Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

530 - 20 anos da estrondosa queda de Fernando Collor de Mello

Há exatos 20 anos acontecia um dos episódios mais importantes da história política brasileira, o impeachment (impedimento) do então presidente Fernando Collor de Mello. No dia 29 de setembro de 1992, a Câmara dos Deputados, pressionada pelas intensas manifestações populares nas ruas e em uma decisão inédita no país, autorizou a abertura do processo de impeachment por 441 votos a favor e 38 contra. Houve uma abstenção e 23 ausências.
Em 1989, depois de uma campanha surpreendentemente espetacular, com marketing arrojado e apoio de grande parte da mídia nacional, em especial a Rede Globo de Televisão, Collor se elegeu sob a ilusória ideia de que o "caçador de marajás" iria acabar com a corrupção e por fim à escalada inflacionária, que naqueles tempos passava dos 80% ao mês. Não, não é erro de digitação. É isso mesmo, a inflação mensal passava dos 80% ao mês, o que fazia com que as lojas e supermercados aumentassem o preço diariamente, em uma corrida maluca contra o tempo e o prejuízo, uma coisa impensável e inacreditável para muitos que não viveram aqueles tempos conturbados do país.
Um fato preponderante para a eleição do político "alagoano", foi a tendenciosa e vergonhosa edição do debate entre os candidatos Lula e Collor apresentada pela Rede Globo, dias antes do pleito, que influenciou seriamente no resultado das eleições, fato confirmado pelo então Diretor de Jornalismo da Globo à época, Armando Nogueira, que não foi consultado e não teve como impedir tamanha bandalheira de ir ao ar naquela noite. Uma mancha inapagável na credibilidade da emissora carioca.
Eleito com uma votação expressiva, batendo o então candidato Luís Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições com uma diferença de 5,71 % a mais de votos, Collor tomou posse em 1990 e, em uma medida surpreendente contra a escalada desenfreada da inflação tomada em conjunto com a então ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello, confiscou as contas correntes e as poupanças dos brasileiros, bloqueando-as pelo período de 18 meses e deixando todos com no máximo 50 mil cruzeiros. Depois de fracassar no combate à inflação, com dificuldades na sua relação com o Congresso Nacional, o presidente entrou em uma fase de escândalos e suspeitas de corrupção.
O golpe mortal viria em 9 de maio de 1992, quando o seu próprio irmão, Pedro Collor de Mello, através da revista Veja, revelou ao país a existência de um enorme esquema de corrupção capitaneado pelo ex-tesoureiro da campanha, Paulo César Farias, o PC, que consistia em tráfico de influências, irregularidades financeiras e desvio de verbas. A pressão dos políticos adversários e de toda a sociedade brasileira, com forte participação dos estudantes caras-pintadas, forçou a Câmara dos Deputados a iniciar, em 1° de junho, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias, posteriormente comprovadas quando do seu término em 26 de agosto.
Depois de inúmeras tentativas em convencer a população brasileira de que as acusações eram infundadas, em um pronunciamento na televisão no dia 13 de agosto de 1992, Collor conclamou ao povo para que saísse às ruas vestindo as cores verde e amarelo numa demonstração de apoio a ele. O que se viu nas ruas foi totalmente o contrário, com milhares de manifestantes portando cartazes contra a sua pessoa e o seu governo, e vestindo preto em sinal de protesto.
Afastado temporariamente da presidência em 2 de outubro, Collor renunciaria ao cargo em 29 de dezembro de 1992, pouco antes de ser condenado pelo Senado por crime de responsabilidade e ter os seus direitos políticos suspensos por oito anos. Para substituí-lo, assumiu o então vice-presidente, Itamar Franco.
Em uma situação inédita e histórica na América Latina, um governante eleito diretamente pelo povo (depois de 29 anos de espera) era destituído pacífica e democraticamente em um processo de impeachment. É interessante perceber como o povo brasileiro estava iludido naqueles tempos. Collor tomou posse com 71% de apoio ao seu governo e quando terminou o seu mandato, depois da sua renúncia ao cargo de presidente, contava com míseros 9% de credibilidade. O sonho havia custado muito caro.
Lembro-me como se fosse hoje deste dia 29 de setembro de 1992. Saímos do trabalho apressadamente para acompanhar na televisão a votação do processo de impeachment do presidente. Sabíamos do despreparo do então candidato "collorido" que havia, infelizmente, seduzido inexplicavelmente uma enorme quantidade de brasileiros com o seu fascinante marketing. Havíamos feito campanha por Lula e, em minoria absoluta, fomos vaiados, xingados e até ameaçados por integrantes da população de Espinosa em nossas manifestações. Éramos chamados de comunistas e marajás. Alguns diziam que, se Lula vencesse a eleição, os bens materiais como casas e eletrodomésticos seriam divididos com a população mais carente. Se você tivesse duas televisões em casa, por exemplo, uma seria apropriada pelo governo e direcionada a uma outra família necessitada. Uma coisa de louco, inacreditável, mas que aconteceu de verdade. Hoje, depois da passagem marcante de Lula pelo poder, com a melhoria substancial da vida desse mesmo povo brasileiro que o temia tanto, eu rio. Rio muito e me sinto completamente feliz por ter descoberto, desde o início da redemocratização brasileira, que eu nunca tive medo de ser feliz.
Um grande abraço espinosense. 

