Até assisto, vez por outra, um filme basicamente de entretenimento, como aqueles de ação desenfreada com perseguição de automóveis, lutas sangrentas milimetricamente calculadas, tiros e mortes em profusão e explosões em abundância, mas efetivamente não é o que me atrai, encanta e me faz sair de casa para ir ao cinema. Adoro mesmo é filme de drama, de amor, de "tragicomédia", de suspense, e especialmente de produções baseadas em fatos reais, com roteiros bem elaborados e que me emocionam com histórias lindas e interessantes.
Anteontem, no feriado do Dia do Trabalho, descobri no Amazon Prime um filme de 2021, escrito e dirigido pelo ator, diretor e roteirista norte-irlandês Kenneth Branagh, estrelado por Caitríona Balfe ("Ma"), Judi Dench ("Granny"), Jamie Dornan ("Pa"), Ciarán Hinds ("Pop"), Colin Morgan (Billy Clanton) e pelo talentoso garoto Jude Hill, que dá um show de interpretação no personagem "Buddy".
O filme me encantou pela abordagem serena, emocionante e sutil de um episódio terrível da história da Irlanda, quando protestantes e católicos se engalfinharam em uma guerra estúpida e violenta como tantas outras sem sentido que ocorrem no mundo de tempos em tempos. Quando religião se mistura com política, o resultado sempre é ódio gratuito, violência desenfreada, derramamento de sangue e perda de vidas inocentes. O lamentável conflito na Irlanda do Norte que durou do final dos anos 60 até 1998 ficou conhecido como "The Troubles" e causou enormes estragos na sociedade irlandesa. Um conflito posterior que resultou na morte de 13 pessoas durante uma marcha em 30 de janeiro de 1972 virou música de protesto do U2, "Sunday Bloody Sunday", mostrando a imbecilidade e a estupidez dessa batalha.
O filme "Belfast" toca profundamente o nosso coração ao mostrar com leveza e bom humor a infância do inteligente e esperto "Buddy", que cresce entre a liberdade pueril de ser criança e o ambiente às vezes hostil da intolerância religiosa que afeta a vida de todos ao seu redor. "Belfast" também explora com delicadeza e profundidade a relação amorosa e familiar dos pais e avós do pequeno "Buddy", com suas dificuldades financeiras e seu confronto com a realidade dura da busca pela sobrevivência. Adorei!
Através desta obra cinematográfica podemos refletir profundamente sobre a insensibilidade humana que leva à tamanha estupidez de, por divergência de convicções religiosas, o fanatismo levar a conflitos recheados de ódio e violência, afetando negativamente a vida de todo mundo. E o pior é que isso nunca acaba! Sempre explode uma burrice desta em algum lugar do mundo, sempre com o uso maldoso e indevido da santa fé em Deus. Uma lástima!
Um grande abraço espinosense.