No primeiro clássico entre Atlético e Cruzeiro nesta temporada de 2021, deu Cruzeiro. Na última vez em que os times se enfrentaram, dia 07 de março de 2020, pelo Campeonato Mineiro 2020, o Atlético venceu por 2 a 1. Agora, em situações diametralmente opostas, o Galo e a Raposa entraram em campo na tarde deste domingo, 12 de abril de 2021, no Gigante da Pampulha, o Mineirão, com a mesma vontade de sempre de derrotar o arquirrival e provocar o enlouquecimento, por prazer e alegria, da sua numerosa e apaixonada torcida.
O Cruzeiro, que vive a pior fase de toda sua centenária e vitoriosa trajetória pelos gramados do mundo, com problemas econômicos e financeiros complicadíssimos e de difícil resolução a curto prazo, entrou em campo sem favoritismo, com uma equipe ainda em formação, após a desarticulação quase total da equipe que brilhou no passado com grandes conquistas nacionais. Sob pressão gigantesca após protestos de torcedores na frente da Toca da Raposa na semana, os jogadores não tinham outra alternativa a não ser se doar por completo em campo para conquistar uma vitória consagradora sobre o arquirrival que passa por momento mais confortável. Na rodada anterior, a 8ª, o time da Toca Raposa venceu o Coimbra pelo placar de 2 x 0, gols de William Pottker e Felipe Augusto, alcançando a terceira posição na tabela de classificação.
Já o Atlético, pisou o espetacular gramado do Mineirão como favorito absoluto, por contar com um dos melhores elencos do país e mostrar uma equipe praticamente montada, com a maioria dos jogadores garantindo uma vaga no time titular, casos de Éverson, Guga, Réver, Alonso, Guilherme Arana, Zaracho, Nacho, Keno e Hulk. Nas duas posições ainda restantes do time, no meio de campo e no comando do ataque, a briga é boa e podem acontecer mudanças constantes na busca pela titularidade. O Galo vinha de uma vitória magra de 1 x 0 sobre o surpreendente Pouso Alegre, com um gol de Eduardo Vargas, o que lhe garantiu a manutenção da liderança isolada. Interessante registrar que esta foi a primeira vitória alvinegra na história contra o time de Pouso Alegre. Antes, eles haviam se enfrentado em seis oportunidades, com três empates e três derrotas do Atlético.
É mais do que importante registrar que, por mais que uma equipe esteja em um melhor momento e com um time bastante superior tecnicamente, isso não significa muita coisa na hora do clássico. A história mostra que nunca haverá favoritismo quando dois arquirrivais se enfrentam em campo, quaisquer que sejam as circunstâncias. No passado, por várias vezes, times piores venceram e bem os considerados superiores e favoritos. Então tudo poderia acontecer neste clássico, até uma goleada. Não custa relembrar a sonora goleada celeste sobre o alvinegro na última rodada do Brasileirão em 04-12-2011, à época Atlético também treinado pelo Cuca, pelo elástico placar de 6 x 1, resultado que é a maior goleada do Cruzeiro sobre o Atlético na história do clássico mineiro. Nenhuma das duas torcidas jamais irá se esquecer deste sensacional duelo, mesmo que por razões diferentes, é claro.
Na partida em que o grande goleiro Fábio completou sua 65ª participação no clássico, tanto Atlético quanto o Cruzeiro entraram com força total, o primeiro tentando se distanciar na liderança do Campeonato Mineiro e o segundo lutando bravamente para conquistar uma vaga entre os semifinalistas. E não faltaram emoções no clássico que completa 100 anos, assim como o Cruzeiro. O roteiro foi o de sempre, rivalidade, marcação forte, divididas, muitas faltas, reclamações, lances duvidosos, boas jogadas e o melhor do futebol, gol. E o único gol da partida veio só no segundo tempo, com Aírton decretando a consagradora vitória cruzeirense. Quando todo mundo esperava até uma goleada do Atlético, o Cruzeiro, humildemente, mostrou sua força e determinação e venceu com méritos o clássico centenário das Minas Gerais.
RESUMO DA PARTIDA:
Atlético 0 x 1 Cruzeiro
Motivo: 9ª rodada do Campeonato Mineiro
Data: 12 de abril de 2021, domingo, 16 horas
Local: Estádio Mineirão
Arbitragem:
Árbitro: Paulo Cesar Zanovelli da Silva (MG)
Assistentes: Guilherme Dias Camilo e Celso Luiz da Silva (MG)
Quarto árbitro: Michel Patrick Costa Guimarães (MG)
Gols: Aírton (16 min. 2º tempo-Cruzeiro)
Cartões amarelos: Adriano, Jádson e Rafael Sóbis (Cruzeiro), Igor Rabello, Sasha e Hulk (Atlético)
Cartões vermelhos: Hulk (Atlético) e William Pottker (Cruzeiro)
ATLÉTICO: Éverson, Guga (Nathan), Igor Rabello, Júnior Alonso e Guilherme Arana; Allan (Hyoran), Tchê Tchê e Nacho Fernandez; Savarino (Hulk), Vargas (Sasha) e Keno (Marrony)
Técnico: Cuca
CRUZEIRO: Fábio, Cáceres, Ramon, Wéverton (Eduardo Brock) e Matheus Pereira; Adriano (Matheus Neris), Matheus Barbosa (Jádson) e Marcinho (Rômulo); Bruno José (William Pottker), Rafael Sóbis e Aírton
Técnico: Felipe Conceição
Assim é o futebol, ninguém vence na véspera. O Cruzeiro, mesmo em condição de inferioridade, jogou como o gigante que é e venceu de forma justa o arquirrival Atlético.
Após o clássico e ainda na fase de classificação, o Cruzeiro irá enfrentar o Pouso Alegre (fora) e a Patrocinense (casa). Já o Atlético jogará contra o Boa Esporte (casa) e contra o Athletic (fora).
Aos vencedores cruzeirenses, os parabéns e o direito sagrado de zoar os perdedores atleticanos, com todo entusiasmo, mas sempre com respeito e sensatez. Quem vence o clássico, comemora como um louco, com toda alegria e regozijo. Já quem perde, fica quieto no seu canto, aguentando humildemente a gozação dos amigos e adversários. Assim é o esporte. Assim deveria ser a vida, sempre com amizade, companheirismo e muito senso de humor.
Um grande abraço espinosense.