529 - A dura convivência dos espinosenses com a seca

O Brasil vive atualmente, em grande parte do seu território, a pior seca dos últimos trinta anos. E uma das áreas mais afetadas por essa terrível calamidade é o norte de Minas Gerais, que faz parte do semiárido brasileiro. Em torno de 22 milhões de pessoas vivem na área do semiárido, que compreende nove estados do Nordeste e parte de Minas Gerais, nas regiões Norte e Vale do Jequitinhonha, o que corresponde a 12% da população do país, sendo 3,5 milhões de pessoas aqui em Minas.
A nossa amada Espinosa, especialmente, passa por um dos mais difíceis momentos da sua história, com a sua população sofrendo as consequências da interminável estiagem. Neste ano choveu menos da metade da quantidade de chuva normal para a região e, com os três rios que cortam a cidade totalmente secos, a Barragem do Estreito conta atualmente com apenas 12 % da sua capacidade de armazenamento de água.
A empresa responsável pela captação e distribuição de água na cidade, a Copasa, está tendo dificuldades para recolher a água nas margens da barragem. Por isso, está construindo, em processo de urgência, uma nova rede de captação no leito da represa, em um local mais afastado onde ainda existe água, com trabalhadores empenhados nas 24 horas do dia. Mas mesmo assim o trabalho deve demorar algum tempo para regularizar totalmente o abastecimento, que teve que ser suspenso por um período de mais de quatro dias, causando sérios transtornos à população.
A situação está tão desesperadora que o abastecimento através de carros-pipas, realizado por caminhões da prefeitura e do Exército, que era realizado apenas na zona rural, passou também a ser feito em toda a cidade. A água está sendo buscada na cidade vizinha de Porteirinha, que fica a 105 km de distância. É uma cena lamentável a de centenas de pessoas com seus baldes e galões de plásticos enfileirados para receber um pouco de água distribuída pelos caminhões-pipas. Na zona rural, os agricultores sofrem enormes prejuízos, pois as plantações estão totalmente comprometidas.
Vejam algumas tristes imagens da seca em nossa terra.




A esperança, que nunca deixa de existir no vigoroso coração dos espinosenses, é que a temporada das chuvas venha o mais rápido possível para devolver a alegria e a tranquilidade a toda a comunidade.
É nos momentos mais difíceis que temos a oportunidade de aprender. É neste momento de dificuldade que nós, habitantes da cidade de Espinosa, devemos fazer um mea-culpa, uma grande reflexão sobre os nossos atos e nossas atitudes em relação à natureza. É hora de repensar o desperdício de tão precioso líquido, gasto desmedidamente por alguns de nós na lavagem dos carros e das calçadas, sem a menor preocupação com o futuro. É hora de repensar o desmatamento indiscriminado das margens dos nossos rios por décadas e décadas. É hora de repensar a destruição descontrolada das áreas verdes por todo o município. Já passou da hora de nos conscientizar de que a situação de degradação da natureza, principalmente em nossa cidade, chegou a uma situação crítica. É hora de acordar, antes que seja tarde!
Mas eu sou otimista, já passamos por dificuldades em outras oportunidades e, com a bênção de Deus, superaremos mais esse infortúnio, com muita fé, determinação e inteligência. Que Deus nos proteja e nos dê força e esperança. O que nos dá essa esperança são essas lindas imagens de fartura de água na nossa cidade.









Nos últimos dias o nosso flagelo virou notícia na Inter TV Grande Minas. Veja reportagens aqui e aqui. Logo abaixo, um vídeo com imagens da nossa situação atual, um alerta produzido pela Microtechs em parceria com o CONSEP: Conselho de segurança Pública de Espinosa e a ACE: Associação Comercial e Empresarial de Espinosa. Os outros vídeos também são de alerta para a necessidade urgente de economizar água.
Ao assistir a essas imagens desoladoras, não há como não sentir um aperto no coração e ter os olhos marejados de lágrimas com a triste situação da nossa cidade.   
Um grande abraço espinosense e que Deus nos proteja.

