O Carnaval voltou após tempos difíceis de pandemia, morte e atraso, sob uma onda de entusiasmo e alegria contagiantes do sofrido povo brasileiro, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. A esperança de dias melhores, que havia ficado um tanto adormecida, retornou com força total. E o Carnaval do Recife voltou prestando homenagem a um artista que merece todo o nosso reconhecimento pela sua obra imensa e valiosa, Geraldo Azevedo.
Geraldo Azevedo de Amorim nasceu em Petrolina, Pernambuco, aos 11 de janeiro de 1945. Autodidata, começou a tocar um violão aos 5 anos de idade, influenciado pelos pais. Adolescente, conheceu a Bossa Nova e o gênio João Gilberto, ampliando o conhecimento musical. Apresenta programa de rádio e começa a tocar em um grupo musical da cidade. Muda-se para o Recife, onde estuda Arquitetura, deixada de lado pela descoberta do amor à música. Com amigos talentosos, participa de alguns grupos de música até ir para o Rio de Janeiro acompanhando a cantora Eliana Pittman nos seus shows. Excursiona com o cantor e compositor Geraldo Vandré, com quem compõe a belíssima "Canção da Despedida", censurada pelo regime militar. Neste período de trevas foi preso e torturado, ao lado da esposa Vitória. Ao lado do amigo e parceiro, lança o disco "Alceu Valença & Geraldo Azevedo" em 1972, que tinha "Talismã", "Novena", "78 Rotações" e "Virgem Virgínia". Somente em 1977 finalmente Geraldo Azevedo conseguiu gravar e lançar o seu primeiro álbum solo, com seu nome. Em 1979 viria o seu segundo trabalho em disco, "Bicho de Sete Cabeças", que o catapultaria finalmente para o panteão dos grandes nomes da MPB. Adiante vieram outros álbuns, com suas canções memoráveis: "Dia Branco" (Geraldo Azevedo/Renato Rocha), "Canta Coração" (Carlos Fernando/Geraldo Azevedo), "Coqueiros" (Geraldo Azevedo/Marcus Vinicius), "Moça Bonita" (Capinam/Geraldo Azevedo), "Príncipe Brilhante" (Carlos Fernando/Geraldo Azevedo), "Nosotros Nosotras" (Capinam/Geraldo Azevedo), "O Princípio do Prazer" (Geraldo Azevedo), "Chorando e Cantando" (Fausto Nilo/Geraldo Azevedo), "Dona da Minha Cabeça" (Fausto Nilo/Geraldo Azevedo), "Sétimo Céu" (Fausto Nilo/Geraldo Azevedo), "Parceiro das Delícias" (Capinam/Geraldo Azevedo) e "Tanto Querer" (Geraldo Azevedo/Nando Cordel).
No ano de 1995, Geraldo se associou ao velho amigo Zé Ramalho e saiu em turnê pelo país cantando seus grandes sucessos no projeto "Dueto". A dupla receberia mais dois amigos queridos, Alceu Valença e Elba Ramalho, para gravar o álbum de imenso sucesso, "O Grande Encontro", em 1996. Um ano depois, sem a participação de Alceu, mais uma edição do projeto saiu. Gravaria ainda um DVD com "O Grande Encontro 3" em 2000. Azevedo continuou criando composições, lançando discos, participando de projetos musicais e espalhando sua arte pelo país, em apresentações solo ou em companhia dos filhos, amigos e parceiros. Lançou em 2011 o projeto de CD e DVD "Salve São Francisco", na defesa do rio de integração nacional.
O artista que veio do Sertão para criar sua universal música cantou com gente do quilate de Xangai, Elomar e Vital Farias em uma grande "Cantoria" e rodou o Brasil com os amigos Zé Ramalho, Alceu Valença e Elba Ramalho no seu "Grande Encontro", espalhando sons, batuques, poesia, versos e alegria, merecendo como poucos a homenagem recebida agora no Carnaval do Recife.
Um grande abraço espinosense.