O mês de setembro é época de greve dos bancários, pois neste período acontece a negociação do acordo coletivo de trabalho e raramente se chega a um acordo sem divergências, o que acaba resultando em paralisação. Pouca gente se lembra, os mais jovens sequer tem ideia deste acontecimento histórico que se deu nos turbulentos anos 80 em Espinosa, quando a economia do país estava em frangalhos, com uma inflação descontrolada que chegou a estratosféricos 80% ao mês, coisa inimaginável nos tempos atuais de inflação controlada em torno dos 5% anuais. Chegamos a um ponto tão inaceitável de perda salarial que, mesmo amedrontados e ameaçados, resolvemos aderir à greve nacional por melhores salários. Foi uma situação inesquecível, dada a nossa inexperiência profissional no assunto. Mas não havia outra saída. Com a economia do país afundada em um verdadeiro caos, com o descontrole total da inflação, chegando a uma hiperinflação, os nossos vencimentos já não cobriam as nossas despesas mais básicas, levando-nos a decidir pela greve. Reparem nas faixas das fotos o reajuste que pedíamos: "apenas" 100% de aumento! Dá para imaginar hoje em dia, uma reivindicação deste tamanho? Para quem não viveu esta época, é realmente difícil entender a situação de loucura que se instalou no país naquela oportunidade. O seu dinheiro ganho de manhã já não valia o mesmo à tarde. Inacreditável!
A primeira greve da história da cidade fecha o BB em Espinosa |
Olha só o reajuste: 100 % de reposição salarial! |
Acompanhem um breve comentário sobre a inflação. Em economia, inflação é a queda do valor de mercado ou de poder de compra do dinheiro. Isso é equivalente ao aumento no nível geral de preços, que muitas vezes é estimulado pela lei da oferta e da procura. Quanto maior é a procura por um determinado produto, maior fica seu preço. Analisando o mercado externamente, a inflação se traduz mais por uma desvalorização da moeda local frente à outra, especialmente ao Dólar e agora também ao Euro. O período pós-ditadura (1980) foi sem dúvida o mais turbulento de toda a história. A desvalorização da moeda chegou a tal ponto que os produtos do supermercado, por exemplo, eram reajustados mais de uma vez ao dia. Nessa mesma época, a criação de diferentes moedas era tentada para se conter o caos da inflação e diversos planos econômicos tentavam dar uma solução definitiva para a questão.
Os famosos planos Bresser, Cruzado e Collor tentaram controlar a inflação que depois da redemocratização passou de 72,53%, em 1986, para incríveis 1.972,91% em 1989. A classe média, nesse período, foi a mais afetada chegando ao ponto extremo de ter suas poupanças bloqueadas por um tempo, no trágico governo Collor. Passado o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, com a posse do vice-presidente Itamar Franco, o então ministro da fazenda Fernando Henrique Cardoso, anunciou mais um plano econômico, o Plano Real. O índice da inflação caiu de 916,43% em 1994, para 22,41% em 1995. Para manter a inflação num patamar aceitável, o Banco Central usa desde 1999 a chamada Meta de Inflação. Trata-se de uma taxa que é estabelecida para o ano. O governo precisa mostrar que a inflação está controlada, o que garante investimentos externos e blinda a economia durante uma crise internacional, onde o capital é retirado dos países emergentes e aplicado em economias estáveis.
Histórico da inflação no Brasil:
Década de 1930 = média anual de 6%
Década de 1940 = média anual de 12%
Década de 1950 = 19%
Décadas de 1960 e 1970 = 40%
Década de 1980 = 330%
Entre 1990 a 1995 = média anual de 764%
Entre 1995 a 2000 = média anual de 8,6%
1998 = 1,65%
1999 = 8,94%
2000 = 5,97%
2001 = 7,67%
2002 = 12,53%
2003 = 9,30%
2004 = 7,60%
2005 = 5,69%
2006 = 3,14%
2007 = 4,46%
2008 = 5,90%
2009 = 4,31%
2010 = 5,91%
Curiosidades:
* Entre 1968 e 2008, o Brasil teve uma inflação acumulada de 970 000 000 000 000% (970 trilhões).
* A maior inflação anual já registrada no país foi de 2.477,1%, em 1993. A menor, de 1,6%, em 1998.
* Em 1989, a inflação atingiu 1.972,9% ao ano.
* O recorde mensal foi batido em março de 1990, quando a taxa alcançou 82%.
* O Brasil quebrou duas vezes nos anos 80. A primeira foi em 1983, no regime militar. A segunda, na administração Sarney, em 1987. Sem dinheiro em caixa para honrar compromissos externos, o governo anunciou unilateralmente a suspensão dos pagamentos aos credores da dívida brasileira, principalmente bancos. Esses calotes colocaram a imagem do Brasil no buraco e postergaram em pelo menos uma década a classificação do país como um destino seguro para investimentos.
* Em quarenta anos, o Brasil teve sete moedas e enfrentou seis planos econômicos.
Fontes: administradores.com.br, passeiweb.com e veja.com.br