O trem não anda muito bem no momento atual para o meu amado Clube Atlético Mineiro não. Mesmo com a ótima notícia do retorno da equipe feminina do clube alvinegro à Série A1 confirmada no dia 5 de julho após a dramática e emocionante disputa pela vaga na semifinal com o Vitória, nas quartas de final da Série A2, decidida nos pênaltis com o triunfo das "Vingadoras" por 9 x 8, a situação econômica e esportiva do clube anda bastante complicada. As dificuldades financeiras oriundas da estratosférica dívida contraída pelo clube ao longo de décadas está impactando completamente a administração e até podendo comprometer a existência e sobrevivência do clube no futuro.
O trem tá feio! No Campeonato Brasileiro Sub-20, a equipe do Atlético faz campanha pífia e decepcionante, com apenas 14 pontos ganhos em 18 partidas disputadas, com apenas 2 vitórias, 8 empates, 8 derrotas, 23 gols marcados, 34 gols sofridos, um saldo negativo de 11 e um aproveitamento vergonhoso de 25%. Na vice lanterna do campeonato, com os resultados de hoje, o time está inapelavelmente rebaixado para a segunda divisão. Uma tragédia!
Para amenizar um pouco tamanho vexame, a equipe feminina das "Vingadoras", agora sob o comando da treinadora Fabi Guedes, conseguiu o retorno à Série A1 do Campeonato Brasileiro Feminino após superar o time baiano do Vitória na disputa de pênaltis por 9 x 8. Na disputa das quartas de final, o Atlético venceu por 1 x 0 em Minas e perdeu na Bahia pelo mesmo placar, com a decisão indo parar nos pênaltis, onde as "Vingadoras" se deram bem, conseguindo a vaga nas semifinais e garantindo a subida para a primeira divisão. Algo para ser comemorado, pois a equipe havia caído no ano passado muito por conta da falta de investimentos na categoria feminina.
No futebol profissional masculino, a coisa anda muito tumultuada, com atrasos de salários que foram quitados há poucos dias, causando burburinho e insatisfação entre os atletas. No campo futebolístico, uma temporada de altos e baixos, com conquista e decepções. Depois de um susto com a atuação pífia dos jovens do Sub-20 no início do ano na competição estadual, o time titular se superou e conseguiu reverter os resultados ruins e conquistou com louvor o seu sexto Campeonato Mineiro em sequência, repetindo a façanha do período 1978/1983. Na Copa do Brasil deu um azar danado no sorteio ao ter como adversário nas oitavas de final o melhor time do Brasil, o eterno arquirrival Flamengo. Ganhar é quase impossível, eu mesmo não acredito. Na Copa Sul-Americana, um vexame. Mesmo pegando no Grupo H da fase inicial equipes fracas como Caracas Fútbol Club (Venezuela), Club Sportivo Cienciano (Peru) e Club Deportes Iquique (Chile), o Atlético acabou ficando em segundo lugar e foi obrigado a jogar os playoffs contra a equipe do Club Atlético Bucaramanga (Colômbia), em duas partidas de mata-mata. A primeira será amanhã, 17 de julho, no Estádio Américo Montanini, em Bucaramanga, e a segunda, em Belo Horizonte, na Arena MRV, no dia 24 de julho. Se não passar adiante, será mais um enorme vexame para o clube mineiro.
