Ele chegou à Cidade do Galo de repente, sem badalação, sem estardalhaço, totalmente desacreditado. Vinha de uma situação complicada, após deixar o Flamengo acusado de mercenário e sob os efeitos de uma pesquisa nacional em que os torcedores de todos os grandes times do país desaprovavam a sua possível contratação. Estava acabado, para muitos. Esse era o cenário na carreira do craque Ronaldinho Gaúcho em junho de 2012, quando foi contratado pelo Atlético, em uma jogada de mestre do presidente Alexandre Kalil que resultou em um relacionamento intenso, apaixonado, emocionante, vitorioso e eterno.
A história do Atlético foi tremendamente impulsionada positivamente com a chegada de um dos maiores astros mundiais do futebol. Personagem idolatrado em todo o mundo, ganhador dos mais diversos títulos, entre eles uma Copa do Mundo FIFA (2002), uma Liga dos Campeões UEFA (2005/06) e uma Libertadores da América (2013), o atleta gaúcho deixou sua marca indelével no panteão dos gênios da bola. Atuou no Grêmio, no Paris Saint-Germain, no Barcelona, no Milan, no Flamengo e finalmente no Atlético. Por onde passou encantou a todos com suas jogadas espetaculares e sua incrível magia e intimidade com ela, a bola. Entre tantas premiações, foi eleito por duas vezes o melhor jogador do mundo e o melhor da América.
Nós, atleticanos, tivemos a sorte de tê-lo vestindo o manto sagrado alvinegro por um curto tempo (poderia durar mais, talvez para sempre), em partidas memoráveis, construindo lances fenomenais e fazendo lindos e importantes gols que levaram o clube mineiro à maior consagração da sua história: a conquista da América. Em pouco mais de dois anos, o jogador ajudou o time atleticano a fazer boa campanha no Campeonato Brasileiro e conquistar uma vaga na Copa Libertadores (2012), a ganhar um Campeonato Mineiro (2013) sobre o maior rival, a vencer a tão sonhada Libertadores da América (2013), o inédito título da Recopa Sul-Americana (2014) e entrar definitivamente no coração da apaixonada Massa Atleticana.
Foram 88 partidas disputadas, 28 gols marcados, muitas assistências, grandes jogadas, três títulos e a conquista de um lugar privilegiado no coração dos fanáticos atleticanos. Nas 88 partidas, o Atlético venceu 45, empatou 27 e perdeu 16. O primeiro aconteceu em 9 de junho de 2012, com uma vitória sobre o Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro. O último e muito especial, foi na conquista da Recopa, em 23 de julho, com a emocionante vitória sobre o Lanús da Argentina na prorrogação por 4 x 3. Dos 28 gols, 11 foram de bola rolando, 10 em cobranças de pênalti e outros 7 em cobranças de falta. O primeiro aconteceu na vitória sobre o Náutico por 5 x 1, pelo Campeonato Brasileiro, em 23 de junho de 2012. O último veio no dia 22 de junho, na vitória sobre o Guizhou Renhe, na recente excursão da equipe à China.
Chegou ao fim a breve passagem de Ronaldinho Gaúcho pela Cidade do Galo. Digo breve, pois tenho absoluta certeza de que todo atleticano gostaria muito que ele continuasse por aqui. É claro que jogando sério, se dedicando aos jogos e treinamentos e atuando em alto nível, como sempre fez. Mas a idade inevitavelmente chega e a condição física faz enorme diferença no competitivo futebol da atualidade. Entretanto, não há o que lamentar. Temos muito o que comemorar. Ronaldinho nos trouxe de volta a alegria perdida em anos e anos de times medíocres defendendo as nossas cores, a emoção da vitória depois de tempos de tristeza e descrédito, e o orgulho de soltar o grito de campeão do fundo do peito a plenos pulmões.
Missão cumprida, Ronaldinho! Vá respirar novos ares, conquistar novas torcidas, alcançar novas metas, encantar novas plateias, levar esta alegria contagiante deste seu futebol arte que tanto emocionou a galera atleticana nesses dias em que esteve lutando por nós. Receba o nosso amor eterno e o nosso humilde muito obrigado. Jamais o esqueceremos pois a sua presença está imortalizada na história do Clube Atlético Mineiro. Valeu! Seja feliz e saiba que jamais o esqueceremos!