Nesta primeira postagem do ano de 2016, vou finalmente realizar um desejo antigo. Desde que iniciei este nosso humilde blog, em maio de 2010, uma das postagens que eu mais queria fazer era sobre a minha eterna e querida Turma da Resina. E, inexplicavelmente, nunca consegui escrever a respeito, talvez por não saber por onde começar, devido às muitas lembranças e acontecimentos de uma fase maravilhosa e inesquecível da minha vida. Assim, antes que Deus não me permita mais tempo para isso, sinto que chegou a hora de me enveredar pelos labirintos da memória e resgatar recordações de um tempo incrivelmente feliz que jamais sairá da minha mente.
O nosso território era minúsculo e ao mesmo tempo imensurável. Compreendia apenas dois quarteirões da Rua Coronel Domingos Tolentino, a nossa "Rua da Resina". Dizem que o apelido da nossa rua teria se originado da resina expelida pelas muitas plantas que antigamente faziam parte da paisagem. Ali, naquele pequeno espaço, criamos o nosso mundo paradisíaco, com poucos recursos materiais, mas com uma criatividade especial para inventar brincadeiras e fabricar os nossos próprios brinquedos. Além de tudo, tínhamos a imensidão e a beleza da Natureza à inteira disposição, logo ali próximo, no leito e nas margens do Rio São Domingos, então praticamente intocável pela poluição. E nestes lugares fomos crianças e adolescentes um tanto quanto moleques peraltas, mas acima de tudo imensamente felizes. Neste modesto local, nos divertimos muito jogando gude, futebol e queimada, brincamos de índio, de mocinho e de bandido, nos apaixonamos platonicamente diversas vezes e, eu em especial, dei o meu primeiro beijo e conquistei a mulher que futuramente iria se tornar a mãe dos meus filhos e o meu eterno amor. A esta rua, minha Rua da Resina, e ao seu povo maravilhoso, devo a minha formação como gente, os meus valores, a minha história, a minha vida.
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Visão da Rua da Resina a partir do Google Earth |
Na Rua da Resina éramos todos quase irmãos, e em cada casa da rua tínhamos como uma mãe a zelar por nós. Dona Zulmira, Madrinha Judith, Dona Noeme, Dona Cida, Dona Cassionília, Dona Nair, Tia Lia, minha mãe Zu, e mais outras, eram (e são) como mãe de todo mundo. Todos tínhamos histórias parecidas de vida, a maioria de família humilde. Começamos a trabalhar ainda jovens e como ganhávamos pouco, todas as despesas das farrinhas que fazíamos, eram divididas ou "rachadas" igualmente. No início, não tínhamos carro e o nosso único meio de locomoção era o famoso e inesquecível Jeep de propriedade de Seu Vavá, o pai de Quinha e Gera, que conseguia a proeza de transportar a todos nós, um bando de jovens cheios de sonhos e alegria. Em outra etapa, tínhamos também a "Brasilinha", como chamávamos um velho DKW que Negão comprou certa vez. E assim nos encontrávamos sempre para conversar, passear nos rios, farrear, tomar cerveja e namorar, sempre em bando, e em paz.
Tempos mais tarde, depois de ingressar no Banco do Brasil, eu e Quinha conseguimos comprar um carro cada um, na época um Chevette zero km. Foi um tempo de muita farra e algumas loucuras, que graças às bênçãos de Deus, terminou sem maiores consequências.
Com o tempo, um a um, os integrantes da turma foram encontrando as suas caras-metades e construindo suas famílias. E recentemente, percebi, com enorme satisfação, que essas nossas famílias continuam firmes e unidas, resistindo às intempéries de uma sempre complicada vida a dois.
Para nossa tristeza, três de nós partiram desta vida em direção ao paraíso celeste. Dézio, Dalton e meu compadre Daílson já não estão entre nós, mas jamais deixarão de estar em nossas memórias, em nossas preces, em nossos corações.
