Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

2271 - Estudante do Campus da Unimontes em Espinosa é premiado no Festipoema 2019

Educação! Cultura! Arte! São pilares de uma sociedade desenvolvida em qualquer lugar do mundo, desde os primórdios da civilização. Triste e pobre o lugar que não investe pesado na Educação do seu povo! 
E como não ficar inebriado de alegria quando um jovem rapaz que batalha por conhecimento em nossa cidade, exatamente no Campus da Unimontes em Espinosa, no curso de Letras-Português, se destaca em uma competição nacional de poemas?


Imagens: Allan Modesto - Portal R3

Essa é a história do jovem Lucas da Silva Silvestre, um estudante do 4º período do Curso de Letras/Português que conquistou, com sua inteligência e criatividade, o 3º lugar na Categoria Adulto, no Festipoema – Festival de Poemas de Pindamonhangaba (SP), realizado há pouco, nos dias 21 e 22 de setembro. Neste evento, a edição de número 13, organizado pela Academia Pindamonhangabense de Letras e pela Secretaria de Cultura e Turismo do Município de Pindamonhangaba, participaram 657 concorrentes de 25 estados brasileiros mais outros 14 do exterior, entre autores e atores, com exibições de textos e obras cênicas. O local escolhido para a realização do evento na cidade paulista foi o Espaço Cultural "Teatro Galpão".
O Festipoema, com apresentação de poemas e interpretações cênicas, distribuiu premiações em quatro categorias: Adulto, Juvenil e Infantil e mais Interpretação Cênica.

Eis o poema de Lucas, premiado em terceiro lugar na Categoria Adulto:

"RECORDAÇÕES E NADA MAIS"
Na poeira dos cafezais
entre negros e chicote
na cena digna de corte
se ouviam lamentos e ais
são escravos, e nada mais...
e se ardiam esses ais
quando o branco braço forte
lhe apertava esse chicote
sobre os ombros desses tais...
são escravos, e nada mais...
são escravos, e nada mais?
não são mães, filhos, nem pais?
homens, mulheres sem sorte
que lamentavam a morte
em rugidos infernais
são escravos, e nada mais...
e lhes restam só seus ais?
só o estralo do chicote
perfurando fundo e forte
é só isso, e nada mais...
só são escravos que importais?
são escravos, e nada mais...
só são escravos que importais?
são os lamentos e seus ais?
são filhos longe dos pais?
ou os rugidos infernais?
lhe direi o que me importais
é que são homens, não animais
é que são homens, nada mais...
nas cenas dos cafezais
nos lamentos destes ais
sobre os ombros desses tais
esquecer-me-ei nunca mais...

Imagens: Allan Modesto - Portal R3


Na Categoria Adulto, acima de 18 anos, venceu Márcio Prado, da cidade de São Bernardo do Campo (SP), com a obra "Ela". Em segundo lugar, ficou Alessandra Colla Soletti Tussi, de São Paulo, com a obra "A Canção do Fim dos Tempos". Na terceira posição ficou Lucas da Silva Silvestre, da nossa Espinosa (MG), com "Recordações e Nada Mais", obra que trata dos nossos antepassados vítimas da escravidão. Todos receberam o troféu Balthazar de Godoy Moreira.

Imagens: Allan Modesto - Portal R3
Poema vencedor na Categoria Adulto:

