De maneira merecida e um tanto quanto surpreendente, o Londrina conquistou o título da segunda edição da Primeira Liga na noite desta quarta-feira, depois de vencer o Atlético, no Estádio do Café , na disputa de pênaltis. O time paranaense, que atualmente ocupa a 10ª posição na tabela da Série B do Campeonato Brasileiro, já havia eliminado poderosos clubes do país, como Fluminense e Cruzeiro.
Na partida única e decisiva da final da Primeira Liga, o Londrina venceu o Atlético nos pênaltis e levantou a taça de campeão no gramado do Estádio do Café. O Tubarão fez belíssima campanha em toda a competição, passando por cima de gigantes do futebol brasileiro como Fluminense e Cruzeiro e agora, na finalíssima, venceu o Atlético, equipes de poder aquisitivo muitas vezes superior.
A Primeira Liga foi fundada em 10 de setembro de 2015, na cidade do Rio de Janeiro, sendo uma associação de clubes de vários estados da Federação. Na primeira edição do torneio, realizada ano passado, o Fluminense foi o grande campeão ao derrotar o Atlético-PR na final pelo placar de 1 x 0, gol marcado pelo atacante Marcos Júnio.
Antes de a bola rolar, duas situações distintas dominavam o cenário nos clubes finalistas. Enquanto para o Londrina o título da Primeira Liga era uma vitória a ser muitíssimo comemorada, com o clube paranaense chegando à sua segunda conquista em competições nacionais (ganhou o Campeonato Brasileiro - Série B de 1980), para o Atlético o triunfo não teria muita importância, por enfrentar um time de menor expressão, com menos recursos financeiros e integrante da Segunda Divisão do Futebol Brasileiro. Se o Londrina não tivesse êxito na empreitada, não seria nada demais o insucesso, mas se a derrota fosse do Atlético, aí a pressão seria enorme por parte da imprensa e da torcida, podendo até ser considerado um resultado vergonhoso, dada a discrepância do poderio econômico entre os clubes.
Na decisão de hoje não havia outra alternativa ao Atlético senão a de vencer. Depois de ser eliminado precocemente na Copa Libertadores e na Copa do Brasil, a torcida apaixonada e exigente cobrava uma reação e uma melhor performance da equipe nesta reta final da temporada. Com esta cobrança forte da torcida e em uma fase de terrível desempenho, o Atlético passou a encarar a decisão contra o Londrina como se fosse a mais importante do mundo. O Londrina, também, já que era a chance de ganhar e incluir outro torneio nacional na sua história.
No dono da casa, o Londrina, o desfalque era o volante e capitão Germano. No Atlético, as baixas eram o zagueiro e capitão Leonardo Silva, Luan e Otero.
A partida começou com ambos os times bem posicionados em campo, com boa troca de passes no meio campo e alguns erros de passe, mais em virtude da marcação firme do adversário. Foram poucos momentos de perigo nos instantes iniciais, com uma boa jogada de Alex Silva pela lateral e confusão na área do Londrina, até que Rômulo assustou o goleiro Victor com um belo chute de fora da área aos 18 minutos. O Atlético tentava cadenciar o jogo, enquanto o Londrina apostava nas jogadas rápidas de contra-ataque, sobretudo com o habilidoso Artur. Aos 25 minutos, Negueba obrigou Victor a trabalhar, desferindo um chutaço de perna direita para bela defesa do goleiro atleticano. Aos 26 minutos, Elias tenta um chute longo, pelo alto, sem direção. Com o apoio da grande torcida presente no Estádio do Café, o Londrina tentava forçar mais o jogo, usando os chutes de fora da área, enquanto o Atlético tinha dificuldades na criação de jogadas de ataque, muito em função da lentidão na saída da bola da defesa para o ataque. Aos 40 minutos, depois de boa triangulação na defesa do Londrina, Valdívia finalizou de perna direita, forte, mas alto, por cima do travessão do goleiro César, sem perigo. Valdívia teve outra oportunidade de marcar 3 minutos depois, com o corte providencial do lateral Ayrton. Assim terminou o primeiro tempo, com muita disputa pela bola, marcação cerrada, boas trocas de passes e algumas boas chances de gol.
