O cenário está montado, à espera do instante decisivo em que dois gigantes brasileiros, trajados de preto e branco, se enfrentarão diante do mundo do futebol na batalha derradeira em que apenas um sairá vencedor, empunhando em desmedida euforia a cobiçada taça de Campeão da Copa Conmebol Libertadores da América de 2024. Não poderia ser inferior a imensa ansiedade que invade os corações atleticanos e botafoguenses até que o árbitro argentino Facundo Tello autorize o início da partida final no Monumental de Núñez exatamente às 17 horas da tarde do sábado, 30 de novembro de 2024.
Aconchegado em nossa trincheira de apaixonado atleticano, eu confesso estar bastante confiante na conquista do título, mas, consciente e prudente, também completamente informado do poderio esportivo do rival carioca, que fez investimentos vultosos e no momento atual apresenta uma performance excepcional e agudamente vitoriosa, infinitamente superior ao futebol claudicante e inseguro exibido pela equipe do Atlético. Assim, na visualização límpida e imparcial da realidade, podemos afirmar com certeza que o Botafogo é o favorito a vencer o jogo e, consequentemente, conquistar o título. Porém, se nos limitarmos apenas aos números, o Atlético tem melhor campanha na Libertadores, com menos jogos, 12, e 8 vitórias, 2 empates e 2 derrotas. O Botafogo, que participou das primeiras fases, atuou em 16 partidas, com 7 vitórias, 6 empates e 3 derrotas.
Mas o que todos esperam saber é o que acontecerá no dia 30 de novembro, amanhã. O mundo inteiro estará de olho na decisão do mais importante torneio de futebol do continente. E é um privilégio e um orgulho ver o nosso Clube Atlético Mineiro sendo um dos protagonistas. E se vencermos o qualificado adversário? Uau! Será uma façanha extraordinária, um feito sublime, um frenesi encantado que fará alucinar por demais as mentes alvinegras mineiras, uma overdose de arrebatamento pulsando em cada molécula do nosso corpo atleticano, um bálsamo revivificador que explodirá em ondas gigantes nos loucamente apaixonados corações que torcem até mesmo contra o vento. Mas, se ao contrário, fracassarmos? Aí não tem jeito, invadirá em mim a tristeza e a frustração. Normal. Só não esperem de mim, atleticano enamorado e otimista que acredita sempre, a crítica raivosa, a depreciação, a maledicência, a ingratidão. Como esportista, saberei aceitar com quietude, placidez e humildade a derrota, reconhecendo a qualidade, eficácia, competência e superioridade esportiva do grande adversário na disputa limpa, ética, digna e justa. Assim é o futebol e assim é a vida, uma roda viva de altos e baixos, de vitórias e derrotas, de conquistas e insucessos, de euforias e abatimentos, de glórias e fracassos. Tão decente é saber ganhar quanto saber perder.
Não há como esquecer que o futebol é um dos esportes mais imprevisíveis, emocionantes e surpreendentes do mundo. É onde as mais incríveis surpresas ocorrem, com pequenos Davis derrotando imensos Golias, como na fábula bíblica. Mas Atlético e Botafogo são gigantes, conforme atesta incontestavelmente a História. Todavia, neste exato momento, o time da Estrela Solitária vive um momento mágico de preeminência, mostrando um desempenho extraordinário em campo, enquanto o rival Atlético, amarga uma fase terrível, com performances inseguras e vacilantes, com resultados extremamente negativos, sobretudo no Campeonato Brasileiro.
E aí, como fica o virginiano treinador do Atlético, Gabriel Alejandro Milito? Consciente do poderio do Botafogo, mas necessitando da vitória para conquistar o título, deve o técnico argentino armar sua equipe de forma ofensiva para buscar desde o início o triunfo na partida única da decisão, correndo o risco de facilitar o jogo rápido e envolvente do adversário? Ou, cônscio da potência e capacidade do oponente, o jovem treinador deve exercitar a humildade e escalar um time mais fechado, defensivo e seguro, apostando na resistência à intensa investida botafoguense praticamente certa, aguardando o desgaste do rival e uma oportuna chance para vencer a partida? Como é dura e difícil a vida de um comandante de um time de futebol! Se a sua estratégia, qualquer seja, funcionar a contento e a vitória acontecer, certamente será coberto de elogios, incensado, tratado como gênio. Se a ideia falhar e a derrota vier, por sua culpa própria ou erro individual ou coletivo de seus atletas em campo, o mundo desabará sobre sua cabeça, num tsunami de críticas duras, pesadas e violentas, decerto tachado de lunático e burro pelos mais radicais corneteiros. Infelizmente, é assim que funciona. O torcedor mais ilógico, exaltado e excêntrico sempre imagina que, mesmo distante de treinamentos e do ambiente cotidiano do clube, confortavelmente sentado na cadeira do boteco ou no sofá da sala a centenas de quilômetros, ele saberá mais que os profissionais que comandam o elenco em campo. E sem quaisquer responsabilidades sobre os resultados, já que basta mudar de ideia e pronto, está resolvido, sem nada de consequências para si. É muito fácil ser torcedor, pitaqueiro, palpiteiro, corneteiro. E engraçado.