NOTA: Tomei conhecimento do falecimento de Firmino, pai de Joaninha, velho companheiro da nossa família Freitas. Os meus sentimentos à família e aos amigos. Que Deus o tenha perto de Si.

528 - Um recado à torcida atleticana

Os resultados dos últimos jogos não foram satisfatórios para o Clube Atlético Mineiro no Campeonato Brasileiro. Nada que seja desesperador, como uma parcela da torcida atleticana está sentindo. Nenhum campeonato no mundo é tão difícil de ser conquistado como o nosso, em que pelo menos uma dezena de times tem a possibilidade de ser campeão. Então, Massa Atleticana, muita calma e racionalidade neste momento.
Nesta etapa do campeonato, o excelente time do Fluminense está na liderança isolada, com maiores chances de ganhar o título, mas ainda é muito cedo para que isso seja confirmado. Quanto mais diminuem os jogos, mais emocionante fica a disputa.
É óbvio que todos gostaríamos que o GALO ganhasse todos os jogos, e de goleada, mas não é assim tão fácil. O que a apaixonada torcida atleticana tem que entender é que o time atual do Atlético é muito bom, eu diria ótimo. O trabalho realizado pela diretoria do presidente Alexandre Kalil merece muitos elogios, pois depois de vários anos com a formação de times medianos e dezenas de contratações fracassadas, neste ano podemos afirmar que temos uma equipe coesa, guerreira, talentosa e com grandes craques vestindo e honrando a gloriosa camisa alvinegra das Gerais. É só reparar que, após tantos anos, temos jogadores sendo convocados para a Seleção Brasileira. Isso só comprova a grande qualidade do nosso elenco de profissionais.
Este ano voltamos ao nosso lugar de destaque no cenário do futebol nacional, ou seja, ali entre os melhores, os primeiros na tabela de classificação. Não tenho a mínima saudade daquelas campanhas terríveis de anos anteriores em que brigávamos desesperadamente para fugir de mais um rebaixamento à segunda divisão, chegando ao extremo de ser goleado pelo Cruzeiro na última rodada do campeonato do ano passado, perdendo uma chance única de decretar o descenso histórico da equipe rival.
Então, torcida atleticana, temos muito o que comemorar este ano. A nossa atual equipe nos devolveu a alegria e o orgulho de ser atleticano, de poder ir ao estádio ou sentar diante da TV para assistir performances especiais do nosso time, com atuações brilhantes de Víctor, Marcos Rocha, Carlos César, Leonardo Silva, Réver, Rafael Marques, Júnior César, Richarlyson, Pierre, Philipe Soutto, Serginho, Leandro Donizete, Danilinho, Escudero, Guilherme, Jô, Leonardo, Neto Berola, e especialmente os craques Bernard e Ronaldinho Gaúcho. Qualquer que seja a colocação final no campeonato, temos que valorizar o trabalho da diretoria, do técnico Cuca, da comissão técnica e dos jogadores. Temos que ter a racionalidade de entender que são 20 times de grande qualidade brigando pela primeira colocação e apenas um deles será o campeão.
O que devemos fazer agora não é somente desferir críticas e xingamentos aos jogadores, mas sim apoiar o time nos próximos jogos até o final do campeonato, pois iremos enfrentar adversários dificílimos. Serão ainda mais doze partidas a ser disputadas, seis em casa e seis fora. No Independência receberemos o Figueirense, Sport, Fluminense, Flamengo, Atlético-GO e o Cruzeiro. Sairemos de Belo Horizonte para enfrentar Portuguesa, Internacional, Santos, Coritiba, Vasco e Botafogo. Ou seja, só pedreira. Mas os adversários diretos também enfrentarão dificuldades, principalmente o líder do campeonato, o Fluminense, que terá pela frente os seguintes adversários: Flamengo (fora), Botafogo (casa), Bahia (f), Ponte Preta (c), Grêmio (c), Atlético-MG (f), Coritiba (c), São Paulo (f), Palmeiras (f), Cruzeiro (c), Sport (f) e Vasco (c). Ou seja, o Fluminense também terá adversários complicados pela frente, o que nos dá a esperança de que tudo pode ainda mudar.
Assim sendo, nada de desespero e muita fé no futuro, com aquela paixão característica da enlouquecida e fiel torcida atleticana.
Um grande abraço espinosense.