Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

3036 - Nos "desgramados" da cidade

Jogar futebol é a atividade esportiva mais prazerosa para milhões de aficionados atletas profissionais e amadores espalhados pelo mundo inteiro. Nos tempos atuais, essa atividade tão saudável, gostosa e agradável de brincar com a bola nos pés, ficou um tanto menos traumática e desconfortável. É que, com o progresso e o desenvolvimento das cidades, proliferaram os campos de gramado natural ou sintético, deixando ainda mais aprazível e satisfatória a prática do futebol.
Quando criança, adolescente e jovem rapaz em Espinosa, era (e continuo sendo) um viciado em futebol, jogando bola o máximo de tempo que podia, em quaisquer lugares, seja no leito ou nas margens dos rios, na rua de paralelepípedos, nas praças sem infraestrutura ou nos mais diversos campos da sede ou da zona rural da cidade. Campo gramado naquela época era uma realidade completamente inatingível, totalmente fora da imaginação. O único espaço disponível com alguma grama para a prática de bater uma bolinha eram os jardins da Praça Antonino Neves e uma pequena extensão gramada ao lado da sede da Cotesp, a extinta empresa telefônica da cidade de Espinosa. O nosso cotidiano era jogar em campos duros de terra batida, sofrendo com as "raladuras" nas pernas após os "carrinhos" dados e as quedas sofridas depois das entradas fortes e violentas dos adversários. E para piorar a dor e o sofrimento, ainda tínhamos que passar no local da ferida o temido antisséptico Merthiolate, que ardia mais que pimenta malagueta.
Joguei bola nos mais diferentes campos de futebol, antigamente todos "desgramados". Tinha campo localizado na praça com o boteco logo atrás do gol; tinha campo localizado perto do cemitério com a porta bem diante das traves; tinha campo que servia de pasto para o gado a semana toda; tinha campo onde de um gol não se via o outro, tamanha a curvatura do terreno; tinha campo forrado de pequenas pedras; tinha campo no barranco do rio; tinha campo no meio da lagoa na época da seca; tinha campo na pracinha, com gols formados de tijolos ou pares de sandália; enfim, tinha campo de todos os formatos e pisos. E isto importava alguma coisa? Que nada! O importante era a festa, a alegria de correr atrás da bola.
O melhor e principal campo da cidade de Espinosa era o "Campão", localizado onde funciona atualmente o Mercado Municipal. Piso de terra duro, mas bem certinho, sem buracos. Ali eram realizados os jogos dos grandes times da cidade que jogavam aos domingos à tarde entre si ou contra equipes da região. Era o maior acontecimento naqueles tempos em que a televisão era ainda uma novidade disponível apenas para os ricos. Com o desenvolvimento da cidade de Espinosa, o "Campão" deu lugar ao novo Mercado, durante a ótima administração do prefeito Paulo Cruz, gerando, acreditem, uma reação negativa de muitos espinosenses, à época. Muitos outros campos disponíveis na cidade sumiram do mapa, dando lugar a praças, casas, prédios públicos e outras construções. Entre esses podem ser listados o Campo dos Barrigudos, onde hoje estão vários estabelecimentos comerciais na Avenida Minas Gerais, o campo do Santos Dumont, que hoje é a Praça Ieié Antunes, o campo na lagoa no fundo do cinema, hoje tomado por casas residenciais, e o campo do Panorama, onde atualmente está localizado a Unidade Básica de Saúde Nélson Alves da Cruz. 
Com a construção do novo Estádio Caldeirão, as coisas ainda demoraram um tempo até que finalmente o gramado fosse instalado. Uma conquista e tanto para os desportistas espinosenses. Pena que o gramado, com o tempo, foi sofrendo com a falta de água e com a proliferação da chamada "grama de burro" ("Cynodon dactylon"), que o deixou bastante penoso para a prática do melhor futebol. Espero que muito em breve uma reforma geral seja feita, com todo o gramado sendo substituído por espécie mais adequada ao tempo seco da região, mas com qualidade superior à atual. 
Os atuais aficionados por futebol não podem reclamar, pois hoje eles têm acesso a uniformes bonitos e modernos, a bolas de alta performance, a chuteiras leves e macias e a campos gramados de qualidade excelente, muito diferente do que vivemos no passado. A prova está logo aí embaixo, nessas velhas imagens dos tempos idos de campos sem muita estrutura no passado, o que não impediu atuações impecáveis de grandes craques da bola. 
Um grande abraço espinosense.        


Campo na zona rural, local não identificado: Dino, Gera, Inga e Nivaldo Faber de camisa azul 

Campão: Jorjão, Manelão, Messias, Jânio, Alício de Peone, Dai e Liro em jogo do Cruzeirinho

Campão: com o árbitro Quincão (de branco) apitando o clássico Espinosense x Santa Cruz 

Palmeirinhas: Bené, Edmílson, Alexandre, Gena, Célio, Ernani, Tatuzinho, Dal e Lucas

Campo dos Barrigudos: com a presença de Luiz Ribeiro e Ieié Antunes