Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

sábado, 21 de novembro de 2020

2546 - Um espinosense ganha um Grammy Latino

Tenho convicção plena de que quase a totalidade dos habitantes de Espinosa jamais ouviram falar de um tal de Yuri Menezes Popoff ou ainda da banda que ele integra na cidade de Belo Horizonte, a Orquestra Fantasma. Entretanto, alguns mais interessados em Música Popular Brasileira talvez conheçam o trabalho qualificado e premiado do violonista, guitarrista, produtor musical, arranjador, cantor e compositor mineiro Antônio Maurício Horta de Melo, o Toninho Horta. Pois esses craques da música acabaram de ganhar o prêmio "Grammy Latino 2020" de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira com o disco duplo "Belo Horizonte". 



O Toninho é admirado mundialmente na seara da música, pelas suas nobres e sensíveis canções e pela sua virtuosidade na arte de tocar guitarra, sendo respeitado e convidado para apresentações em vários cantos do planeta. Ele nasceu aos 02 de dezembro de 1948 em Belo Horizonte, Minas Gerais. Toninho tocou com ícones como Tom Jobim, Caetano Veloso, Elis Regina, Gal Costa, Mílton Nascimento, Edu Lobo e Maria Bethânia. No exterior, gravou com músicos renomados do jazz mundial, como Sergio Mendes, Flora Purim, Astrud Gilberto, Naná Vasconcelos, Paquito de Rivera, Airto Moreira, Wayne Shorter, Herbie Hancock, George Benson e Pat Metheny.



Já o nosso conterrâneo Yuri nasceu em Espinosa aos 18 de julho de 1951. Nasceu e viveu apenas 10 dias na nossa cidade, pois a sua família se mudou para Belo Horizonte e, após um ano, transferiu-se para Montes Claros, onde ele passou sua infância e juventude. Seu pai Pawel Popoff nasceu na Ucrânia, em Kharkov e, por conta da guerra, veio para o Brasil, onde tempos depois, já um jovem adulto no trabalho, se encontrou um dia com uma menina em Espinosa, por quem se apaixonou e desse amor nasceu um garotinho. Yuri trabalhou em vários estabelecimentos comerciais quando adolescente em Montes Claros, mas não levava jeito para a coisa, até que foi demitido de uma loja de peças de automóveis em que trabalhava. Com o dinheiro pago pelo proprietário, ao passar diante de uma loja de instrumentos musicais, foi atraído por um violão todo vermelho que, sem resistir, acabou comprando, para desgosto da família que o queria um trabalhador capitalista comum, ao invés de um músico. Com o violão, aprendeu a tocar com a ajuda dos amigos montes-clarenses e descobriu enfim a sua paixão pela música, que dura eternamente. O violão vermelho foi parcialmente destruído certa vez pela sua mãe em sua cabeça, em um dia em que chegou em casa de madrugada, depois de umas serenatas com os amigos pelas ruas da cidade. A partir daí, ele descobriu novos instrumentos e se apaixonou pela música clássica, tornando-se um baixista de extrema qualidade.   



Na cerimônia virtual realizada nesta quinta-feira, dia 19 de novembro, de um dos mais importantes prêmios da música da América Latina, o "Grammy Latino", Toninho Horta e sua Orquestra Fantasma foram agraciados com o troféu de "Melhor Álbum de Música Popular Brasileira" pelo disco "Belo Horizonte". Na verdade, o projeto que leva o nome da capital mineira é composto de um disco duplo, um com a denominação "Belo", contendo canções já conhecidas do artista, e o outro com a denominação "Horizonte", contendo canções inéditas. O álbum duplo foi lançado em 2019 para festejar os 50 anos de carreira de Toninho Horta. Também concorriam ao prêmio nesta categoria de "Melhor Álbum de MPB": "O Amor No Caos - Volume 2" - Zeca Baleiro (Saravá Discos); "Bloco Na Rua" - Ney Matogrosso (Matogrosso/Som Livre); "Planeta Fome" - Elza Soares (Deck); "Caetano Veloso e Ivan Sacerdote" - Caetano Veloso e Ivan Sacerdote (Uns Produções/Universal Music International).
A Orquestra Fantasma acompanha Toninho Horta há cerca de 40 anos com a mesma formação: Lena Horta (flautas), André Dequech (teclados), Yuri Popoff (baixo) e Esdra "Neném" Ferreira (bateria).

No disco "Belo" estão as canções:
1. Durango Kid (part. Deuler Andrade) (Toninho Horta e Fernando Brant)
2. Saguin (Toninho Horta)
3. Beijo Partido (part. Lisa Ono) (Toninho Horta)
4. Bons Amigos (Toninho Horta e Ronaldo Bastos)
5. Aqui Ó! (part. João Bosco e Robertinho Silva) (Toninho Horta e Fernando Brant)
6. Meu Canário Vizinho Azul (part. Nivaldo Ornelas e Robertinho Silva) (Toninho Horta)
7. Pedra da Lua (part. Joyce Moreno) (Toninho Horta e Cacaso)
8. Céu de Brasília (Toninho Horta e Fernando Brant)
9. Belo Horizonte (part. Coral Mater Ecclesiae e Tadeu Franco) (Toninho Horta)




No disco "Horizonte" estão as canções:
1. O Poder de Um Olhar (Yuri Popoff)
2. Ilha Terceira (part. Robertinho Silva) (Toninho Horta)
3. Magical Trumpets (Toninho Horta)
4. Dieb (André Dequech)
5. Villekilde Friends (part. Rudi Berger) (Toninho Horta)
6. Samba Sagrado (part. Nivaldo Ornelas) (Yuri Popoff)
7. Paris (part. William Galison) (André Dequech)
8. Nanando (Toninho Horta)
9. Belo Horizonte (part. Tadeu Franco e Coral Mater Ecclesiae) (Toninho Horta)




Por mais que o Yuri não tenha vínculos familiares ou emocionais mais profundos com nossa cidade, não há como apagar a sua vinda ao mundo lá em Espinosa, mesmo com sua permanência curta de apenas 10 dias em nossa terra. Ele é sim um espinosense natural e deve nos orgulhar por tornar-se, pelo menos que eu saiba, o primeiro filho de Espinosa a ganhar um Grammy. Viva o Yuri Popoff, a Orquestra Fantasma, o Toninho Horta e a rica Música Popular Brasileira! 
Um grande abraço espinosense.