Bola rolando na segunda etapa. Permanecendo o empate, a decisão iria para os pênaltis. Mas os times voltaram com a vontade de decidir o jogo ainda no tempo normal, sobretudo o Atlético, que partiu mais para cima do Londrina. Aos 8 minutos, Valdívia tentou fazer um gol olímpico, em cobrança rasteira de escanteio, cortada pela defesa. Devido à forte marcação na saída de bola, os times passaram a utilizar os chutões dos zagueiros para municiar o ataque, sem nenhuma objetividade. O lateral direito do Atlético, Alex Silva, fazia uma partida horrível, errando quase todas as jogadas. Ele tentou uma bola atrasada e deixou Artur em boa possibilidade de finalização, impedida por Fábio Santos. Oswaldo de Oliveira tentou melhorar o desempenho do seu time e colocou Clayton no lugar de Valdívia, cansado. No Londrina, também cansado e sentindo cãibras, saiu Rômulo para a entrada de Marcinho. O Londrina também queria vencer nos 90 minutos, sem nada de pênaltis. Aos 31 minutos, Fred, que pouco participou do jogo, deu lugar ao He-Man, o Rafael Moura. E o Londrina assustou a pequena torcida atleticana no estádio, com uma blitz na defesa do Atlético, forçando a saída com os pés de Victor. O jogo ficou bem mais emocionante, com as equipes saindo mais em busca da vitória. Para confirmar isso, Tencati substituiu Carlos Henrique por Alisson Safira e Oswaldo tirou Cazares, que andava meio sumido da partida, para a entrada de Marlone. Aos 40 minutos do segundo tempo, o Atlético criou boa jogada no contra-ataque, chegando com velocidade no ataque, mas Marlone desperdiçou a ótima chance de marcar, chutando torto pela linha de fundo. Um jogo que parecia tranquilo tornou-se dramático. Sem gols, a decisão foi para os pênaltis.
O goleiro César brilhou mais uma vez e foi o herói da conquista |
E começou a decisão nos pênaltis. Em bela imagem, os goleiros Victor e César se abraçaram respeitosamente. O Londrina iniciou a série de cobranças. Jumar bateu no canto direito de Victor, que quase defendeu. Fábio Santos bateu com categoria, com o goleiro caindo para o lado contrário da bola. Édson Silva bateu forte e acertou o joelho de Victor, com a bola indo parar no fundo da rede. Robinho cobrou com maestria, bola em um lado, bem no ângulo, goleiro no outro. Ayrton bateu e converteu, com muita tranquilidade, no lado contrário de Victor. Clayton bateu muito mal, facilitando a defesa do goleiro César. Dirceu foi para a bola e também marcou, com a bola passando por baixo de Victor. Rafael Moura foi para a bola e bateu fraco, para tranquila defesa do goleiro e herói César. O Londrina é o grande Campeão da Primeira Liga de 2017.
Parabéns ao Londrina e sua torcida pela grande e merecida vitória.
Um grande abraço espinosense.
Resumo da partida:
Londrina 0 x 0 Atlético (Pênaltis 4 x 2)
Estádio do Café
Quarta-feira, 4 de outubro de 2017 - 21h45
Cartões amarelos: Ayrton, Negueba e Jardel (Londrina); Adílson (Atlético)
Árbitro: Braulio da Silva Machado (SC)
Assistentes: Carlos Berckenbrok (SC) e Rafael da Silva Alves (RS)
Atlético: Victor, Alex Silva, Felipe Santana, Gabriel e Fábio Santos; Adílson, Elias, Valdívia (Clayton) e Cazares (Marlone); Robinho e Fred (Rafael Moura).
Treinador: Oswaldo de Oliveira.
Londrina: César, Lucas Ramon, Dirceu, Edson Silva e Ayrton; Rômulo (Marcinho), Jumar e Jardel; Negueba, Carlos Henrique (Alisson Safira) e Artur.
Treinador: Cláudio Tencati.
Na caminhada até o título o Londrina enfrentou os seguintes adversários:
Primeira fase:
25-01-2017 - 19h00 - Orlando Scarpelli
Figueirense 0 x 1 Londrina
31-01-2017 - 19h00 - Ressacada
Avaí 0 x 1 Londrina
21-02-2017 - 19h15 - Estádio do Café
Londrina 2 x 1 Paraná
Quartas de final:
30-08-2017 - 19h30 - Estádio do Café
Londrina 2 x 0 Fluminense
Semifinal:
03-09-2017 - 11h00 - Estádio do Café
Londrina 2 x 2 Cruzeiro (Pênaltis 3 x 1)
Final:
04-10-2017 - 21h45 - Estádio do Café
Londrina 0 x 0 Atlético (Pênaltis 4 x 2)