Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

3279 - Exposição "50 anos do Giramundo"

Giramundo é um grupo de teatro de bonecos criado em Belo Horizonte, no ano de 1970, pelos artistas plásticos Álvaro Apocalypse (1937-2003), Terezinha Veloso (1936-2003) e Madu, a Maria do Carmo Vivacqua Martins (1945). Em todo esse tempo de existência bem-sucedida, o grupo montou 36 espetáculos, construindo um rico acervo de cerca de 1.500 bonecos das mais variadas formas e materiais. Para conhecer a magia das criações do reconhecido grupo teatral, basta acessar o site giramundo.org.



 
Neste mês de agosto, entre os dias 16 e 26, a população de Montes Claros tem a oportunidade imperdível de conhecer um pouquinho da história vitoriosa de um dos mais antigos e abalizados grupos culturais de teatro de bonecos do país. Nas dependências do Centro Cultural Hermes de Paula, localizado na Praça Doutor Chaves, a Praça da Matriz, está sendo realizada a Exposição "Giramundo 50 anos", com a apresentação de bonecos de diversas fases do Giramundo, mostrando "uma visão retrospectiva sobre as evoluções técnicas, plásticas e expressivas de uma das mais importantes companhias de teatro do Brasil".
Para quem aprecia cultura e quer mais e mais evoluir, a oportunidade é imperdível.
Um grande abraço espinosense.


3278 - Esse danado Português

Nunca fui craque em Matemática, Religião, Moral e Cívica, Ciências, Química, Física e Biologia, mas fui um aluno "mais ou menos" na matéria escolar da bela e intrincada Língua Portuguesa. Nesse tempo todo em que escrevo textos aqui neste nosso humilde blog, no Facebook e em alguns grupos de Whatsapp, imagino um milhão de erros por mim cometidos na seara desta maravilhosa "última Flor do Lácio, inculta e bela", como a definiu poeticamente o grande Olavo Bilac no soneto "Língua Portuguesa".
Ela é bela, mas traiçoeira. Quase uma constante, a grande maioria dos brasileiros a agride a todo instante, deturpando suas regras de difícil compreensão a nós, ordinários cidadãos. Para que possamos diminuir os erros, a melhor solução é o estudo e a atenção a algumas regrinhas básicas da língua. Ler, aprender, evoluir, tudo é fundamental, então vamos conhecer alguns preceitos importantes que nos ajudarão a não maltratar tanto o nosso Português.



