Espinosa, meu éden

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sábado, 20 de julho de 2024

3511 - A música e a arte do grande Zé Geraldo

Depois de tantas notícias tristes aqui registradas nos últimos dias, vai agora um pouco de música para recuperarmos o fôlego, a calmaria, a esperança e a sanidade.
Um sonhador menino nascido no interior das Minas Gerais, na cidade de Rodeiro, no dia 9 de dezembro de 1944, recebeu o nome de José na certidão de nascimento e já tinha na alma e no DNA a paixão pela música. Batizado como José Geraldo Juste, o garoto filho do casal Antônio Juste Sobrinho e Dinah Moreira Juste só iria se aprofundar seriamente na seara musical já na idade de saída da juventude para a vida adulta, após sofrer um grave acidente durante sua viagem de retorno das férias em Governador Valadares para São Paulo, onde trabalhava e sonhava em ser um jogador de futebol profissional. A bola ficou distante e a música ganhou espaço na vida do rapaz que logo começou a tocar e a compor suas canções, participando de bandas e festivais e tendo algumas de suas criações premiadas. 
O sucesso chegou com o primeiro LP lançado em 1979, denominado "Terceiro Mundo". Curiosamente, a canção que explodiu nas paradas de sucesso não era sua, mas do amigo compositor Lúcio Barbosa: "Cidadão".



Zé Geraldo é uma mistura bem mineira das influências musicais do Rock de Bob Dylan e da Viola Caipira de Tião Carreiro, sempre lutando na defesa das suas criações quase que completamente ignoradas pela grande mídia. Nas suas letras recheadas de poesia, sensatez e clarividência, ele cutuca sem piedade os arrogantes, bélicos e gananciosos humanos e a sua busca insana e desenfreada pelo poder e dinheiro. Zé Geraldo é, sem disfarces ou medo, o maior protagonista do Rock Rural, ou simplesmente é o maior ícone tupiniquim na figura do Roqueiro da Roça.
Perto de completar seus 80 anos de estrada neste planeta lindo, maravilhoso e muito maltratado, Zé Geraldo tem a minha torcida de muita saúde, inspiração e criatividade por mais uns vários anos na música. Viva Zé Geraldo!
Um grande abraço espinosense.





O Menino, a Bola e a Canção
Composição: Zé Geraldo e Antônio Porto

Era um menino magricelo da canela fina
Correndo atrás de bola o dia inteiro
Na terra batida do terreiro de sua casa no interior

De dia voava solto
De noite era bença dos pais
A cabeça no travesseiro
O sonho primeiro do menino
Era ser jogador, jogador
Pulava cedo da cama
E depois do café
Caminhava a pé
Na primeira escola
De volta pra casa
Sem tirar o uniforme
Já estava com a bola, com a bola

Num desses acidentes do destino
O sonho ficou numa curva da estrada
Escanteios, dribles e gols
De repente eram nada, nada
Foram tempos sombrios de prova e superação
Sem saber se o amanhã viria ou não

Mas a mão do criador é tão bondosa
Que generoso é seu coração
Uma tarde enviou um mensageiro
Com uma sacola de versos e um violão
Os sonhos renasceram e com eles emoções
Escanteios, dribles e gols
Viraram versos e canções

É meu cumpadi
Eu sempre digo
A bola e a canção são Deusas
Seduzindo seus amantes
Duas cachaças embriagantes
É, eu quero sim! Um copo cheio pra mim
É, eu quero sim! Um copo cheio pra mim
É, eu quero sim! Um copo cheio pra mim
É, eu quero sim! Um copo cheio pra mim
É, eu quero sim!