No Campeonato Brasileiro, a situação até o momento é decepcionante, mas ainda não desesperadora. Com um elenco bastante desequilibrado, com algumas boas peças no time titular, especialmente o craque Hulk, mas com enormes vulnerabilidades sobretudo no banco de reservas, o Atlético sofre com a falta de investimentos prometidos pela diretoria da SAF. Aqui reitero e mantenho firme a minha enorme gratidão e respeito aos chamados "4 R´s", Rubens e Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador, apaixonados empresários atleticanos que salvaram o clube da derrocada total com a criação da SAF em 20 de julho de 2023. O problema é que eles prometeram colocar o clube no mesmo nível de investimentos dos mais poderosos economicamente clubes brasileiros, casos de Flamengo e Palmeiras, mas as promessas não se concretizaram, o que frustrou e enfureceu a exigente torcida atleticana, que acostumada a grandes conquistas nos anos recentes, não aceita a situação atual em que os títulos não estão vindo. Depois de grandes conquistas nos últimos anos, o Brasileirão (2021), a Copa do Brasil (2021), a Supercopa do Brasil (2022) e o Hexacampeonato Mineiro (2020, 2021, 2022, 2023, 2024, 2025), o Galo frustrou a diretoria e sua apaixonada torcida ao chegar a duas finais importantes no ano passado, na Copa Libertadores e na Copa do Brasil, mas sendo batido por Botafogo e Flamengo, respectivamente. Depois da maravilhosa conquista de 2021, após 50 anos de espera, o time não repetiu a dose no Brasileirão. Em 2022, o Galo ficou na sétima posição. Em 2023, chegou perto, ficou na terceira colocação, atrás de Palmeiras e Grêmio. Em 2024, terminou na 12º posição, um fiasco completo. Neste ano, a campanha é razoável, bastante irregular. A equipe, terminada a 13ª rodada, está na oitava posição na tabela de classificação, com 20 pontos ganhos, 5 vitórias, 5 empates, 3 derrotas, 14 gols marcados, 12 gols sofridos, 2 gols de saldo e 51% de aproveitamento. Está razoável, mas precisa melhorar e muito para almejar pelo menos uma vaga na disputa da Copa Libertadores de 2026.
A dura realidade atleticana é que o elenco desta temporada é irregular, desequilibrado e até o momento instável e pouco efetivo, situação agravada pelas constantes lesões que afastam peças importantes dos jogos todos decisivos. Como a diretoria já avisou que não haverá novas contratações de impacto, temos que nos conformar com a realidade e não criar expectativas sobre o futuro. Na situação atual, encarando a situação sem ilusões e com os pês no chão, fatalmente seremos eliminados na Copa do Brasil para o poderoso Flamengo de Filipe Luís. No Brasileirão, título nem pensar! Se conseguirmos uma vaga na Libertadores já terá sido uma conquista incrível. O que jamais pode acontecer é uma nova queda para a Segundona. Aí será uma tragédia monumental! Vade retro! Nossa única esperança de título é a partir de agora na Copa Sul-Americana, quem sabe?
Notícias recentes dão conta da venda do jovem atleta Rubens Antônio Dias para um clube da Rússia, o que aliviaria momentaneamente a situação financeira caótica do Galo, pelo menos na manutenção dos salários em dia. Uma das poucas revelações da base atleticana, o jogador conquistou a titularidade no time de Cuca no meio de campo, sua verdadeira posição. Infelizmente, a Cria do Galo sofreu e continua sofrendo com críticas nem sempre justas da parte corneteira e querelosa da torcida, o que é lamentável. Trata-se, claramente, não de um craque refinado, porém de um profissional talentoso, dedicado e comprometido com o clube, um destaque da atual formação atleticana, exemplo de garra em campo. Se o elenco precisava de, no mínimo, uns cinco reforços de qualidade, agora ainda mais com a saída definitiva de Rubens. Precisamos de atacantes rápidos, habilidosos e goleadores, além de pelo menos um zagueiro e mais uns dois volantes que saibam não só roubar a bola dos adversários mas ter bom passe para criar jogadas de ataque. Mas parece que ninguém virá para reforçar o time, pois os homens da SAF não indicam que vão fazer loucuras com sua grana no clube, o que é decepcionante.
A realidade não pode ser escamoteada, nem devemos viver na ilusão, como cegos, fanáticos ou patetas. Com o elenco atual, o Atlético não tem a mínima condição de enfrentar de igual para igual potências econômicas como Flamengo, Palmeiras, Botafogo e Bahia, por exemplo. A chance de título no ano é nenhuma, além da conquista regional já realizada. E devemos ficar atentos e espertos para que a performance no Brasileirão não caia de rendimento, fazendo com que briguemos contra o temido rebaixamento. Com uma vaga na Libertadores conquistada, teremos muito o que comemorar.
E já visualizando o futuro próximo, a diretoria já tem que se programar para que no ano que vem ou sabe-se lá, em 2027, quando Hulk encerrar a sua brilhante e vitoriosa carreira, o clube consiga contratar outra estrela do nível de Ronaldinho Gaúcho ou Hulk para que esta caminhada vitoriosa não vire um retrato na parede e uma maravilhosa lembrança na nossa mente cansada de luta. Com a responsabilidade, os senhores Menin, Guimarães e Salvador. Aqui é Galo, uma vez até morrer!
Um grande abraço espinosense.



