Espinosa, meu éden

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terça-feira, 27 de agosto de 2024

3549 - As lições das Olimpíadas

Terminada a 33ª edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em Paris, na França, o Brasil terminou na 20ª posição no quadro de medalhas, com três ouros, sete pratas e dez bronzes. Ali, cerca de 10.500 atletas de alto rendimento de vários países do mundo se enfrentaram com toda entrega e dedicação na luta pela conquista de medalhas em 32 modalidades esportivas. Nesta edição, uma novidade. Havia a mesma quantidade de homens e mulheres competindo. E os Estados Unidos ficaram no topo de conquistas com 40 ouros, 44 pratas e 42 bronzes. A China ficou na segunda posição com 40 ouros, 27 pratas e 24 bronzes.


 
Como sempre, as Olimpíadas nos encantam, com as performances incríveis e extraordinárias de grandes atletas. Mesmo com a diminuição das quebras de recordes mundiais em Paris, brilharam atletas como o nadador francês Léon Marchand, que ganhou quatro ouros e um bronze; a espetacular estrela americana da Ginástica, Simone Biles, que ganhou três medalhas de ouro e uma de prata; a nadadora chinesa Zhang Yufei, que conquistou uma prata e cinco bronzes; o nadador norte-americano Torri Huske, que ganhou três ouros e duas pratas; a nadadora australiana Mollie O’Callaghan, que ganhou três ouros, uma prata e um bronze; o nadador norte-americano Regan Smith, que ganhou dois ouros e três pratas; o nadador canadense Summer McIntosh, que ganhou três ouros e uma prata; e o ginasta japonês Shinnosuke Oka, que ganhou três ouros e um bronze. Muitos outros atletas se destacaram, como o sueco Armand "Mondo" Duplantis, campeão Olímpico em Tóquio 2020, que em Paris chegou ao bicampeonato na modalidade de Salto Com Vara, quebrando o recorde mundial, saltando 6,25m.
Brilharam também os atletas brasileiros, com desempenhos incríveis e elogiáveis de Beatriz "Bia" Souza no Judô, Rebeca Andrade na Ginástica Artística e Ana Patrícia e Duda no Vôlei de Praia, que valeram a cobiçada Medalha de Ouro. Conquistamos também Medalhas de Prata, com Caio Bonfim (Marcha Atlética), Willian Lima (Judô), Rebeca Andrade (2x Ginástica Artística), Tatiana Weston-Webb (Surfe), Isaquias Queiroz (Canoagem) e as meninas do Futebol Feminino. As Medalhas de Bronze vieram com Larissa Pimenta (Judô), Rayssa Leal (Skate Street), Bia Ferreira (Boxe), Gabriel Medina (Surfe), Augusto Akio (Skate Park), Edival Pontes "Netinho" (Taekwondo), Alison dos Santos (Atletismo), e as equipes do Vôlei Feminino, do Judô e da Ginástica Artística.



Nos Jogos Olímpicos em que, pela primeira vez, tivemos mais mulheres que homens competindo, as meninas mostraram todo seu valor e foram responsáveis por 12 das 20 medalhas conquistadas pelo Brasil. A linda, carismática, simpática e talentosa Rebeca Andrade passou a ser a maior medalhista olímpica do país, agora com seis medalhas conquistadas, ultrapassando Robert Scheidt e Torben Grael.
Mas nem tudo são flores, ou medalhas, aplausos e reconhecimento. O maldito ódio emanado dos corações duros e insensíveis de pessoas más correu solto pelas redes sociais durante as Olimpíadas. E não só agora, mas ainda em Tóquio 2020. Após uma conquista sensacional e emocionante em quadra, a nossa Menina de Ouro Pathy, a Ana Patrícia Silva Ramos, ao ser entrevistada depois de receber a tão sonhada Medalha de Ouro Olímpica, não conseguiu esquecer os pesados e covardes ataques sofridos nas redes sociais quando foi eliminada nas quartas de final das Olimpíadas passadas. Em um momento que era para ser só de alegria, euforia e celebração pelo gigante objetivo alcançado, nossa menina teve que desabafar contra pessoas maldosas e insanas que se escondem atrás de contas anônimas para espalhar ódio e perversidade. Também foram atacadas na Internet a professora australiana Rachael "Raygun" Gunn, que competiu na modalidade Breaking, ganhando nota zero por sua performance diferenciada; e as ginastas Jordan Chiles, dos Estados Unidos, e Ana Barbosu e Sabrina Maneca-Voinea, da Romênia, que foram envolvidas na polêmica em relação à medalha de bronze no Solo, trocada posteriormente. Até a icônica ginasta romena Nadia Comaneci foi atacada impiedosamente pelos haters, lamentavelmente.


 
Outras atletas que sofreram a ação radical, covarde e desumana dos malditos haters da rede mundial de computadores foram as boxeadoras Imane Khelif, da Argélia, e Lin Yuting, de Taiwan, que foram erroneamente acusadas de serem trans e impiedosamente massacradas nas redes sociais pelas suas condições físicas de hiperandrogenismo, distúrbio endócrino caracterizado por níveis muito altos de hormônios masculinos naturalmente produzidos pelo corpo. Confirmadas suas condições de mulheres, as atletas fizeram bonito e conquistaram Medalha de Ouro nas suas competições, ganhando ainda a honra de carregarem as bandeiras dos seus respectivos países na cerimônia de encerramento dos Jogos.
Para nos emocionar e nos estimular a nunca desistir dos nossos objetivos, veio o exemplo magnífico da atleta do pequeno país asiático do Reino do Butão, com seus pouco mais de 800 mil habitantes. A única mulher butanense na competição, Kinzang Lhamo foi a última colocada na prova da Maratona nos Jogos Olímpicos de Paris. Ela completou a prova no 80º lugar, com um tempo de 2h22m55, chegando após a recordista vencedora holandesa Sifan Hassan com um tempo superior de 1h30m04. Outros 11 atletas desistiram da prova e a abandonaram antes do final. Kinzang não! Com o apoio do público, que a incentivava e aplaudia, ela utilizou-se de todas as suas forças e cruzou exausta a linha de chegada dando o mais belo exemplo do espírito esportivo que deve sempre prevalecer nas Olimpíadas.



Para os de visão mais aguçada e que compreendem que a evolução humana pessoal é necessária e imprescindível, os jogos Olímpicos servem de oportunidade para o aprendizado. Respeitar treinadores, colegas, árbitros, autoridades, jornalistas, torcedores e, principalmente, os adversários, torna-se o ato fundamental. Atuar com entusiasmo, vontade, honestidade e ética nas competições é regra inegociável. E saber ganhar e perder, reconhecendo os possíveis erros individuais e as eventuais superioridades dos oponentes é prova de maturidade e reverência aos vencedores, sempre usando sem moderação a humildade. O esporte em geral, especialmente os Jogos Olímpicos, é sempre uma ocasião propícia para a evolução, o aprendizado e o exercício da tolerância pelos humanos. Que tenhamos a sabedoria de aprender com os belos exemplos protagonizados pelos atletas de todo o planeta esférico e azul.
E muito em breve teremos mais destes bonitos exemplos de superação, empatia, modéstia e desvelo na 17ª edição dos Jogos Paralímpicos que se iniciará também em Paris nesta quarta-feira, 28 de agosto, e se estenderá até o dia 8 de setembro. Viveremos certamente momentos emocionantes. Tomara que sem ódio e maldade dos malditos haters contra os atletas nas redes sociais.
Um grande abraço espinosense.