É quase inacreditável notar a sua magnífica presença bem no centro da metrópole, espalhando oxigênio e muito verde por entre as centenas de arranha-céus bem ali ao redor. Imaginem só encontrar um oásis de 3,410 km² de flores, plantas, árvores, lagos, gramados e natureza exuberante bem no centro da Ilha de Manhattan, no coração de Nova Iorque. Pois isso existe de verdade e se chama Central Park.
Criado através de uma lei na Assembléia Legislativa do Estado de Nova York em 21 de julho de 1853, o primeiro grande parque público paisagístico da América foi projetado pelo escritor e paisagista Frederick Law Olmsted e pelo arquiteto inglês Calvert Vaux, vencedores do concurso de design para sua construção.
O parque passou por alguns períodos de declínio e decadência, com instalações deterioradas e estruturas arruinadas pelo mau uso da população, o que acabou gerando um ambiente de atividades ilícitas em um cenário de violência, lixo, pichações e vandalismo.
Só após a criação de um planejamento estratégico de gestão, uma parceria público-privada com a cidade de Nova Iorque, com a fusão de dois dos mais importantes grupos de defesa privadas - o Parque Task Force Central e o Fundo Comunitário do Central Park - na formação do Central Park Conservancy, é que o parque pode ser restaurado e passou a ter condições financeiras para gerir os seus muitos gastos com a manutenção. Sob um sistema pioneiro de gestão, o Parque foi dividido em 49 zonas geográficas, cada uma delas administrada por um gerente responsável por todas as tarefas. Com a completa restauração da infra-estrutura do parque, foi implantado um esquema de tolerância zero para acabar com a depredação, o descarte de lixo e as pichações. A aplicação de tais práticas severas serviu para modelar e moldar o comportamento do público e melhorar a qualidade de vida de todos os cidadãos da cidade, fazendo com que o Central Park hoje seja um exemplo para todo o mundo.
O Departamento de Parques e Recreação da Cidade de Nova York, responsável por todos os parques de Nova York, o Central Park inclusive, estabeleceu regras e regulamentos para que os mais de 40 milhões de seus visitantes por ano pudessem desfrutar do Parque com segurança.
Algumas das regras proíbem a venda e ingestão de álcool e a alimentação de animais selvagens. Cães são aceitos, desde que controlados em tempo integral pelos seus donos. Se quiser casar ou realizar filmagens de filmes ou comerciais, basta agendar com antecedência e pagar umas taxas. Não é permitido assar uma carninha no Parque, pelo risco de incêndio, mas no Memorial Day, o Dia do Trabalho, e no 4 de julho, Dia da Independência, abre-se uma exceção, desde que o churrasco seja com carvão vegetal, nunca propano. O Central Park fica aberto aos visitantes nos 365 dias do ano, das 6 h às 1 h.
O administrador atual do Parque, Douglas Blonsky, é o sujeito diretamente responsável por todo o dia a dia das operações e questões estratégicas da manutenção, além do planejamento estratégico geral, a programação de capital, de programação pública, de desenvolvimento e marketing e de estratégias de comunicação para a organização. 75% do orçamento anual do Central Park vem de generosas doações de pessoas físicas e empresas.
Conforme o slogan, há sempre algo para ver ou fazer no Central Park! O centro geográfico, chamado The Great Lawn, é uma área de 55 hectares tomado por um gramado espetacular, onde as pessoas se deitam para descansar, tomar um sol ou ler um livro. Foi naquele local que aconteceu o lendário show de Simon e Garfunkel. Outros artistas também já se apresentaram ali, como Diana Ross, Bon Jovi, a Metropolitan Opera e a New York Philharmonic Orquestra.
Também merece destaque a Strawberry Fields, uma área de 2,5 hectares que presta homenagem ao falecido Beatle, o cantor, compositor, músico e ativista pela paz John Lennon, assassinado perto dali. O nome foi tirado da canção dos Beatles, "Strawberry Fields Forever". Foi construído um belo mosaico em preto e branco com a palavra "Imagine" (canção de Lennon), projetado por uma equipe de artistas da cidade italiana de Nápoles, com a ajuda do arquitecto paisagista Bruce Kelley e uma generosa doação de US$ 1 milhão da viúva Yoko Ono. O Jardim da Paz, que abriga a peça, evoca a visão e a esperança de um mundo sem guerras e conflitos. Uma placa de bronze afixada em uma rocha lista os nomes dos mais de 120 países que plantaram flores e doaram dinheiro para a manutenção da área, o Brasil inclusive.
Engana-se quem imagina se tratar o Central Park de uma floresta natural. Nada disso. Quase tudo ali foi construído e plantado pelo homem, com o intuito de doar à cidade um lugar aconchegante e servir como um oásis de tranquilidade e paz em meio à selva de pedra. Sem dúvida, uma das mais acertadas decisões do povo americano. Que nos sirva de lição.
Um grande abraço espinosense.