Há exatos 20 anos acontecia um dos episódios mais importantes da história política brasileira, o impeachment (impedimento) do então presidente Fernando Collor de Mello. No dia 29 de setembro de 1992, a Câmara dos Deputados, pressionada pelas intensas manifestações populares nas ruas e em uma decisão inédita no país, autorizou a abertura do processo de impeachment por 441 votos a favor e 38 contra. Houve uma abstenção e 23 ausências.
Em 1989, depois de uma campanha surpreendentemente espetacular, com marketing arrojado e apoio de grande parte da mídia nacional, em especial a Rede Globo de Televisão, Collor se elegeu sob a ilusória ideia de que o "caçador de marajás" iria acabar com a corrupção e por fim à escalada inflacionária, que naqueles tempos passava dos 80% ao mês. Não, não é erro de digitação. É isso mesmo, a inflação mensal passava dos 80% ao mês, o que fazia com que as lojas e supermercados aumentassem o preço diariamente, em uma corrida maluca contra o tempo e o prejuízo, uma coisa impensável e inacreditável para muitos que não viveram aqueles tempos conturbados do país.
Um fato preponderante para a eleição do político "alagoano", foi a tendenciosa e vergonhosa edição do debate entre os candidatos Lula e Collor apresentada pela Rede Globo, dias antes do pleito, que influenciou seriamente no resultado das eleições, fato confirmado pelo então Diretor de Jornalismo da Globo à época, Armando Nogueira, que não foi consultado e não teve como impedir tamanha bandalheira de ir ao ar naquela noite. Uma mancha inapagável na credibilidade da emissora carioca.
Um fato preponderante para a eleição do político "alagoano", foi a tendenciosa e vergonhosa edição do debate entre os candidatos Lula e Collor apresentada pela Rede Globo, dias antes do pleito, que influenciou seriamente no resultado das eleições, fato confirmado pelo então Diretor de Jornalismo da Globo à época, Armando Nogueira, que não foi consultado e não teve como impedir tamanha bandalheira de ir ao ar naquela noite. Uma mancha inapagável na credibilidade da emissora carioca.
Eleito com uma votação expressiva, batendo o então candidato Luís Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições com uma diferença de 5,71 % a mais de votos, Collor tomou posse em 1990 e, em uma medida surpreendente contra a escalada desenfreada da inflação tomada em conjunto com a então ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello, confiscou as contas correntes e as poupanças dos brasileiros, bloqueando-as pelo período de 18 meses e deixando todos com no máximo 50 mil cruzeiros. Depois de fracassar no combate à inflação, com dificuldades na sua relação com o Congresso Nacional, o presidente entrou em uma fase de escândalos e suspeitas de corrupção.
O golpe mortal viria em 9 de maio de 1992, quando o seu próprio irmão, Pedro Collor de Mello, através da revista Veja, revelou ao país a existência de um enorme esquema de corrupção capitaneado pelo ex-tesoureiro da campanha, Paulo César Farias, o PC, que consistia em tráfico de influências, irregularidades financeiras e desvio de verbas. A pressão dos políticos adversários e de toda a sociedade brasileira, com forte participação dos estudantes caras-pintadas, forçou a Câmara dos Deputados a iniciar, em 1° de junho, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias, posteriormente comprovadas quando do seu término em 26 de agosto.
Depois de inúmeras tentativas em convencer a população brasileira de que as acusações eram infundadas, em um pronunciamento na televisão no dia 13 de agosto de 1992, Collor conclamou ao povo para que saísse às ruas vestindo as cores verde e amarelo numa demonstração de apoio a ele. O que se viu nas ruas foi totalmente o contrário, com milhares de manifestantes portando cartazes contra a sua pessoa e o seu governo, e vestindo preto em sinal de protesto.
Afastado temporariamente da presidência em 2 de outubro, Collor renunciaria ao cargo em 29 de dezembro de 1992, pouco antes de ser condenado pelo Senado por crime de responsabilidade e ter os seus direitos políticos suspensos por oito anos. Para substituí-lo, assumiu o então vice-presidente, Itamar Franco.
O golpe mortal viria em 9 de maio de 1992, quando o seu próprio irmão, Pedro Collor de Mello, através da revista Veja, revelou ao país a existência de um enorme esquema de corrupção capitaneado pelo ex-tesoureiro da campanha, Paulo César Farias, o PC, que consistia em tráfico de influências, irregularidades financeiras e desvio de verbas. A pressão dos políticos adversários e de toda a sociedade brasileira, com forte participação dos estudantes caras-pintadas, forçou a Câmara dos Deputados a iniciar, em 1° de junho, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias, posteriormente comprovadas quando do seu término em 26 de agosto.
Depois de inúmeras tentativas em convencer a população brasileira de que as acusações eram infundadas, em um pronunciamento na televisão no dia 13 de agosto de 1992, Collor conclamou ao povo para que saísse às ruas vestindo as cores verde e amarelo numa demonstração de apoio a ele. O que se viu nas ruas foi totalmente o contrário, com milhares de manifestantes portando cartazes contra a sua pessoa e o seu governo, e vestindo preto em sinal de protesto.
Afastado temporariamente da presidência em 2 de outubro, Collor renunciaria ao cargo em 29 de dezembro de 1992, pouco antes de ser condenado pelo Senado por crime de responsabilidade e ter os seus direitos políticos suspensos por oito anos. Para substituí-lo, assumiu o então vice-presidente, Itamar Franco.
Em uma situação inédita e histórica na América Latina, um governante eleito diretamente pelo povo (depois de 29 anos de espera) era destituído pacífica e democraticamente em um processo de impeachment. É interessante perceber como o povo brasileiro estava iludido naqueles tempos. Collor tomou posse com 71% de apoio ao seu governo e quando terminou o seu mandato, depois da sua renúncia ao cargo de presidente, contava com míseros 9% de credibilidade. O sonho havia custado muito caro.
Lembro-me como se fosse hoje deste dia 29 de setembro de 1992. Saímos do trabalho apressadamente para acompanhar na televisão a votação do processo de impeachment do presidente. Sabíamos do despreparo do então candidato "collorido" que havia, infelizmente, seduzido inexplicavelmente uma enorme quantidade de brasileiros com o seu fascinante marketing. Havíamos feito campanha por Lula e, em minoria absoluta, fomos vaiados, xingados e até ameaçados por integrantes da população de Espinosa em nossas manifestações. Éramos chamados de comunistas e marajás. Alguns diziam que, se Lula vencesse a eleição, os bens materiais como casas e eletrodomésticos seriam divididos com a população mais carente. Se você tivesse duas televisões em casa, por exemplo, uma seria apropriada pelo governo e direcionada a uma outra família necessitada. Uma coisa de louco, inacreditável, mas que aconteceu de verdade. Hoje, depois da passagem marcante de Lula pelo poder, com a melhoria substancial da vida desse mesmo povo brasileiro que o temia tanto, eu rio. Rio muito e me sinto completamente feliz por ter descoberto, desde o início da redemocratização brasileira, que eu nunca tive medo de ser feliz.
Um grande abraço espinosense.