Entre os mais assíduos, a nossa turma era composta basicamente por:
Dézio - Jésus Natalino Vieira (In memoriam)
Negão - José Valite
Quinha - Roberto Carlyle Gonçalves Lopes
Lelo - Marco Aurélio Tolentino Vieira
Gera - Geraldo Gonçalves Lopes
Tião - Sebastião Nunes Xavier
Mílton - Mílton Barbosa Lima
Daílson - Jorge Adaílson Cordeiro dos Santos (In memoriam)
Dalton - Dalton Nunes Xavier (In memoriam)
Edmar - Edmar Barbosa Lima
Gaiola - Carlos Alberto Vieira Cruz
Júlio - Júlio César Tolentino Vieira
Eustáquio - Antônio Eustáquio Freitas Tolentino
Luza - Eloízio Tolentino Silva
Outros grandes amigos também participaram da turma, em aparições temporárias:
Carlinhos Barbosa, Wagner Miranda, Walter Ramos, Carlos Magno, Bolivar Tolentino, Jaime Pereira, Gilmar Barbosa, Fernandão, entre outros.
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Eternos Carnavais de Espinosa:
Dálton, Daílson, Carlinhos, Tião, Gaiola, Lelo, Dedé, Cléa e Eustáquio |
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Na fazenda de Seu Zezé: Eustáquio; Gera, Mílton e Luza;
Daílson, Tião e Jésus |
Como no filme, curtíamos a vida adoidado, com muito futebol, vôlei, brincadeiras na rua e no rio, festinhas, passeios nos rios até então sem poluição, muitas baladas, muitos namoricos, muitos carnavais e muita farra. E algumas loucuras juvenis também, porque não? Tudo isso sem confusões e sem causar mal algum a quem quer que seja. Tudo na mais completa paz e harmonia. Esse era e continua sendo o nosso lema de vida.
Convivemos por anos e anos, e fora algumas divergências normais de relacionamento, nossas caminhadas pela infância, adolescência e juventude foram recheadas de inúmeras histórias alegres, felizes e engraçadas. São tantas delas que dá para escrever um livro inteiro. Um desses momentos mágicos de companheirismo se deu no aniversário de Daílson, que comemoramos na fazenda do pai de Tião, Seu Zezé Xavier, no povoado do Urubu. Depois de jogarmos muita sinuca no bar ali existente e de tomarmos muita cerveja em clima de completa felicidade, acabamos no quintal da casa em uma histórica guerra de água e lama que resultou em uma das fotografias da nossa turma de que eu mais gosto e que simboliza bem o sentimento profundo de amizade que nos une até hoje.
Atualmente, alguns de nós estamos morando em outras cidades distantes de Espinosa, mas jamais o carinho e o amor que nos une deixará de existir. Espero que em breve possamos nos reencontrar e bater um bom papo relembrando aqueles maravilhosos e inesquecíveis momentos de felicidade vividos em uma fase tão importante das nossas vidas. Que assim se realize!
Um grande abraço espinosense a todos, em especial aos meus irmãos da Turma da Resina.
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A Turma da Resina nos tempos dos bons carnavais |
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Farrinhas de sempre: Jésus, Daílson, Dálton e Lelo |
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Passeio no Rio Verde: Lelo, Mílton, Júlio, Magrão e Fernandão |
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Amigos para sempre: Gera, Negão e Eustáquio |
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Em Salvador: Eustáquio e Daílson |
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No poço Félix: Lelo, Eustáquio e Gaiola |
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Poço Félix: Eustáquio, Lelo e Mílton |
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O famoso Jipão de Seu Vavá, "nosso" carro |
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Passeio no Rio Verde: Lelo, Daílson, Eustáquio (com Ricardinho), Gaiola e Júlio |
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Passeio no Rio Verde: Daílson, Eustáquio e Lelo |
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Farra e pescaria no Estreito, quando havia sangramento da barragem |
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Passeio histórico da Turma da Resina no Impossível |
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Os "pistoleiros" Quinha, Eustáquio e Júlio
com as crianças na Praça Antonino Neves |
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Desfile de 7 de setembro: Ana, Ninha, Amélia, Júlio, Eustáquio e Daílson |
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Em frente ao presépio: Magrão, Eustáquio e Daílson |
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Galera da Resina: Crístia, Tatiane, Quinha, Eustáquio, Nuza, Luciana, Vânia, Ágda e Lói |
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Pelada na AABB Espinosa: Gilmar, Reginaldo, Carlinhos e Daílson;
Júlio, Gaiola, Eustáquio e Tião |
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Na Praça Antonino Neves: Tião e Eustáquio |
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Time do Juventus no Campão: Eustáquio e Quinha |
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Farra no Rio do Galheiro: Lelo, Zé, Leide, Ana, Jésus, Eustáquio e Mílton |
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Time do Realmatismo: Júlio, Edmar, Tião, Daílson e Eustáquio;
Quinha, Luza, Dálton, Miltinho, Bolivar e Êuton. |