Dito isso, só tenho uma certeza. Será um momento marcante, maravilhoso, extraordinário, histórico e emocionante na vida de quem ama o futebol, especialmente os aficionados por Atlético e Botafogo. Todos os demais torcedores e atletas de todos os times do continente gostariam de estar nesta decisão e serem protagonistas na busca pela Glória Eterna e a cobiçada taça de Campeão da Libertadores. E não há escapatória, somente um clube sairá vencedor da disputa. Para muitos, lamentavelmente, o perdedor será execrado, tratado como um fracassado, depreciado como um reles derrotado. Não para mim. Ao grande Campeão, os devidos aplausos e exaltações pela gigante conquista. Ao vencido, principalmente se for o meu amado Atlético, a minha gratidão, o meu reconhecimento pelo belo trabalho realizado por todos e o meu orgulho por vê-lo no topo da pirâmide do futebol sul-americano, brigando entre os grandes pelas conquistas mais importantes. Desde já registro o meu muito obrigado a Hulk, Paulinho, Gustavo Scarpa, Éverson, Deyverson, Guilherme Arana, Bernard, Rodrigo Battaglia, Junior Alonso, Lyanco, Fausto Vera, Alan Franco, Otávio e mais seus demais companheiros, Gabriel Milito e sua comissão técnica, todos os funcionários e administradores do clube, especialmente os senhores verdadeiramente atleticanos que nos salvaram da falência e extinção, Rubens e Rafael Menin, Renato Salvador e Ricardo Guimarães. Graças a todos esses profissionais qualificados, o Clube Atlético Mineiro ressurgiu das cinzas e hoje está de volta ao topo do futebol, sendo reverenciado como potência futebolística e sendo foco com extrema relevância da imprensa mundial.
Eu, como sempre, acredito na força, garra e superação do Galo. Em sua mais que centenária História gloriosa, o Atlético já demonstrou ao mundo a sua incrível capacidade de realizar valentes proezas e produzir milagres, mesmo sendo vítima de estranhas e tenebrosas transações (by Chico). São várias as nossas façanhas. A histórica goleada sobre o arquirrival por 9 x 2 em 27 de novembro de 1927, há 97 anos. O título de "Campeões dos Campeões" em 1937. A vitoriosa excursão pela gelada Europa nos anos 50. A vitória sobre a Seleção da Iugoslávia por 3 a 2, no Mineirão, com o time representando dignamente a Seleção Brasileira. Em 3 de setembro de 1969, a célebre vitória sobre a fabulosa equipe da Seleção Canarinho de Pelé, Gérson, Rivellino, Tostão e Jairzinho que logo adiante seria Tricampeã do Mundo no México. A vitória sobre o mesmo Botafogo em 1971, no Maracanã, com o gol de Dadá Maravilha de cabeça, dando-nos o título de Campeão Brasileiro. A hegemonia atleticana em Minas Gerais no período de 1978 a 1983, com o Hexacampeonato. O Bicampeonato da Conmebol em 1992 e 1997. O emocionante título da Copa Libertadores em 2013, com milagre de Victor e gol antológico de Leonardo Silva. A valiosa taça da Copa do Brasil de 2014, com duas vitórias exuberantes sobre o arquirrival nas finais e aquelas duas formidáveis viradas sobre Corinthians e Flamengo. Os Bicampeonatos do Brasileirão e Copa do Brasil conquistados por Hulk, Paulinho e companhia em 2021. E recentemente, os cinco títulos mineiros conquistados em sequência, sem dar chance ao principal adversário local. É muita História!
Para a grande final, eu vou cometer a ousadia de opinar sobre como escalaria o time para enfrentar o Botafogo amanhã. Lembrando que, o fato de ser sócio-torcedor GNV Branco (um dos mais baratos) não me dá o direito de escalar o time, função delegada a quem tem conhecimento, capacidade, visão técnica, informações físicas, táticas e psicológicas dos atletas e é muito bem remunerado para fazê-lo, o treinador Gabriel Milito. Minha reles opinião é como a de milhões de outros torcedores, sem valor algum. Mas a liberdade de opinar existe e é salutar, por isso eu colocaria em campo uma equipe bem segura na retaguarda, com um meio de campo bastante dinâmico e combativo e uma estratégia de cadenciar o jogo, apostando em uma saída rápida e mortal para o campo de ataque para abrir e manter o placar que nos dará a vitória. Colocaria em campo Éverson; Lyanco, Rodrigo Battaglia, Junior Alonso e Guilherme Arana; Otávio, Alan Franco, Fausto Vera e Gustavo Scarpa (este com mais liberdade para criar jogadas e encostar no ataque); e Paulinho e Hulk na frente, guardando o serelepe Deyverson para uma futura reviravolta no esquema de jogo. Se por infelicidade, sofrermos um gol, será hora de modificar imediatamente a estratégia e, com foco no ataque mas sem perder a consistência tática, buscar o empate e a virada. Se persistir o empate no tempo regulamentar, teremos que manter o posicionamento, aproveitando o provável desgaste do adversário para tentar vazar a forte defesa rival e conseguir a vantagem no placar. Se o empate persistir na prorrogação, aí será tempo e espaço para contarmos com as capacidades técnicas do nosso grande goleiro Éverson e dos nossos cobradores de pênaltis para chegar ao triunfo glorioso.
Que os bons ventos e as boas energias estejam pairando sobre a Nação Atleticana em Buenos Aires! Espero que a força da equipe seja ampliada exponencialmente pela energia positiva da Massa Atleticana e que venha a Glória Eterna, para nosso delírio e prazer!
Vambora, GALO, fazer História! Eu acredito!
Um grande abraço espinosense.