A nossa sublime e valiosa vida é um presente de Deus, repleta de instantes de intensa alegria como também de momentos de angustiosa tristeza. A única certeza é a de que partiremos um dia para local incerto e inimaginável, independentemente da beleza, da inteligência, do poder ou da riqueza material. Não há escapatória, portanto. Deste mundo terreno, ninguém sairá vivo, é a realidade nua, crua e irreversível. Então é preciso estarmos sempre preparados, com a consciência limpa e tranquila para encararmos o momento do julgamento das nossas ações cotidianas no dia do Juízo Final.
E é neste cenário de confirmação da nossa total vulnerabilidade e existência efêmera que recebi o comunicado do amigo-irmão João Carlos do falecimento, em São José do Rio Preto (SP), de Antônio Felisberto Fernandes.
Tuka, como era carinhosamente chamado, trabalhou na agência do Banco do Brasil em Espinosa no final dos anos 70 e início dos 80. Casado com Nislei, seus filhos ainda eram pequenos naquela época, o garoto Fernando Cléber e a menina Eliana. Apaixonado por futebol e torcedor do Santos, Tuka fez história no futsal de Espinosa integrando a ótima equipe do BB que rivalizava com o excelente time do Mescra na época áurea do esporte na cidade. Destacou-se como atacante na equipe que tinha Waltinho no gol, Tintin e João Carlos nas alas e o craque Camilo na armação de jogadas. Foi ele quem criou o time do Sukata para nos incorporar, logo que entramos no Banco no final de 1981. Logo depois ele foi transferido para o estado de São Paulo, mas já desligado da agência de Espinosa, ainda participou conosco de uma competição da Fenabb-Federação Nacional das AABBs em Montes Claros, quando nos tornamos Campeões Regionais.
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Antônio Felisberto Fernandes, o Tuka, o primeiro de pé a partir da direita em ambas as imagens |
Tuka foi como um pai para mim. Tornamo-nos amigos antes de eu ingressar no Banco do Brasil. Ele adorava o Cruzeirinho e sempre estava presente, com seu Fiat 147 ouvindo músicas do seu ídolo Rolando Boldrim, nos treinos semanais realizados à tardinha no antigo Campão, hoje local do Mercado Municipal. Foi ele quem me ligou para comunicar que eu havia passado no concurso do Banco. Ao ligar, disse a seguinte frase que jamais esquecerei: "Agora o time da AABB vai ficar forte!". E realmente ficou, com a inclusão de Tiãozinho, Vitamina, Mangabinha, Francelino, Tonhão, Quinha, Dino e eu. Foi ele quem me apelidou de Taquinho, registrando o nome na camisa que adquirimos para participação nos jogos da Fenabb em Montes Claros dos quais saímos com o título de Campeão, uma façanha para uma equipe de uma cidadezinha do interior.
Tenho total gratidão e amor a Tuka, que mostrava abertamente gostar bastante de mim. Foram várias as situações em que ele me abordava com brincadeiras e sutilmente dava-me os melhores conselhos sobre atitudes e decisões no trabalho ou na vida particular, que me foram imensamente úteis.
A distância e a falta de contato não diminuíram a nossa amizade e o carinho recíproco. Desde que deixou Espinosa em 1982 para trabalhar e residir no estado de São Paulo, nunca mais nos reencontramos. Foram 42 anos sem nos ver, mas com a amizade firme, forte e intacta. Agora, infelizmente, ele partiu para outra dimensão, aos 77 anos de idade. Ficarão para sempre no meu coração e na minha memória os maravilhosos momentos que vivenciamos juntos, quase todos de alegria e satisfação.
À sua esposa Nislei, aos filhos Fernando Cléber, Eliana, Júlio César e demais familiares, expresso aqui os meus mais sinceros sentimentos de pesar ao mesmo tempo em que rogo a Deus para que lhes console com a devida força, fé e resignação neste momento de tamanho sofrimento e consternação.
Que o meu querido amigo, colega e "pai" Tuka descanse na mais completa paz, findada a sua caminhada terrena com a missão cumprida! Até um dia, meu caro camarada!
Um grande abraço espinosense.