Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

terça-feira, 28 de julho de 2020

2463 - Três perdas impactantes na cultura brasileira

Vivemos tempos difíceis, quase todos nós. Mas algumas famílias estão sofrendo bem mais que outras. Milhões de brasileiros estão passando sérias dificuldades econômicas sem a oportunidade sagrada de lutar pela sobrevivência através de um emprego digno que lhes possa alimentar e às suas famílias. Outras milhares de famílias estão chorando a terrível dor da perda de um ente querido das mais diversas formas, de bala perdida, de feminicídio, de assassinato frio e covarde e da maldita pandemia do Coronavírus. Nesses últimos dias o país perdeu milhares de vidas, todas de imenso valor. Entre elas, três personagens de grande importância para o cenário cultural brasileiro: Renato Barros, Léo Canhoto e Rodrigo Rodrigues.




Nesta terça-feira, dia 28 de julho de 2020, a música brasileira perdeu o músico, compositor e cantor da banda Renato e seus Blue Caps, Renato Cosme Vieira de Barros. Nascido no Rio de Janeiro em 27 de setembro de 1943, o guitarrista faleceu aos 76 anos após uma cirurgia cardíaca realizada na capital carioca. Compôs várias canções que fizeram estrondoso sucesso na época da Jovem Guarda nos anos 60 e 70, especialmente as suas versões de "You're Gonna Lose That Girl", denominada "Meu Primeiro Amor"; "I Should Have Know Better", denominada "Menina Linda"; e "All My Loving", denominada "Feche os Olhos", todas dos Beatles. Outras músicas de sucesso foram "Primeira Lágrima" e "Você Não Serve Pra Mim", esta última gravada por Roberto Carlos. Uma que eu adoro é "Devolva-me", composição sua em parceria com Lilian Knapp, especialmente na performance de Adriana Calcanhotto. Renato foi o fundador e líder da banda Renato e seus Blue Caps, conjunto musical que gravou cerca de 20 álbuns, fez imenso sucesso e até os tempos atuais, realizava seus shows em várias capitais e cidades do interior do país, com público fiel. Ele deixa duas filhas, Érika e Renata, e duas netinhas, Juliana e Fernanda, e vai se encontrar no além com sua esposa Lúcia Helena. Sua história de vida está registrada no livro "Um Mito, Uma Lenda", da escritora Lucinha Zanetti, lançado em outubro de 2019.




No último sábado, dia 25 de julho de 2020, ocorreu em São Paulo, em decorrência de uma pneumonia, outra perda significativa para a música brasileira, desta vez na seara sertaneja. Morreu aos 84 anos o músico, cantor e compositor Léo Canhoto, nascido em 27 de abril de 1936 em Anhumas (SP). Com o nome de Leonildo Sachi no batismo, mas mais conhecido musicalmente como Léo Canhoto, o artista fez grande sucesso na música sertaneja fazendo dupla com Robertinho, na verdade o senhor José Simão Alves. Influenciados pelo Rock and Roll e pela Jovem Guarda, os integrantes da dupla inovaram no cenário musical sertanejo tanto no visual, usando roupas extravagantes, óculos escuros e cabelos longos; quanto na instrumentação, incluindo baixo, teclado e guitarra na música sertaneja antes tocada apenas com violas e violões. Tamanha revolução causou alguma polêmica, mas eles conseguiram amealhar fãs e fazer bastante sucesso, principalmente com suas canções com temas baseadas no faroeste americano e seus personagens delinquentes, que agradavam sobretudo aos jovens. Em 1983 a dupla se separou, retornando em 1989. Em 2017 eles se separaram definitivamente e Léo Canhoto passou a cantar em dupla com Dino Santos. Eles lançaram há pouco mais de dois meses um álbum, de nome "Divino Pai Eterno".  




Hoje, 28 de julho de 2020, mais uma perda lamentável para a música, o esporte e a televisão do Brasil. Morreu precocemente de complicações pós-Covid-19, aos 45 anos de idade, o músico, jornalista, escritor e apresentador de rádio e TV, Rodrigo de Oliveira Rodrigues. Nascido no Rio de Janeiro, aos 18 de abril de 1975, Rodrigo fez de tudo um pouco na carreira. Tentou até ser jogador de futebol. Mas o talento na arte da comunicação, o que fazia como ninguém, o encaminhou inevitavelmente para o entretenimento na TV. Começou como repórter na Rede Vida e trabalhou em várias emissores dali em diante: TV Cultura, SBT, TV Bandeirantes, TV Gazeta, ESPN Brasil, Esporte Interativo, até chegar ao SporTV. Mas Rodrigo não se contentava apenas em trabalhar na TV. Uma outra de suas muitas paixões era a música. Criou até uma banda, The Soundtrackers, especializada em trilhas sonoras de cinema, que gravou um DVD e se apresentava em eventos corporativos, casamentos e nas melhores casas de música ao vivo de São Paulo. Apaixonado por música e Rock and Roll, e pelo Futebol e o Flamengo, escreveu o livro "As Aventuras da Blitz", contando a história da banda carioca. Tempos depois, lançaria "Almanaque da Música Pop no Cinema", "London London" e "Paris Paris", os dois últimos como guias para viajantes que utilizam o metrô para conhecer as metrópoles europeias. 
Muita gente irá se lembrar do Rodrigo e seu bom humor característico apresentando programas como "Vitrine", "Cultura Meio-Dia", "Bate-Bola", "Ouça!", "Resenha ESPN", "5 Discos", "De Placa", "Globo Esporte SP" e "Troca de Passes". Rodrigo, com sua gentileza, seu carisma, sua generosidade, seu companheirismo, seu humor sempre afiado, sua alegria imutável e sua facilidade incrível em conquistar amigos, deixou uma lacuna enorme na televisão brasileira como também nos corações de quem teve o prazer de trabalhar com ele. Colegas, amigos, entrevistados, dirigentes de clubes, treinadores, jogadores e admiradores do seu trabalho, como eu, estamos verdadeiramente tristes com sua partida precoce.
São muitas perdas humanas em tão pouco tempo. São muitas dores e lágrimas derramadas pelos que se vão. São muitas famílias chorando a ausência irremediável de pessoas tão queridas. Triste, muito triste! Que todos os que ficam tenham fé, força e esperança de dias melhores, orando pelas almas perdidas e valorizando os momentos vividos com amor e amizade. Um dia seremos nós que estaremos seguindo o caminho inevitável da eternidade inexata. Amém!
Um grande abraço espinosense.