- "MENAS" não existe! Menos é usado para palavras masculinas e femininas. Exemplo: "Eu tenho menos livros que a minha irmã, que tem menos fotografias que eu".
- Quando for citar números, escreva por extenso os numerais de zero a dez, cem e mil. A partir de 11, 101 e 1001, use algarismos. No início das frases, obrigatoriamente deverão os números ser escritos por extenso. Para mil, milhão, bilhão, use a forma mista. Exemplos: "O enganador contou sete mentiras", "Ele ganhou 13 livros da namorada", "Trezentos e dois deputados votaram contra os trabalhadores" e "O ricaço pagou 6 milhões pela mansão".
- Para datas, horas, idades, valores em dinheiro, porcentagens, pesos e medidas, use sempre algarismos. Exemplo: "Ele, que tem apenas 9 anos e pesa 89 kg, teve 150% de aumento no dia 9 de março, passando a ganhar R$ 145 mil por mês".
- "GRATU-Í-TO" não existe! A palavra gratuito é paroxítona e tem sua sílaba tônica "TUI" sem acento.
- "RÚIM" não existe! A palavra ruim é dissílaba e oxítona. Em palavras que contêm hiato, a sílaba tônica fica na segunda vogal.
- Nas datas, escreva o dia em algarismo, sem zero à esquerda, o mês por extenso e o ano em algarismo sem ponto. Nas horas, escreva o número em algarismo seguido de horas. Se abreviar, use apenas o "h". Exemplos: "9 horas, 1h, 2h15, 15h01, às 2 horas, à 1h, das 13 às 15 horas".
- Quando se tratar de siglas, escreva com letras maiúsculas as de até três letras. As de 4 ou mais letras, escreva em maiúsculas se cada letra for pronunciada separadamente. Não use pontos nem no meio nem após as siglas. Exemplos: "PLR, OAB, CNI, FMI, IBGE, BNDES, INSS, FGTS, Masp, Petrobras, Cemig, Embraer, Bovespa". 
- "ESTRUPO" não existe! No Brasil existe, e muito, é o maldito estupro, terrível problema de um país machista e violento. 
- Depois de preposição, só use "MIM" e "TI", nunca "EU". Exemplos: "Há um sentimento entre mim e você" e "Havia uma conexão entre mim e ti".
- "MAL" é o oposto de "BEM", enquanto que "MAU" é o contrário de "BOM". É só observar essa regra e tudo fica fácil. Exemplos: "Ele é um cara mau, e não está se sentindo mal", "Ele é um sujeito mentiroso e incentivador do mal" e "Quem é mal-humorado está sempre de mau humor!"
- "HÁ", do verbo haver, indica passado. Nunca use "HÁ" e "ATRÁS" na mesma frase, é redundância. Quando falar do futuro, use "A". Exemplos: "Estou casado há dez anos", "Estou a poucos meses de me aposentar" e "Eu nasci há dez mil anos".
- Use "TEM" no singular e "TÊM" no plural. Exemplos: "Você tem medo da verdade"; "Eles têm medo da verdade".
- Use "MIM" no final da frase. Se for antes de verbo no infinitivo, use "EU". Exemplos: "Traga uma cerveja para mim" e "Traga uma cerveja para eu tomar". 
- Jamais inicie frases com pronomes oblíquos átonos (me, se, te, a, o, lhe, nos, vos, as, os, lhes). Exemplo: "Transforme-se em um vencedor através da Educação".
- Cuidado com o uso de "MEIO" e "MEIA". A meia é aquilo que usamos nos pés. O meia é aquele jogador, geralmente habilidoso e com boa visão periférica, que joga na criação de jogadas no futebol. Meio é um numeral fracionário vinculado a um substantivo com que concorda naturalmente: meia-noite, meia garrafa, meia folha. Já meio é um advérbio de intensidade vinculado a um adjetivo e que não se flexiona: meio cansada, meio distraída, meio louca, meio triste.
- A expressão "AO INVÉS DE" significa "AO CONTRÁRIO" e deve ser usado apenas para expressar oposição. Já "EM VEZ DE" tem um significado mais abrangente e é usado para exprimir oposição e também como de outras possibilidades não necessariamente opostas. Exemplos: "Ao invés de virar à direita, virei à esquerda" e "Em vez de ir cantar, eu fui dormir". 
- "IMPRESSO ou IMPRIMIDO"? Com os verbos "ser" e "estar", use "impresso"; com os verbos "ter" e "haver", pode usar "imprimido". Exemplos: "Panfletos foram impressos para a manifestação contra a censura" e "Percebi depois que tinha imprimido o documento errado".
- "GRAMA" pode ser feminino ou masculino, dependendo do significado. O capim-de-burro é feminino, enquanto a unidade de peso é masculino. Exemplos: "A grama do campo de futebol está perfeita" e "Nesta carestia, só estou comprando duzentos gramas de carne".
- "VIAGEM" é substantivo e "VIAJEM" é verbo. Exemplo: "Quando as coisas melhorarem, viajem para a praia, sempre curtindo a viagem".
- Concordância é fundamental. Em uma oração, todos os elementos precisam estar em harmonia, concordando entre si. A concordância verbal diz respeito à relação entre sujeito e verbo, enquanto a concordância nominal trata da relação entre as classes de palavras. Exemplos: "O bandido covarde fugiu morto de medo de ser preso", "Os bandidos covardes fugiram mortos de medo de serem presos", "É necessário sabedoria" e "A sabedoria é necessária!".   


 
Parece paradoxal, mas neste texto que trata da dificuldade de entendermos completamente a nossa língua, é bem possível que existam erros da Língua Portuguesa. Para que possamos evitar ou diminuir agressões cotidianas às regras gramaticais, podemos utilizar um corretor ortográfico e ler o nosso texto em voz alta para identificar incorreções mais facilmente. É salutar sempre estudar a gramática, jamais dispensando a ajuda de um bom dicionário e não nos envergonhando em nenhuma hipótese de pedir ajuda a alguém tarimbado na matéria. Aprender a cada dia é fundamental!
Um grande abraço espinosense.


Soneto "Língua Portuguesa", de Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!