Desculpe-me pela brincadeira no título, mas não poderia deixar de fazê-la. É da minha natureza. Vamos ao assunto, com seriedade. Nunca fui admirador do futebol apresentado por Dunga nos seus tempos de atleta profissional. Sou fanático por futebol, mas futebol de qualidade, de criatividade, de talento, de habilidade. Dunga não teve essas qualidades todas. Foi apenas um bom jogador, de muita raça, muita força e com um bom passe, além de bastante personalidade e um talento especial para a liderança. Agora, como treinador da seleção brasileira, ele tem demonstrado competência e tem levado o Brasil a grandes conquistas, mesmo com um estilo de jogo que tem despertado críticas, muitas críticas. Minhas, inclusive. Ele apostou tudo no seu trabalho e na união do grupo, implantando um tipo de comando militaresco. É certo que ele corre o risco de não ganhar a Copa e ser novamente massacrado pela mídia, mas o que se descortina para 11 de julho, na final da Copa, é mais uma conquista do vitorioso futebol brasileiro. Assim como Zagallo, teremos que "engolir" o zangado Dunga. Aguardemos os acontecimentos.
Mas Dunga merece elogios mesmo é por ter colocado um fim no vergonhoso monopólio da Rede Globo na cobertura da seleção brasileira, que vinha se mantendo há um longo período, em detrimento das outras emissoras. Talvez por ter trabalhado como comentarista na Rede Bandeirantes, tempos atrás, ele tenha percebido a completa falta de acesso enfrentada pelos profissionais da imprensa que não pertenciam à toda-poderosa Vênus Platinada. Se vocês se recordam, a jornalista Fátima Bernardes tinha, na copa passada, acesso irrestrito à concentração e até mesmo fazia entrevistas e reportagens dentro do ônibus da seleção, no trajeto para o estádio. Isso acabou, finalmente. Há relatos na imprensa de que Fátima foi barrada na porta da concentração, por ordem expressa de Dunga, causando enorme mal-estar na emissora carioca. A Globo então, mesmo se sentindo insatisfeita, resolveu não retaliar.
Assim, só nos resta parabenizar o técnico brasileiro por ter, corajosamente, extinguido essa anomalia, que durante anos imperou no cenário esportivo brasileiro.