"ELA"
Outrora, entre olhares e suspiros, palavras lascivas, beijos,
paixão, namoro, lábios molhados, tudo benfazejo,
Como num oceano, límpido, transparente, um imenso amor,
eis que jaz um sonho, agora é passado, e só dor,
Na carne que aguda, não passa,
não sabe de onde vem, perpassa,
Perdas e desequilíbrio que tortura e faz gemer,
lacrimeja, retorce num leito exaurindo choro a contorcer,
Como flecha que rasga e perfura as entranhas,
indescritível, desfalece, entristece, tudo estranha,
Como onda que vai e vem, por vezes ácida, latejante,
numa neurose, grita desolado, perturba, inconsequente,
Assolado, mau dito, que o diabo te carregue,
madrugadas gélidas, tudo piora, o anjo negro é quem exerce,
Açoites, melancolia, fé pra que então?
Nenhum consolo, um abraço, nem a morfina na servidão,
Traiçoeira de intrínseca origem, sabe lá de onde,
surge de um nada, abre vísceras, na pálida fronte,
Inconteste, imóvel, perverte a mente dissolvida,
até Lázaros, que da fé, na prova, duvida,
Nessa luta “Lateral Amiotrófica” a contra gosto,
dos escombros do que resta, anos a fio, só amargura no rosto,
Esclerose que entorpece, e que nada e ninguém acalma, só postula,
Misericórdia, Senhor! Pra quem vive com ELA, a sangrar a alma e a medula...

MÁRCIO PRADO (São Bernardo do Campo/SP)


Na Categoria Juvenil, de 12 a 17 anos, o primeiro lugar ficou com Bianca Lieko Penina Omaki, de Pindamonhangaba, com a obra "Radiante Mentira". Em segundo lugar ficou Heitor Sampaio de Freitas, de Santo André (SP), com "O Quintal Mágico". Na terceira posição ficou Ingrid Ferreira Garcia com a obra "Meu Pai". Todos receberam o Troféu Juó Bananéri.



Poema vencedor da Categoria Juvenil:

"RADIANTE MENTIRA"
Nesta noite não há vida para mim
Mundo novo, sua falsidade chora
Contrária ao curso, vou pra outrora
Eu quero ópio, brocados e cetim
Louco universo, redime o erro enfim
Na surdina, conserta minha história
E eu imploro, me devolve à glória
Esquecida de onde quer que eu vim,
Nesta noite não há vida para mim
Deste mundo já vou-me embora
Me aguarda, minha torre de marfim
São só saudades do que nunca vi
Delírio de liberdade, minh'alma mora
Na parva solidão, permaneço aqui...

BIANCA LIEKO PENINA OMAKI (Pindamonhangaba/SP)


Na Categoria Infantil, menos de 12 anos, venceu Roan Póvoas Monteiro dos Santos com a obra "O Amor". Na segunda posição ficou Melissa Suraty de Souza com "Brincadeiras" e na terceira Anna Lívia Oliveira com "O Flamingo". Todos os premiados são de Pindamonhangaba e receberam o Troféu Bertha Celeste Homem de Mello.



Poema vencedor na Categoria Infantil:

"O AMOR"
Eu sei o que é Português
Também sei Geografia
Já aprendi o Inglês
Já melhorei minha grafia
Tudo pude aprender
Mas há uma pergunta que não posso responder;
E irei te perguntar:
- Qual o significado de amar?
Não adianta olhar no dicionário
Muito menos procurar na internet
Para o amor não há explicação
Não é uma coisa que pode pegar na mão
Enfim, não adianta mais falar
Que isso eu nunca vou conseguir explicar!

ROAN PÓVOAS MONTEIRO DOS SANTOS (Pindamonhangaba/SP)


Na Categoria Interpretação Cênica, Nat Mendrot e Murilo Belvedereze venceram com a interpretação do poema "A Pura Mércia", criação de Edilson Sostino Mocumbe, de Maputo, Moçambique. Rosana Dalle foi a segunda colocada com a interpretação de sua própria obra "Castelo de Areia – Foi Tudo Ilusão" e Miguel Zanin foi o terceiro colocado, interpretando "Quintal Mágico", obra de Heitor Sampaio de Freitas (Santo André/SP).



Parabéns ao estudante Lucas pela conquista e que o seu bonito exemplo se espalhe pela nossa Espinosa, celeiro de grandes talentos nas mais diversas áreas do conhecimento, abrindo espaço para que mais e mais crianças e jovens possam ter oportunidades de crescimento intelectual com a transformadora maravilha da Educação, um caminho essencial para um mundo mais lindo, progressista, moderno, consciente, justo e solidário.
Um grande abraço espinosense.