre os dez anos dos assassinatos dos artistas ainda não esclarecidos pela Polícia.
O filme prende nossa atenção em tempo integral, com a técnica do flashback nos trazendo mais e mais informações sobre os acontecimentos e pistas seguidas pelos investigadores, mas infelizmente sem elucidação dos nomes de assassinos e eventuais mandantes. Nada mais angustiante e doloroso para mães e pais das vítimas de assassinatos que não saber quem matou nem o porquê de terem perdido seus filhos de forma tão trágica e violenta, ainda mais com a suspeita quase certa de envolvimento ou omissão de agentes policiais que deveriam estar do lado da Lei para proteger as pessoas e fazer valer a Justiça e trazer à tona a verdade dos fatos.
Um grande abraço espinosense.
